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Enciclopédia Itaú Cultural
Cinema

Helena Solberg

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 09.10.2024
17.06.1938 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Maria Helena Collet Solberg (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1938). Diretora de cinema, produtora e roteirista. Importante nome da produção documental brasileira, a cineasta faz filmes que abordam temas políticos e questões femininas, revelando as múltiplas realidades de mulheres ao redor do mundo, especialmente as de países latino-americanos.

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Maria Helena Collet Solberg (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1938). Diretora de cinema, produtora e roteirista. Importante nome da produção documental brasileira, a cineasta faz filmes que abordam temas políticos e questões femininas, revelando as múltiplas realidades de mulheres ao redor do mundo, especialmente as de países latino-americanos.

No final da década de 1960, cursa línguas neolatinas na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, onde conhece cineastas do Cinema Novo, como Cacá Diegues (1940) e Arnaldo Jabor (1940-2022). Nessa época, trabalha como repórter cultural do jornal estudantil O Metropolitano1.

Começa a trajetória na direção com dois curtas-metragens. O primeiro, A entrevista (1967), é um documentário que trata da visão conservadora de mulheres da classe média carioca. Narrado em voz over, para dificultar a identificação das personagens, a diretora registra depoimentos de mulheres sobre suas vidas como esposas, suas ambições e seus desejos, temas como a submissão aos maridos e a educação que receberam das famílias, tudo isso com imagens de sua cunhada se preparando para o casamento. O segundo curta, a ficção Meio-dia (1969), trata da revolta de estudantes em sala de aula contra o professor, no contexto do movimento estudantil contra a ditadura militar2. Na mesma época, trabalha como continuísta nos longas Capitu (1968), de Paulo César Saraceni (1933-2012), e A mulher de todos (1969), de Rogério Sganzerla (1946-2004).

Em 1971 se muda para os Estados Unidos e cria com um grupo de diretoras o International Women’s Film Project, associação que produz documentários apoiados por fundações norte-americanas e internacionais.

O primeiro filme produzido pelo coletivo, A nova mulher (1974), trata da condição da mulher norte-americana nos últimos duzentos anos. Dupla jornada (1975) conta a rotina da mulher latino-americana que trabalha dentro e fora de casa, em países como Bolívia, México e Venezuela. A vida de meninas bolivianas em um reformatório é o mote de Simplesmente Jenny (1979). Com Das cinzas… Nicarágua Hoje (1981), que recebe premiações no Chicago Film Festival e no National Emmy Award, o mais importante prêmio da televisão norte-americana, a diretora se aproxima de outros temas políticos, relatando as transformações ocorridas na Nicarágua durante e depois da Revolução Sandinista (1979-1990), pelo ponto de vista de uma família humilde.

Com Carmen Miranda: bananas is my business (1994), biografia da cantora luso-brasileira Carmen Miranda (1909-1955), a diretora dá vazão ao seu interesse pelo olhar que o estrangeiro tem sobre o Brasil. O filme recebe o prêmio de melhor documentário dramático em Chicago e coloca Solberg em contato com o público do Brasil, para onde retorna após longa temporada vivendo em Nova York.

Em 2004, Helena Solberg lança seu primeiro longa de ficção: Vida de menina, baseado no relato autobiográfico de Helena Morley, pseudônimo da escritora brasileira Alice Dayrell Caldeira Brant (1880-1970), o filme aborda o cotidiano da cidade de Diamantina, em Minas Gerais, entre 1893 e 1895.

Helena conta que foi complicado fazer o roteiro porque o livro é um diário sem história, que pode ser lido de trás para frente, e que o longa revela o olhar da diretora a partir do olhar da escritora, do momento em que ela sai da adolescência e aceita o mundo ao redor. O trabalho é premiado como melhor filme no Festival de Gramado. Embora sua filmografia seja composta principalmente de documentários, o prêmio mais destacado vem com um longa de ficção.

Palavra (En)cantada (2008) olha para a história da canção brasileira por meio da relação entre música e poesia. Samba, rap, bossa nova e o tropicalismo são exemplos utilizados para investigar essa relação. Na tela, destacam-se cantores como Jorge Mautner (1941), Adriana Calcanhoto (1965), Chico Buarque (1944), BNegão (1972), Martinho da Vila (1938) e Maria Bethânia (1946).

Atuando em diferentes frentes no cinema, mas dedicada sobretudo à produção de documentários sobre temáticas femininas, Helena Solberg traz visibilidade para debates relacionados à questão de gênero na sociedade.

Notas

1. NAGIB, Lúcia. O cinema da retomada: depoimentos de 90 cineastas dos anos 90. São Paulo: Editora 34, 2002. p. 462.

2. Também denominada de ditadura civil-militar por parte da historiografia com o objetivo de enfatizar a participação e apoio de setores da sociedade civil, como o empresariado e parte da imprensa, no golpe de 1964 e no regime que se instaura até o ano de 1985.

Obras 1

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Exposições 1

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Fontes de pesquisa 8

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  • ALVES, Paula et al. Mulheres no cinema brasileiro. Cadernos. Esp. Feminino, Uberlândia, v. 24, n. 2, p. 365-394, jul./dez. 2011.
  • CUNHA FILHO, Paulo C. Tempo, filme, memória: a invenção do passado em Airaté da Praia. Revista Famecos, n. 36, p. 105-110, ago. 2008.
  • GERSHON, Robert. States humanities councils and patrons of film and video production. Journal of Film and Video, Illinois, v. 38, n. 1, p. 35-38, Winter 1986.
  • GOÉS, Fred. MPB e cinema no Brasil: um caso de amor. Terceira Margem, Rio de Janeiro, n. 24, p. 161-180, jan./ jun. 2011.
  • MORELLI, Rita de Cássia. Palavra (en)cantada, palavra encorpada: uma leitura pessoal (mas, de qualquer forma, antropológica) de um filme de Helena Solberg. Revista de Antropologia e Arte [on-line]. Ano 02, v. 1, n. 2, nov. 2010. Disponível em: http://www.ifch.unicamp.br/proa/ResenhasII/rita.html. Acesso em: 10 dez. 2012.
  • NAGIB, Lúcia. O cinema da retomada: depoimentos de 90 cineastas dos anos 90. São Paulo: Editora 34, 2002.
  • TAVARES, Mariana Ribeiro da Silva. Helena Solberg: trajetória de uma documentarista brasileira. 2011. 284f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Belas Artes, 2011. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/JSSS-8PYG79/1/ppgartes_marianaribeirosilvatavares_tesedoutorado.pdf. Acesso em: 16 jun. 2021.
  • TAVARES, Mariana Ribeiro da Silva. Poesia e reflexividade na produção de três documentaristas brasileiros contemporâneos: Helena Solberg, Eduardo Coutinho e Walter Carvalho. 2007. 115 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Belas Artes, 2007. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/VPQZ-73BHGR/disserta__o.pdf?sequence=1. Acesso em: 16 jun. 2021.

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