Otávio Augusto de Azevedo Souza (São Manuel, São Paulo, 1945). Ator. Participa de alguns dos mais importantes espetáculos do Teatro Oficina. Seu temperamento encontra terreno especialmente fértil na comédia.

Inicia sua trajetória em São Paulo, na primeira metade da década de 1960, trabalhando em rádio e em dublagem e fazendo teatro amador. Ingressa na profissão participando de uma série de espetáculos exemplares do teatro paulista, a maioria no Teatro Oficina, como Os Inimigos, de Máximo Gorki (1868-1936), com direção de José Celso Martinez Corrêa (1837-2023), em 1966; a montagem de O Rei da Vela, de Oswald de Andrade (1890-1954), com participação destacada no papel de Perdigoto, em 1967; mesmo ano em que atua também no Teatro da Esquina com a peça Marat-Sade, Peter Weiss (1916-1982), sob direção de Ademar Guerra (1933-1993); e Poder Negro (1968), de LeRoi Jones (1934-2014), onde, além de ator, é também assistente de direção, novamente com o Oficina. 

No final da década de 1960 e início da década seguinte,Otávio Augusto começa  sua carreira como ator freelance atuando com diferentes diretores como Flavio Rangel (1934-1988) em Hamlet (1969). Integrando o elenco de Os Rapazes da Banda, de Mart Crowley (1935-2020), em 1971, tradução de Millôr Fernandes (1923-2012) para o primeiro espetáculo da Broadway com temática abertamente LGBT. Depois da temporada paulista da peça, vai para o Rio de Janeiro onde a sua carreira se concentra a partir de então. Seu primeiro desempenho carioca já é como protagonista e acontece no ano seguinte de sua chegada  em A Vida Escrachada de Joana Martini e Baby Stompanato, de Bráulio Pedroso (1931-1990), com direção de Antônio Pedro (1940-2023). Otávio Augusto torna-se um dos poucos artistas a atuar em produções de destaque em papéis significativos sem participar empresarialmente das produções.

Analisando a trajetória do ator, o crítico carioca Yan Michalski (1932-1990) declara: "Na fase inicial da sua carreira, Otávio Augusto brilhava particularmente em papéis marcados por um humor popular, de tintas fortes. Foi afinando e ampliando o seu instrumental, até tornar-se um ator excepcionalmente versátil, dotado de uma notável facilidade de composição e precisão de expressão corporal e facial, além de uma real vocação para o teatro musicado"¹.

Uma atividade paralela de especial importância na carreira de Otávio Augusto é a de líder sindical. Atua como presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro (Sated-RJ), de 1975 a 1978 e 1985 a 1988, trabalho pelo qual é distinguido com o Prêmio Estácio de Sá dado pelo governo estadual. Terminadas as gestões, continua participando da diretoria do sindicato. Em meio a diversas atuações, Otávio Augusto experimenta também a direção como na peça Fala Baixo Senão Eu Grito (1988) de Leilah Assumpção (1943). Recebe o prêmio Shell de melhor ator por uma composição de cinco papéis diferentes em Suburbano Coração (1989),  texto e direção de Naum Alves de Souza (1942-2016) com músicas de Chico Buarque (1944). Na década de de 1990, tem mais uma atuação premiada, desta vez pelo Sated-RJ, pelo papel em Querido Mundo (1993), escrito por Maria Carmem Barbosa (1947-2003) e Miguel Falabella (1956), que também dirige o trabalho.

Além do teatro, e especialmente a partir dos anos 1990, concentra suas atividades na televisão e no cinema, somando diversos personagens cômicos, característicos de sua carreira, como Ed Mort (1997), dirigido por Alain Fresnot (1951), e a sequência Boleiros - Era uma vez o futebol (1998) e Boleiros 2 - Vencedores e vencidos (2006), de Ugo Giorgetti (1942). Na televisão, atua em inúmeras telenovelas e seriados, especialmente da Rede Globo.

Transitando entre o teatro, o cinema e a televisão, Otávio Augusto atua em importantes trabalhos da dramaturgia brasileira, como nos primeiros espetáculos do Teatro Oficina. Sua veia cômica norteia sua carreira que, embora diversa, se consolida na comédia.

Nota

1. MICHALSKI, Yan. Otávio Augusto. In: ___________. PEQUENA Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.