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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Eles Não Usam Black-Tie

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.08.2023
23.02.1958 Brasil / São Paulo / São Paulo
Registro fotográfico Hejo

Eles não Usam Black-Tie, 1958
Hejo
Acervo Idart/Centro Cultural São Paulo

Espetáculo que inicia a fase nacionalista do Teatro de Arena e lança o autor Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), que serve de modelo e estimulo para outros jovens escritores dramáticos brasileiros.

Texto

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Histórico

Espetáculo que inicia a fase nacionalista do Teatro de Arena e lança o autor Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), que serve de modelo e estimulo para outros jovens escritores dramáticos brasileiros.

Em 1957, José Renato resolve assumir a produção de O Cruzeiro Lá no Alto, texto de Gianfrancesco Guarnieri, prevista para ser a última montagem do grupo, que passa por graves dificuldades financeiras.

Rebatizada, por sugestão de José Renato, como Eles Não Usam Black-Tie, provocativa referência ao Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), e a seu público. A peça trata de uma greve operária, colocando em cena moradores de uma favela e seus problemas socioeconômicos. O texto faz um recorte preciso de um momento altamente dramático: o jovem operário Tião fura o movimento grevista, pois, tendo engravidado a namorada, teme perder o emprego na hora em que mais necessita dele. As conseqüências de sua atitude são dolorosas e ele é obrigado a enfrentar não apenas seu pai, o líder grevista, mas também sua própria namorada, que o impele à frente de luta e o abandona.

Eugênio Kusnet (1898-1975), com sua larga experiência no método de Stanislavski, encarna o velho Otávio; Lélia Abramo (1911-2004), politizada intelectual vinda de experiências junto a grupos operários anarquistas, vive a mãe Romana; Miriam Mehler (1935), recém-formada pela Escola de Arte Dramática (EAD), encarrega-se de Maria, amor de Tião, interpretado pelo melhor ator do Arena no período - Gianfrancesco Guarnieri, depois substituído por Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974). Os outros papéis cabem a Flávio Migliaccio, Riva Nimitz, Chico de Assis (1933-2015) e Milton Gonçalves (1934).

A encenação de José Renato é simples, direta e eficiente. Valoriza o enredo e dá corpo às personagens, imprimindo dramaticidade e energia à ação. Utiliza um samba composto por Adoniran Barbosa para pontuar passagens significativas da trama. Êxito surpreendente para quem pensava em fechar as portas, Black-Tie permanece um ano em cartaz, cumprindo posteriormente bem-sucedida carreira no interior de São Paulo e no Rio de Janeiro. Animado pelo sucesso, o Arena investe forças na criação de outros textos nacionais, instituindo o Seminário de Dramaturgia, de onde sairão os textos para as montagens seguintes, que respondiam à necessidade do público de ver nos palcos a realidade nacional. Até 1960, foram montados, entre outros: Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Vianna Filho; Quarto de Empregada, de Roberto Freire (1927-2008); Fogo Frio, de Benedito Ruy Barbosa.

Destaca o crítico Sábato Magaldi (1927): "A encenação de José Renato foi, até aquele momento, a mais homogênea e de rendimento uniforme e satisfatório. E a recompensa supunha muitas dificuldades para transmitir a veracidade do texto, porque formavam o elenco atores inexperientes ou estrangeiros. Valorizou a montagem a maturidade, orientada no sentido do despojamento. [...] Em poucos trabalhos ele não revela a preocupação de inventar algo, para que sua presença ficasse marcada. Aqui, o encenador se libertou da sedução de impor os próprios achados e atingiu a autenticidade, por despir o conjunto de efeitos. Não seguiu, também a falsa pista do pitoresco no morro, despreocupando-se da tarefa quase impossível, na arena, de mostrar a cor local".1

Eles Não Usam Black-Tie é a primeira de muitas outras encenações que colocam o Teatro de Arena como o conjunto de maior representatividade em São Paulo até meados da década de 1960.

Notas

1. MAGALDI, Sábato. Um palco brasileiro: o Arena em São Paulo. São Paulo: Brasiliense, 1984.

 

Ficha Técnica

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Autoria
Gianfrancesco Guarnieri (Autor Revelação - Prêmio Associação Paulista de Críticos Teatrais)

Direção
José Renato

Direção de cena
Wilson Ribaldo

Trilha sonora
Adoniran Barbosa
Guerra-Peixe

Música
Adoniran Barbosa
Gianfrancesco Guarnieri
Guerra-Peixe

Elenco
Celeste Lima / Terezinha
Chico de Assis / Jesuíno
Eugênio Kusnet / Otávio
Flávio Migliaccio / Chiquinho
Gianfrancesco Guarnieri / Tião
Henrique Cesar / João
Lélia Abramo / Romana (Melhor Atriz - Prêmios Saci, Governador do Estado, APCT, Círculo Independente de Críticos Teatrais do Rio de Janeiro e Associação dos Críticos Teatrais do Rio de Janeiro)
Milton Gonçalves / Bráulio
Miriam Mehler / Maria
Nelson Xavier / Substituição
Oduvaldo Vianna Filho / Tião
Riva Nimitz / Dalva

Obras 1

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Fontes de pesquisa 9

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  • ELES NÃO USAM BLACK-TIE. Direção José Renato. São Paulo, 1958. 1 folder. Programa do espetáculo, apresentado no Teatro de Arena em fevereiro de 1958.
  • MAGALDI, Sábato. Um palco brasileiro: o Arena de São Paulo. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Tudo é história, 85).
  • MARQUES, Fernando. Poesia do real: Black-tie 50 anos, Folhetim n. 27. Rio de Janeiro: Teatro do Pequeno Gesto, 2008, p. 40-49.
  • MARTINS, Maria Helena Pires. Literatura comentada: Gianfrancesco Guarnieri. São Paulo: Abril Educação, 1980.
  • MOSTAÇO, Edelcio. Teatro e política: Arena, Oficina e Opinião. São Paulo: Proposta, 1982.
  • PRADO, Décio de Almeida. Teatro em progresso: crítica teatral, 1955-1964. São Paulo: Martins, 1964.
  • PRADO, Décio de Almeida. Teatro em progresso: crítica teatral, 1955-1964. São Paulo: Martins, 1964.
  • RENATO, José. Entrevista. Folhetim, Rio de Janeiro, n. 26, jul-dez 2007, p. 85-115.
  • ROCHA, Elaine Pereira. Milton Gonçalves - Memórias históricas de um ator afro-brasileiro. São Paulo: e-Manuscrito, 2019. pp. 268-270.

Como citar

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