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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Luiz Paulo Baravelli

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.01.2024
03.10.1942 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

O Homem Que Calculava, 1983
Luiz Paulo Baravelli
Acrílica sobre tela
131,00 cm x 230,00 cm

Luiz Paulo Baravelli (São Paulo, São Paulo, 1942). Pintor, desenhista, escultor, gravador, professor, cronista. É conhecido pela inventividade e flexibilidade de suas obras, que perfazem um conjunto de trabalhos singulares que dialogam entre si ao longo do tempo.

Texto

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Luiz Paulo Baravelli (São Paulo, São Paulo, 1942). Pintor, desenhista, escultor, gravador, professor, cronista. É conhecido pela inventividade e flexibilidade de suas obras, que perfazem um conjunto de trabalhos singulares que dialogam entre si ao longo do tempo.

Entre 1960 e 1962, estuda desenho e pintura na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo. Em 1964, inicia o curso de arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Nessa época, estuda com Wesley Duke Lee (1931-2010), pioneiro na introdução da estética pop na arte brasileira e cuja obra se torna referência importante na produção de Baravelli, especialmente a prática de pintar a partir de modelos vivos. 

Essa influência pode ser observada sobretudo nos trabalhos produzidos entre 1960 e 1967. Articulando iconografia pop e procedimentos tradicionais da pintura, Bavarelli junta ícones gráficos, desenhos e figuras geometrizadas com pinceladas marcadas. Segundo a historiadora Cláudia Valladão de Mattos, "nos quadros que Baravelli pintou na época, é recorrente a presença de soluções composicionais próximas às de Wesley, como o uso de cortes geométricos e [...] a tendência à compilação e à exploração de inúmeros materiais e meios"1.

No fim da década de 1960, afasta-se paulatinamente da pintura e passa a trabalhar com objetos montados a partir de projetos, revelando a presença do método arquitetônico de construção. Interessa-se cada vez mais pelo uso de materiais não convencionais, especialmente os industrializados, como fórmica, acrílico, compensado e ferro, os quais recorta para criar formas regulares e dispô-las de maneira impessoal. Exemplos da produção dessa época são as obras Em Minas (1968) e Estudo para a construção de São Paulo (1969-1970), peça que faz parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP. 

Em 1970, expõe com seus colegas Carlos Fajardo (1941), José Resende (1945) e Frederico Nasser (1945) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) . Juntos fundam, no mesmo ano, a Escola Brasil, onde ministram cursos livres de arte e formam alguns dos nomes da conhecida Geração 80. Segundo o crítico de arte Olívio Tavares Araújo, nessa época, o artista "se recolhe para um exercício cotidiano e intenso de desenho de observação"2. Em 1974, faz a primeira exposição individual, na qual apresenta desenhos de observação e pinturas, figurativos e avessos à ideia de vanguarda. É de 1979 uma de suas obras mais importantes: No Museu (n. 4), óleo sobre tela que faz parte do acervo do MAM de São Paulo.

Na década de 1980, realiza telas com formato irregular, as quais chama de "recortes", tipo de trabalho que se torna constante em sua produção. A série Caras é uma dessas obras mais célebres. Exposta pela primeira vez na Bienal de Veneza de 1984, é composta do que se chama de pinturas-objeto, formas recortadas e autônomas, similares a esculturas, mas com “frente e verso”, sendo expostas na parede, como quadros. Apresenta cabeças sem corpo (por isso autônomas), de grandes dimensões e com uma lógica própria. As “caras” são formadas de recortes, pedaços de rostos montados de forma desproporcional e assimétrica.

Essa série remonta a dois aspectos importantes da obra de Baravelli: a pintura como objeto e o retorno a antigos projetos. O primeiro aspecto demonstra a experimentação constante na forma de produzir suas obras. O artista não se restringe à representação da imagem bidimensional: explora o espaço, fazendo de seus trabalhos imagens-objeto, que trazem com eles algo da escultura. O segundo aspecto diz respeito à prática do artista de retornar aos seus cadernos, projetos e trabalhos já realizados para novas criações. Um exemplo disso são algumas obras de título Paisagem brasileira, projetadas entre 1970 e 1972, mas executadas apenas em 2016 e 2017. Várias produções de Baravelli se encaixam nessa cronologia circular. 

Essas duas características revelam a flexibilidade plástica do artista, na medida em que seu trabalho não se divide em fases bem demarcadas, em linha evolutiva, mas se constituem por um retorno constante a algo já realizado ou pensado pelo pintor. Essa flexibilidade se reflete também no trânsito que Baravelli tem em outras áreas. Além de atuar como coeditor da revista Malasartes, entre 1975 e 1976, e da revista Arte em São Paulo, no período de 1981 a 1983, escreve crônicas para o jornal Folha de S.Paulo entre 1985 e 1986. 

O pintor mantém produção constante e profícua, participando de diversas mostras. Entre elas, destacam-se as realizadas em 1985 no Hara Museum of Contemporary Art, em Tóquio (Japão), e Baravelli: 50 Anos, realizada no MAC/USP (1992), ambas exposições individuais. Em 2020, participa da coletiva Arte no Brasil: uma história na Pinacoteca de São Paulo. Vanguarda brasileira dos anos 1960 – Coleção Roger Wright.

Com sua forma particular de pintar, o artista integra a geração de dos anos 1960 que vivencia o desenvolvimento de novos materiais e da cultura de massas, elementos que constituem matéria-prima para produzir uma arte nova e contexto para repensar a materialidade da pintura. Essas são as duas características marcantes da obra de Luiz Paulo Baravelli e que fazem dele um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros.

Notas

1. MATTOS, Cláudia Valladão de. Entre quadros e esculturas: Wesley e os fundadores da escola Brasil. São Paulo: Discurso Editorial, 1997, p. 39.

2. ARAÚJO, Olívio Tavares. Partes de um ensaio (d'Aprés Baravelli). In: BARAVELLI, Luiz Paulo. Parte do todo / Partes de agora: (pintura, 1983-1987) / (série das Ovais, 1987). São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1987. p. 8.

Obras 20

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Reprodução fotográfica autoria desconhecida

A Herdeira

Óleo sobre tela
Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini

A Ilha

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini/Itaú Cultural

Anjo

Objeto em técnica mista

Exposições 225

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Mídias (1)

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Fontes de pesquisa 22

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989. R703.0981 P818d
  • ACERVO em foco: Luiz Paulo Baravelli. eonline, São Paulo, 1 jun. 2020. Disponível em: https://www.sescsp.org.br/online/artigo/compartilhar/14264_ACERVO+EM+FOCO+LUIZ+PAULO+BARAVELLI. Acesso em: 30 out. 2021.
  • ALBUQUERQUE, Marilia Saboya de. Sobre a série Branca. Galeria Nara Roesler, 1996. In: Disponível em: http://www.nararoesler.com.br/artistas_txtg_p.asp?idartista=31&onumero=3. Acesso em: 29 ago. 2005.
  • ARAÚJO, Olívio Tavares de. Luiz Paulo Baravelli. Galeria: revista de arte, São Paulo: Area Editorial, n. 7, p. 24-28, 1987.
  • ARAÚJO, Olívio Tavares. Partes de um ensaio (d'Aprés Baravelli). In: BARAVELLI, Luiz Paulo. Parte do todo / Partes de agora: (pintura, 1983-1987) / (série das Ovais, 1987). Curadoria Marília Saboya de Albuquerque; texto Olívio Tavares de Araújo, Manuela Carneiro da Cunha. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1987. 120 p., il. p&b. color.
  • ARAÚJO, Olívio Tavares. Partes de um ensaio (d'Aprés Baravelli). In: BARAVELLI, Luiz Paulo. Parte do todo / Partes de agora: (pintura, 1983-1987) / (série das Ovais, 1987). São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1987. B227p 1987
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 709.81 A163ar
  • BARAVELLI e Renato Rios. Bolsa de Arte (portal), 6 jun. 2019. Disponível em: https://www.bolsadearte.com/oparalelo/baravelli-e-renato-rios. Acesso em: 30 out. 2021.
  • BARAVELLI, Luiz Paulo. Hermas, planetas. São Paulo: Galeria São Paulo, 1989. [24] p., il. p&b color.
  • BARAVELLI, Luiz Paulo. Luiz Paulo Baravelli: cinquenta anos. Curadoria e texto Gabriela Suzana Wilder. São Paulo: MAC/USP, 1992. [12 p.], il. p.b.
  • BARAVELLI, Luiz Paulo. Luiz Paulo Baravelli: lendas do princípio. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1991. il. color.
  • BARAVELLI, Luiz Paulo. Panoramas. São Paulo: Galeria Nara Roesler, 2000. [40] p., il. color.
  • BARAVELLI, Luiz Paulo. Recortes recentes. Texto Marco Antonio Lopes Tabet. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1985. [20] p., il. p&b., color.
  • BARAVELLI, Luiz Paulo. Série dos casais. Entrevista Miguel Chaia. São Paulo: Galeria Nara Roesler, 2004. [16] p., il. color.
  • DUARTE, Paulo Sérgio. Anos 60: transformações da arte no Brasil. Rio de Janeiro: Lech, 1998.
  • KLINTOWITZ, Jacob. Versus: dez anos de crítica de arte. São Paulo: Galeria de Arte André, 1978.
  • LUIZ Paulo Baravelli. Galeria Marcelo Guarnieri (portal), 2020. Disponível em: https://galeriamarceloguarnieri.com.br/luiz-paulo-baravelli-rp-2020/. Acesso em: 30 out. 2021.
  • MATTOS, Cláudia Valladão de. Entre quadros e esculturas: Wesley e os fundadores da escola Brasil. organização Yanet Aguilera; tradução Douglas V. Smith, Silvio Rosa Filho; ilustração Fábio Miguez, Marcia Pastore; fotografia Eduardo Giannini Ortega. São Paulo, SP: Discurso Editorial, 1997.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • VLAVIANOS, Gabriel (coord.). Objetos: projetados nos anos 60 executados pelo artista nos anos 90. São Paulo: Múltipla de Arte, 2000.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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