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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Kiko Farkas

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.11.2020
15.11.1957 Brasil / São Paulo / São Paulo
Ricardo Farkas (São Paulo, São Paulo, 1957). Designer gráfico e ilustrador. É filho de Thomas Farkas (1924-2011), pioneiro da fotografia moderna no Brasil. Em 1976, ingressa na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Tem formação artística com Luiz Paulo Baravelli (1942), Frederico Nasser (1945) e Carlos Faja...

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Ricardo Farkas (São Paulo, São Paulo, 1957). Designer gráfico e ilustrador. É filho de Thomas Farkas (1924-2011), pioneiro da fotografia moderna no Brasil. Em 1976, ingressa na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Tem formação artística com Luiz Paulo Baravelli (1942), Frederico Nasser (1945) e Carlos Fajardo (1941). Em 1977, frequenta o ateliê de gravura em metal de Sérgio Fingermann (1953) e estuda aquarela e xilogravura com Renina Katz (1925). Em 1979, frequenta o curso de desenho da Arts Students League, em Nova York, Estados Unidos. A partir de 1980, trabalha na imprensa escrita como diretor de arte e desenvolvendo projetos gráficos como free-lancer. Em 1982, conclui o curso de arquitetura. Em 1984, cria a identidade visual da Fotoptica. Três anos depois, inaugura o escritório Máquina Estúdio, dedicado ao design editorial, e desenvolve trabalhos para diversos clientes, como o Festival Videobrasil, o Instituto Moreira Salles (IMS), Editora DBA, Fotoptica e Companhia das Letras.

Entre 2003 e 2007, produz uma série de cartazes para divulgação de concertos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), na Sala São Paulo. Em 2004, realiza a primeira exposição individual, Imagens da Música: 50 Cartazes criados para a Osesp, no Instituto Tomie Ohtake. 

Em 2005, vence o concurso para criação da marca Brasil, programa de identidade visual corporativa para o setor de turismo. Em 2006, a convite do Ministério da Cultura (MinC), atua como cocurador do pavilhão brasileiro na feira Designmai, no programa Copa da Cultura, em Berlim. A Máquina Estúdio colabora frequentemente com a Companhia das Letras, para a qual, em 2007, cria novo projeto gráfico da reedição das obras de Jorge Amado (1912-2001).

Kiko Farkas é um dos fundadores da Associação dos Designers Gráficos do Brasil (ADG) e, desde 2006, membro da Alliance Graphique Internationale (AGI). Em 2007, em parceria com Elisa Cardoso, recebe o Prêmio Jabuti de 2007, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, pela capa do livro Ferdydurke, do escritor polonês Wiltod Gombrowicz (1904-1969). Em 2008, conquista o Prêmio Aloísio Magalhães, oferecido pela Biblioteca Nacional, pelo projeto gráfico do livro Antigos e Soltos, de Ana Cristina Cesar (1952-1983), publicado pelo Instituto Moreira Salles (IMS). Em 2009, lança o livro Cartazes Musicais, pela editora Cosac & Naify.

Análise

A formação artística de Kiko Farkas diferencia-se da de outros designers de sua geração. Como observa o companheiro de profissão, Ricardo Ohtake (1942), Farkas é um designer que desenha. Entre suas influências, estão o desenhista belga Hergé (1907-1983) e o estadunidense Saul Steinberg (1914-1999), os artistas gráficos estadunidenses Paul Rand (1914-1996) e Milton Glaser (1929), o francês A.M. Cassandre (1901-1968) e os poloneses Roman Cieslewicz (1930-1996) e Henryk Tomaszewski (1914-2005), além do japonês Shigeo Fukuda (1932-2009).

Nos primeiros trabalhos como autônomo, a exemplo do cartaz para o documentário Hermeto Campeão, de 1981, é notável a presença do traço à mão livre. Assim como Steinberg, Kiko Farkas opta pelo desenho de linha, limpo, exato e expressivo.

Farkas adota visão funcionalista do design: crê na atuação do profissional como técnico que resolve problemas. Dessa concepção deriva o nome Máquina dado a seu estúdio. Seus projetos possuem o rigor e a precisão necessários para a reprodução industrial bem-sucedida e para comunicar-se de modo eficiente com o público.

A manipulação sofisticada da imagem fotográfica é outra característica do designer. Nota-se a preferência pela fotografia em preto e branco e pelo uso de duotone 1. Este recurso é empregado nos catálogos criados para o Instituto Moreira Salles, nos projetos editoriais da DBA e capas de livros, como as da coleção de Jorge Amado, para Companhia das Letras.

O cartaz é uma peça gráfica recorrente na trajetória designer. Ele participa de diversas exposições internacionais de pôsteres desde os anos 1990. No conjunto da obra, destaca-se a série de quase 300 cartazes criados para a Osesp, entre 2003 e 2007. Com a tarefa de transmitir a música por meio da imagem, Kiko Farkas emprega múltiplos conceitos e procedimentos comuns às construções musical e visual – ritmo, harmonia, contraste, precisão, complexidade, vibração, contraponto. 

Entre os recursos de linguagem visual, destacam-se: elementos geométricos formando padrões, texturas sobrepostas de elementos da natureza, pinceladas ou desenhos gestuais, fotografias recortadas ou com tratamento de cor e tipografias combinadas em arranjos acidentais. Ainda que divididos em subgrupos temáticos, o designer revisita e apropria-se de estilos da história do design gráfico, conferindo identidade ao conjunto dos cartazes que produz. A precisão tipográfica contribui para garantir a unidade do conjunto.

O estudioso João de Souza Leite afirma que a estética moderna está presente nos cartazes musicais de Kiko Farkas, e é nítida a referência aos mestres da escola Suíça, dos anos de 1950 e 1960 – como Emil Ruder (1914-1970), Josef Müller-Brockmann (1914-1996), Armin Hofmann (1920) e Karl Gerstner (1930-2017) –, com suas lições de estrutura e sistematização. 

 

 

Notas

1. O duotone é recurso de reprodução de meios tons de uma imagem. Essa técnica utiliza a sobreposição de uma cor contrastante em relação à outra.

Exposições 7

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Fontes de pesquisa 9

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