Revista de Antropofagia

Revista de Antropofagia, 1928
Texto
A Revista de Antropofagia é, juntamente com a revista Revista Klaxon, um dos principais veículos de divulgação das idéias dos primeiros modernistas de São Paulo. Os textos publicados na revista promovem um debate com as idéias lançadas na Semana de Arte Moderna de 1922, ora radicalizando seus posicionamentos, ora criticando expoentes do próprio modernismo. Tendo Oswald de Andrade (1890-1954) como seu principal ideólogo, a revista é publicada entre maio de 1928 e agosto de 1929, em 26 edições divididas em duas fases (ou dentições, como seus organizadores preferem).
Na primeira fase, dirigida por Alcântara Machado (1901-1934) e gerenciada por Raul Bopp (1898-1984), a revista reúne nomes como os de Oswald e Mário de Andrade (1893-1945), e do grupo da Escola da Anta, como Plínio Salgado (1901-1975) e o Mário de Andrade, que posteriormente se identificam como inimigos literários e políticos. Neste primeiro momento, são publicadas dez edições, em que se pode destacar o número inaugural que trouxe o Manifesto Antropófago, escrito por Oswald de Andrade. Também são publicados na primeira fase textos como No Meio do Caminho, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e Lundu do Escritor Difícil, de Mário de Andrade.
Na segunda fase, iniciada em 17 de março de 1929, ainda conduzida por Oswald de Andrade e, oficialmente, sob a direção de Raul Bopp e Jaime Adour da Câmara (1898-1964), a revista passa a ser veiculada pelo Diário de São Paulo, e chega a dezesseis números. Nesta "dentição", marcada por um acirramento ideológico e pelo conseqüente rompimento, por vezes ruidoso, com colaboradores como Mario de Andrade e Carlos Drummond de Andrade, a revista define-se contrária à perspectiva nacionalista da Escola da Anta, cujo Manifesto Nhengaçu Verde-Amarelo é publicado em 17 de maio de 1929 no Correio Paulistano. Trechos de Cobra Norato, de Raul Bopp, além de poemas como Canção do Exílio, de Murilo Mendes (1901-1975) são publicados na segunda fase, mais voltada, contudo, para o combate e a recuperação do espírito rebelde do primeiro momento do modernismo paulista. Os escritores Oswaldo Costa e Patrícia Galvão (1910-1962), e os pintores Tarsila do Amaral (1886-1973) e Cicero Dias (1907-2003) são alguns dos colaboradores da fase final da revista, que tem seu último número publicado em 1º de agosto de 1929, quando é encerrada em virtude das irreverentes polêmicas que irritam os leitores do jornal.
Fontes de pesquisa 4
- BOAVENTURA, Maria Eugênia. A vanguarda antropofágica. São Paulo: Ática, 1984.
- CAMPOS, Augusto de. "Revistas re-vistas: os antropófagos". Disponível em: http://www.antropofagia.com.br. Acesso em: 29 mai. 2007.
- Revista de antropofagia - 1ª. e 2ª. dentições - 1928-1929. Edição facsimile, 1976.
- TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda européia e modernismo brasileiro. 18.ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
Como citar
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REVISTA de Antropofagia.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/obra20738/revista-de-antropofagia. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7