Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Comédia Brasileira

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 20.06.2023
1940 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
1945 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Criada no governo Getúlio Vargas, é a primeira companhia oficial de teatro do Brasil. Inicialmente pautada pelo espírito do Estado Novo que ajuda a propagar, termina por adotar os padrões mais antigos do teatro comercial. A única exceção em seu repertório é a montagem de estréia de A Mulher Sem Pecado, primeiro texto de Nelson Rodrigues.

Texto

Abrir módulo

Criada no governo Getúlio Vargas, é a primeira companhia oficial de teatro do Brasil. Inicialmente pautada pelo espírito do Estado Novo que ajuda a propagar, termina por adotar os padrões mais antigos do teatro comercial. A única exceção em seu repertório é a montagem de estréia de A Mulher Sem Pecado, primeiro texto de Nelson Rodrigues.

A política cultural que norteia o Serviço Nacional de Teatro - SNT, órgão responsável pela administração da recém-criada companhia oficial, reproduz o conservadorismo do governo de Getúlio Vargas. Constitui exceção a esta engrenagem, o ministro Gustavo Capanema, responsável pela cessão de verbas a vários espetáculos renovadores do período, entre eles Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. Capanema não consegue, porém, evitar que seja nomeado diretor do SNT o escritor Abadie Faria Rosa, ex-chefe de gabinete de vários ministros. Na gestão da Comédia Brasileira, usa o poder em benefício próprio e entre outras ações nessa linha, faz a companhia oficial montar dois textos de sua autoria.

Na primeira temporada, em 1940, dois dos três espetáculos realizados pela Comédia Brasileira são dramas históricos triunfalistas. Caxias, de Carlos Cavaco, é uma peça cívica sobre a vida do patrono do Exército Brasileiro, responsável por atrocidades nunca mencionadas pela história oficial e tampouco por essa peça, cujo autor, ao que parece, era ligado ao movimento integralista. O Caçador de Esmeraldas, de Viriato Corrêa, é uma exaltação à epopéia dos Bandeirantes. Ombro, Armas!, uma peça cívico-patriótica do diretor do SNT, também na linha do ideário do Estado Novo, é encenada em 1942.

A montagem de A Mulher Sem Pecado, no mesmo ano, segue a linha realista, o que torna deslocados, de saída, três personagens: a velha mãe paralítica, imobilizada e muda, os fantasmas de um mendigo e da falecida mulher do protagonista. O crítico Mário Nunes estranha suas roupas cotidianas e lamenta a ausência da palidez cadavérica e da roupa própria aos defuntos. A crítica reconhece mérito no esforço do autor em renovar o teatro e encoraja-o a uma nova tentativa, em que resista às incoerências e irrealidades, não procure dificultar o entendimento do público e evite nas falas das personagens as explicações redundantes e as argumentações demoradas.

Em 1943, o repertório tende para a mesma dramaturgia que povoa as salas desde os tempos do Teatro Trianon: comédias de costumes e dramas românticos, tais como: O Morro Começa Ali, de Jorge Maia; A Mulher e Os Espelhos, mais um texto de Abadie Faria Rosa; e Mulher, de Mário Nunes, ambos com direção de Otávio Rangel. Em 1945, é a vez de Um Aventureiro Diante da Porta, de Milan Begovic, com direção de Teixeira Pinto.

Na avaliação da trajetória da Comédia Brasileira, os pesquisadores Yan Michalski e Rosyane Trotta chamam a atenção para a parcialidade da crítica da época, o que não permite que seus comentários sirvam para dimensionar com precisão o valor estético das montagens:

"Na sua quase totalidade, as críticas soam tão triunfalistas quanto o espírito dentro do qual ficou inicialmente empostada a atuação da companhia; e, em todo caso, elas revelam um cuidado no mínimo suspeito de não ferir as vaidades dos responsáveis pelo SNT, e uma espantosa incapacidade de avaliar criticamente os espetáculos da Comédia Brasileira: embora hoje seja fácil perceber a desimportância artística dos seus espetáculos e a sua pouca repercussão junto à opinião pública, praticamente todos eles foram saudados pelos críticos de seu tempo com elogios tonitruantes".1

Nos cinco anos de sua existência, a companhia oficial não consegue realizar um único espetáculo marcante, não define em nenhum momento uma linha de atuação cultural e não conquista faixa significativa de público.

Notas

1. MICHALSKI, Yan; TROTTA, Rosyane. Teatro e estado: as companhias oficiais de teatro do Brasil: história e polêmica. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, 1992. p. 52-53.

Espetáculos 23

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 3

Abrir módulo
  • MICHALSKI, Yan; TROTTA, Rosyane. Teatro e estado: as companhias oficiais de teatro no Brasil: história e polêmica. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, 1992. 235 p. (Teatro, 21).
  • NUNES, Mário. 'Ginástico - O Caçador de Esmeraldas': peça em 3 atos e 7 quadros de Viriato Corrêa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 16 out. 1940.
  • NUNES, Mário. 'Mulher sem pecado', peça em três atos de Nelson Rodrigues. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 dez. 1942.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: