Luís de Lima
Texto
Biografia
Luís José Lima da Silva (Lisboa, Portugal 1925 - Rio de Janeiro RJ 2002). Ator e diretor. Sua especialização em mímica confere a seu trabalho de ator uma elaborada linguagem gestual, que se projeta principalmente em textos de Eugène Ionesco, autor francês ligado ao teatro do absurdo, do qual é introdutor no Brasil.
Depois de fazer sua formação técnica no Conservatório Nacional de Teatro de Lisboa, vai para Paris, onde estuda no Conservatório Nacional de Arte Dramática e na Escola de Mímica Etienne Decroux, trabalhando também em sua companhia, além de cursar a disciplina de estética na Faculdade de Letras da Sorbonne. Trabalha como mímico com Marcel Marceau e se apresenta em turnê na Europa e nos Estados Unidos.
Ao chegar ao Brasil, em 1953, mostra seu trabalho em O Escriturário, solo de mimodrama escrito, dirigido e interpretado por ele, recebendo o Prêmio Governador do Estado pela direção. Em 1954, recebe o Prêmio Saci pela direção de A Descoberta do Mundo, de Morvan Loebesque. Em 1956 funda a Companhia Mímica Profissional no Teatro Maison de France, no Rio de Janeiro. Permanece no universo da mímica de pequenos quadros até 1957, quando encena Espetáculo Ionesco, reunindo A Lição e A Cantora Careca, dois textos curtos do dramaturgo, que Luís de Lima traduz, adapta, interpreta e dirige. Seu desempenho na personagem do Professor da primeira peça lhe vale a medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, ABCT. Em 1960, retoma a obra de Ionesco, abordada sob o ângulo da mímica, com a montagem de As Cadeiras e A Lição.
No início da década de 60, vai para Lisboa, onde testa sua técnica com a dramaturgia de Samuel Beckett em Ato Sem Palavras e A Última Gravação, 1961. De volta ao Brasil, apresenta durante dois anos, no Teatro Maria Della Costa (TMDC), Armadilha Para Um Homem Só, de Robert Thomas. Em 1963, estreia Oito Mulheres, de Robert Thomas, dirigindo um elenco de atrizes de primeira linha: Dulcina de Moraes, Maria Fernanda, Margarida Rey, Iracema de Alencar, Jurema Magalhães, Alzira Cunha, Suely Franco e Sônia Morais. Em 1965, elabora, com Domingos Mascarenhas, um roteiro composto de fragmentos de Gil Vicente; Martins Pena; Antônio José da Silva, o Judeu; Ariano Suassuna; e Bertolt Brecht, intitulado Mestre Gil Quinhentão. Em 1968, recebe o Prêmio Ibeu pela produção, tradução e direção de O Preço, de Arthur Miller.
Em 1971, atua em Casa de Bonecas, de Henrik Ibsen, com direção de Cecil Thiré. Em 1974, está em A Gaivota, de Anton Tchekhov, na magnífica encenação de Jorge Lavelli, produzida pela Companhia Tereza Raquel. No mesmo ano, adapta o texto do Grupo Opinião, Liberdade, Liberdade, para viajar à Lisboa. Em 1976, trabalha como ator na versão de Millôr Fernandes para o original de Carlo Goldoni, Arlequim, Servidor de Dois Amos, que é rebatizada para Vivaldino, Criado de Dois Patrões. Em 1978, atua em Os Veranistas, de Máximo Gorki, com direção de Sergio Britto, no Teatro dos Quatro, e no ano seguinte, sob a direção de Adolfo Celi, trabalha em Teu Nome É Mulher, de Marcel Mithois. Em Lisboa, assina a direção de Os Filhos do Sol, de Máximo Gorki, 1979.
Em 1980, Luís de Lima volta a dirigir, desta vez um texto do polonês Slawomir Mrozek, Os Polícias. Depois de atuar, entre outras montagens, em Senhorita de Tacna, de Mario Vargas Llosa, mais uma encenação de Sergio Britto, em 1981, e O Suicídio, de Nikolai Erdman, dirigido por Paulo Mamede, 1982, Luís de Lima volta à mímica e ao dramaturgo Eugène Ionesco com A Lição e A Cantora Careca, 1982, e recebe o Golfinho de Ouro de Personalidade do Teatro. Em Quebec, no Canadá, dirige A Aurora de Minha Vida, traduzindo para o francês o texto de Naum Alves de Souza. Em 1989, encena Machado em Cena - Um Sarau Carioca, coletânea de textos do escritor.
No final da década de 90, atua em Um Equilíbrio Delicado, de Edward Albee, com direção de Eduardo Wotzik, dividindo o palco com Walmor Chagas e Tônia Carrero, em 1999.
Luís de Lima também tem atuação representativa no movimento político da classe teatral, dirigindo o Sindicato dos Artistas e Técnicos, Sated, entre 1980 e 1985.
Segundo o crítico Yan Michalski: "Luís de Lima, em cada uma das suas múltiplas atividades, é um autêntico profissional no mais honroso sentido da palavra. Como diretor, como ator, como mímico, como tradutor, como professor de teatro. Além disso, como dirigente sindical, ele foi construindo um instrumental especializado que aplica, de acordo com as necessidades de cada área de atuação, sem nenhuma concessão à facilidade ou à acomodação. Trata-se de um profissional que não brinca em serviço".1
Notas
1. MICHALSKI, Yan: Depoimento sobre Luís de Lima. In: LIMA, Luís de. Ciclo de Debates sobre o Teatro Brasileiro. Rio de Janeiro, INACEN, s.d.
Espetáculos 94
Fontes de pesquisa 5
- ALBUQUERQUE, Johana. Luís de Lima (ficha curricular). In: _________. ENCICLOPÉDIA do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material elaborado em projeto de pesquisa para a Fundação VITAE. São Paulo, 2000.
- ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Rosyane Trotta]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
- LIMA, Luís. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê Personalidades Artes Cênicas.
- MICHALSKI, Yan: Depoimento sobre Luís de Lima. In: Luís de Lima: Ciclo de Debates sobre o Teatro Brasileiro. Rio de Janeiro, INACEN, s.d.
- Programa do Espetáculo - Diário de Um Louco - 1964. Não Catalogado
Como citar
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LUÍS de Lima.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa349483/luis-de-lima. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7