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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Antônio Madureira

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 24.06.2024
24.11.1949 Brasil / Rio Grande do Norte / Macau
Foto de Marcus Leoni/Itaú Cultural

Antônio Madureira, 2023

Antônio José Madureira (Macau, Rio Grande do Norte, 1949). Violonista, compositor, maestro, desenhista. Antônio Madureira é um dos personagens centrais do Movimento Armorial na música. Lidera o Quinteto Armorial na década de 1970 e é um dos principais compositores do conjunto, além de ser responsável por adaptar peças do folclore nordestino ao r...

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Antônio José Madureira (Macau, Rio Grande do Norte, 1949). Violonista, compositor, maestro, desenhista. Antônio Madureira é um dos personagens centrais do Movimento Armorial na música. Lidera o Quinteto Armorial na década de 1970 e é um dos principais compositores do conjunto, além de ser responsável por adaptar peças do folclore nordestino ao repertório do grupo. Sua obra preza pela combinação de elementos tradicionais brasileiros com a música erudita europeia. 
 
Neto do compositor Tonheca Dantas (1871–1940), começa a estudar violão estimulado pelo pai, que compra um instrumento para ele. Estuda com vários professores, entre eles Fidja Siqueira. Aos 17 anos, muda-se para Recife, Pernambuco, onde estuda violão por três anos na Escola de Belas Artes com o espanhol radicado no Brasil José Carrion (1924-1987). Nesse período, desenvolve conhecimento sobre teoria musical. Depois do fim do curso, estuda por mais dois anos com o mesmo professor, com aulas particulares. Paralelamente, estuda composição de forma autodidata e sob orientação do padre Jaime Diniz (1924-1989).
 
Inspirado na obra Ensaio Sobre a Música Brasileira (1928), de Mário de Andrade (1893-1945), se aprofunda no estudo da música tradicional do Nordeste e nas manifestações de cultura popular. Quando conhece Ariano Suassuna (1927-2014), em 1969, os dois articulam a criação do Quinteto Armorial com a proposta de criar uma estética erudita a partir dos elementos do folclore brasileiro e da influência ibérica. Suassuna burila a ideia desde os anos 1940, imbuído da convicção de que é necessária a afirmação de uma cultura essencialmente nacional. O Movimento Armorial se manifesta em diversas formas de arte (pintura, teatro, poesia, gravura, desenho, cinema, arquitetura, escultura) e tem no Quinteto Armorial o principal representante na música. 
 
Além de Madureira, integram a formação: Edilson Eulálio (1948) no violão, Fernando Torres Barbosa (1945) no marimbau, Egildo Vieira (1947) no pífano e na flauta e Antônio Nóbrega (1952) na rabeca. A proposta tinha como principais pilares criar música instrumental com inspiração nos ritmos populares do sertão nordestino e sob influência da estética renascentista, que também mesclava o erudito com o popular. O primeiro álbum do grupo, Do Romance ao Galope Nordestino, é lançado em 1974. A capa traz uma gravura de Gilvan Samico (1928-2013) e o texto de contracapa é assinado por Ariano Suassuna, enfatizando, assim, o compromisso do grupo com a proposta do Movimento Armorial.
 
Nessa obra, Madureira toca viola sertaneja. Ele é compositor de cinco das doze faixas do disco, além de ser o responsável pela adaptação de dois temas de domínio popular: Romance da Bela Infanta (romance ibérico do século XVI, propagado por violeiros e poetas populares nordestinos) e “Excelência” (canto fúnebre nordestino).
 
“Toré”, também de sua autoria, se inspira na dança indígena de mesmo nome. No Nordeste, a tradição é perpetuada por intermédio da manifestação popular denominada caboclinho, que é executada durante o carnaval pernambucano. Madureira cria uma melodia dinâmica inspirada na dança, executada ora pela rabeca, ora pela flauta, ora pela viola. A percussão por intermédio do instrumento acentua o ritmo, parecido com o do galope de um cavalo. Nota-se que os instrumentos de corda (rabeca, violão e viola), em determinados pontos do arranjo, assumem uma sonoridade percussiva e reproduzem a batida do chamado “toque de guerra”, comum nos cortejos de caboclinho.
 
O repertório traz também composições de dois autores que exercem forte influência sobre o trabalho do grupo: “Mourão”, do compositor erudito César Guerra-Peixe (1914-1993), e “Toada e Desafio”, de Capiba (1904-1997), reconhecido como um dos principais compositores de frevo.
 
Com o álbum Do Romance ao Galope Nordestino o grupo é premiado, em 1970, pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), como “melhor conjunto instrumental do ano”. O Quinteto Armorial lança outros três álbuns: Aralume (1976), Quinteto Armorial (1978) e Sete Flechas (1980). Em 1980, o conjunto encerra as atividades.
 
Nos anos 1980, o compositor lança dois álbuns em carreira solo: Violão (1982) e Composições Para Violão de Antônio José Madureira (1986). Em ambos os trabalhos, o músico apresenta peças que aprofundam o estudo de ritmos nordestinos para sintetizar gêneros como maracatu, frevo e baião, que tradicionalmente são tocados por outros instrumentos, à estética do violão.
 
Em 1996, Madureira forma o Quarteto Romançal, grupo com o qual lança dois álbuns: Ancestral (1998) e No Reino das Aves dos Três Punhais (2000). A proposta é similar ao do Quinteto Armorial, com uma abordagem instrumental e com elementos da música erudita sobre os ritmos nordestinos. O repertório mescla polcas, valsas, repentes e cantigas e destacam as contribuições indígena e africana para a cultura popular brasileira.

O intelectual e multiartista Ariano Suassuna, idealizador do Movimento Armorial, diz que a música de Madureira tem a mesma importância que a gravura de Gilvan Samico (1928-2013), o romance de Guimarães Rosa (1908–1967) e a poesia de João Cabral de Melo Neto (1920-1999).

Além de ser um dos arquitetos da estética armorial na música, com composições que evocam o folclore nordestino sob influência da estética erudita europeia, Antônio Madureira contribui decisivamente para os estudos e a prática de violão solo. Sua obra em carreira solo é fundamental para a compreensão do instrumento no contexto de ritmos com tradição percussiva (como o maracatu), com harmonias baseadas na sanfona (o baião) ou na pontuação dos instrumentos de sopro (frevo).

Obras 2

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Espetáculos 2

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Mídias (1)

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Antônio Madureira - série Cada Voz (2023)
O músico Antônio Madureira fala de seu talento para o desenho ofuscado pela inclinação à música. O artista integrou o Quinteto Armorial, que se propôs a criar uma música erudita brasileira com raízes populares. A inventividade do Quinteto Armorial marcou época unindo em composições originais instrumentos estabelecidos no universo erudito (como violino e flauta transversal) a outros de base popular (como rabeca e pífano) ou rústica (como o berimbau de lata).

Cada voz
A série “Cada voz” é um projeto da "Enciclopédia Itaú Cultural" com registros de depoimentos de artistas de diferentes áreas de expressão, como literatura, música, teatro e artes visuais. Conduzidos pelo fotógrafo Marcus Leoni, os vídeos capturam o pensamento dos artistas sobre seu processo de criação e sua visão sobre a própria trajetória. Os registros aproximam o público do artista, que permite a entrada no camarim, no ateliê ou na sala de escrita.

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Fontes de pesquisa 4

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