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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Lúcio Cardoso

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 18.04.2024
14.08.1912 Brasil / Minas Gerais / Curvelo
09.1968 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Coleção Brasiliana Itaú / Reprodução Fotográfica Horst Merkel

Crônica da Casa Assassinada, 1959
Lúcio Cardoso

Joaquim Lúcio Cardoso Filho (Curvelo, Minas Gerais, 1912 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1968). Romancista, poeta, dramaturgo, tradutor, artista plástico. Destaca-se como um importante escritor de ficção introspectiva da literatura brasileira.

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Joaquim Lúcio Cardoso Filho (Curvelo, Minas Gerais, 1912 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1968). Romancista, poeta, dramaturgo, tradutor, artista plástico. Destaca-se como um importante escritor de ficção introspectiva da literatura brasileira.

Aos dois anos de idade, muda-se para Belo Horizonte e, em 1929, transfere-se definitivamente para o Rio de Janeiro. Ainda na adolescência, escreve peças teatrais que circulam entre os amigos. Um desses textos, O reduto dos deuses, é elogiado pelo escritor Aníbal Machado (1894-1964), que o incentiva a seguir a carreira literária. Faz parte da fundação de duas revistas, A Bruxa e Sua Revista, enquanto acumula poemas, peças e contos na gaveta.

Publica, em 1934, com o auxílio do poeta Augusto Frederico Schmidt (1906-1965), seu primeiro romance, Maleita, sobre a fundação de uma cidade no interior de Minas Gerais. Em 1935, publica Salgueiro, retratando a vida nos morros cariocas. De modo geral, sua produção da década de 1930 pode ser classificada dentro do contexto da ficção regionalista. Seus dois primeiros livros, Maleita e Salgueiro, compartilham, com os romances de Graciliano Ramos (1892-1953), Érico Veríssimo (1905-1975), Jorge Amado (1912-2001) e José Lins do Rego (1901-1957), uma nova atitude em relação à vida nacional, que modifica os rumos da primeira geração do modernismo brasileiro da década de 1920 e, segundo o crítico literário Alfredo Bosi (1936-2021), consiste em uma “atitude interessada diante da vida contemporânea”.

É somente com Luz no subsolo (1936) que encontra seu caminho, voltado para uma ficção introspectiva. Na obra, as questões regionalistas saem de foco e são substituídas pela sondagem psicológica e moral do indivíduo. Dessa forma, filia-se a outra importante vertente, a do romance introspectivo brasileiro que, ao lado do regional, participa, nas décadas de 1930 e 1940, de um momento decisivo para o desenvolvimento da literatura moderna brasileira. É nesse romance que se firmam as principais características da obra de Lúcio Cardoso: clima soturno, atmosferas de pesadelo, indagações metafísicas, exploração psíquica e moral. A loucura e o desejo são investigados por um casal que, após a chegada de uma nova empregada, percebe-se envolvido por um ambiente que se torna progressivamente mais abafado e escuro, chegando ao ápice em um desfecho trágico, em que questões existenciais vêm à tona quando a morte já se faz presente.

Em 1939, faz sua única incursão pela literatura infantil com Histórias da Lagoa Grande e, dois anos depois, publica Poesias, compilação de trabalhos escritos na década anterior. Nos anos 1940, trabalha incessantemente, escrevendo peças de teatro, fazendo traduções e colaborando com crônicas policiais nos jornais. Seu romance Dias perdidos (1943) e as novelas publicadas entre as décadas de 1930 e 1950 intensificam a exploração psicológica e os ambientes soturnos de seu livro anterior e funcionam, também, como uma espécie de preparação à sua grande obra. Crônica da casa assassinada, romance publicado em 1959, diferencia-se dos anteriores principalmente pela sofisticada construção narrativa. Pontos de vista são criados por meio de depoimentos, cartas e diários com o objetivo de investigar Nina, personagem falecida que dava vitalidade à casa que centraliza os acontecimentos do livro. A deterioração do imóvel – com janelas emperradas, rachaduras nas paredes e um jardim abandonado – espelha a morte lenta e progressiva dos personagens que a habitavam. Os relatos dos familiares tecem um romance multifacetado, gerando um entrecruzar de narrativas inusitadas, permeadas de atmosfera mórbida.

A obra poética de Lúcio Cardoso prolonga e dá formulações particulares a questões e atmosferas que aparecem em sua prosa. Além de Poesias, ele publica em vida Novas poesias (1944). Uma coletânea póstuma (1973) é organizada pelo crítico Otávio de Faria (1908-1980), reunindo aproximadamente 500 páginas de poemas inéditos. Muitos deles recebem apenas recentemente uma atenção maior da crítica e possuem ecos da poesia romântica. As vozes dessas líricas se colocam em situações abafadas, comprimidas, aprisionadas por uma realidade escura e se assemelham aos climas geralmente mórbidos que o autor constrói em diversos momentos da sua prosa.

O autor tem um importante trabalho ligado ao nascente cinema nacional. No fim da década de 1940, escreve o roteiro do longa-metragem Almas adversas (1949), estrelado por Bibi Ferreira (1922-2019). Ainda nessa época, escreve, dirige e produz o longa inacabado A mulher de longe (1949) e, em 1950, é responsável pelo texto do filme Despertar de um horizonte. Depois de mais de dez anos afastado, volta, no começo da década de 1960, a colaborar em um importante momento da cinematografia nacional, produzindo o argumento do filme Porto das caixas (1962). 

Em 1962, sofre um acidente vascular cerebral (AVC) que paralisa o lado direito de seu corpo, passando, então, a se dedicar à pintura. Expõe suas telas em diversas exposições no país e no exterior.

Versátil e multifacetado, dono de um estilo de escrita singular, Lúcio Cardoso se revela como um nome importante da cultura nacional e deixa a sua marca especialmente na literatura brasileira.

Obras 20

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Espetáculos 3

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Exposições 1

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Fontes de pesquisa 1

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