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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Alice no País Divino-Maravilhoso

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 08.08.2023
29.07.1970 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro – Oi Casa Grande
A montagem, dirigida por Paulo Afonso Grisolli (1934-2004), propõe um espetáculo que se insere na renovação estética que caracterizará o teatro da década de 1970: a quebra do realismo com a valorização dos recursos teatrais associada a um olhar crítico sobre a moralidade e os padrões de comportamento.

Texto

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Histórico


A montagem, dirigida por Paulo Afonso Grisolli (1934-2004), propõe um espetáculo que se insere na renovação estética que caracterizará o teatro da década de 1970: a quebra do realismo com a valorização dos recursos teatrais associada a um olhar crítico sobre a moralidade e os padrões de comportamento.

Os autores - Tite de Lemos (1942-1989), Luiz Carlos Maciel (1938), Marcos Flaksman (1944) (também cenógrafo), Sidney Miller (1945-1980) (compositor das músicas) e o próprio Grisolli - extraem da história de Lewis Carroll (1832-1898) a descoberta progressiva do mundo adulto e a construção onírica.

A adaptação teatral do texto de Lewis Carroll é apenas um roteiro para a criação cênica. A equipe de criadores busca, por meio da sucessão de imagens, expressar de forma não discursiva a perplexidade da juventude diante do mundo contemporâneo. As descobertas são acompanhadas do temor diante das leis morais que regem os comportamentos e da forma repressiva pela qual são impostas. O estudo do corpo ocupa boa parte do processo de criação, e o trabalho de Klauss Vianna (1928-1992) e transforma em um dos elementos mais ricos da montagem. A protagonista Alice é interpretada por seis atrizes. Os atores, vestidos de jeans e camiseta, compõem as personagens trocando os adereços dispostos sobre o cenário.

Baseada na valorização e na combinação dos elementos não verbais, a encenação consegue, nos seus melhores momentos, formar uma linguagem em que a música, a movimentação e a ambientação se completam e constroem uma atmosfera de sonho e angústia. O espetáculo recorre à proliferação de elementos cênicos que se acumulam pelo espaço. Todas as músicas são cantadas em uníssono, contrastando com a elaboração instrumental das composições.

Segundo o crítico Yan Michalski (1932-1990), há dois desempenhos a destacar: "[...] a magnífica vitalidade de Milton Gonçalves, um senhor ator que carrega nas costas todas as cenas de que participa, e que transforma a cena de João Evangelista num comovente ponto alto do espetáculo" e "a surpreendente presença de Maria Teresa Medina, num trabalho exato, malicioso, pontuado por uma musicalidade e uma expressão corporal sem falhas".1 Luiz Carlos Maciel, que participou da idealização do projeto, escreve em sua coluna no jornal Última Hora: "Aceita a estrutura aberta de Alice e seu método associativo, ninguém terá dificuldades em reconhecer o fato palpável de que estamos diante do espetáculo mais inventivo que o teatro brasileiro produziu nos últimos anos".2  Para Yan Michalski, a montagem é "uma proposição importante e renovadora, na medida em que a colocarmos em comparação com tudo que nos tem sido servido até hoje sob o rótulo de musical".3

 

Notas

1. MICHALSKI, Yan. Alice: com que sonham as adolescentes (II). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 ago. 1970.
2. MACIEL, Luiz Carlos. A nossa Alice (II). Última Hora, Rio de Janeiro, 4 ago. 1970.
3. MICHALSKI, Yan. Alice: com que sonham as adolescentes (I). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 ago. de 1970.

Ficha Técnica

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Autoria
Lewis Carroll

Adaptação
Luiz Carlos Maciel
Marcos Flaksman
Paulo Afonso Grisolli
Sidney Miller
Tite de Lemos

Direção
Paulo Afonso Grisolli

Cenografia
Marcos Flaksman

Figurino
Marcos Flaksman

Direção musical
Sidney Miller

Coreografia
Klauss Vianna

Elenco
Alberto Passos / Papagaio; Pablo Espigaço; Sete; Decapitado
Ary Fontoura / Moralista de TV; Gringo; Cidadão de Cachimbo; Porteiro; Castro Álvares; Cinco; Arauto
Betina Viany / Alice; Aluna
Cesar de Medeiros / Pomba; Valete; Decapitado; Policial; Corista
Claudia Ribeiro / Alice; Aluna
Dhu Moraes / Alice; Aluna
Diva Helena / Mãe; Secretária; Rainha
Elsa Ancia / Mãe; Rainha
Gerson Pereira / Criolo; Pomba; Verdugo; Cortejo; Decapitado; Policial; Corista
Hildegard Angel / Mãe; Pomba; Rainha
Jack Philosophe / Arthur Coelho; Decapitado; Corista
Jurema Penna / Mãe; Rainha
Margot / Alice; Aluna
Maria Theresa Medina / Duquesa; Cortejo
Marlene / Cantora; Cortejo; Gringa
Michel Robim / Gato de Neandhertal; Jovem
Milton Gonçalves / Rato; Saideira; João Evangelista; Dois; Decapitado
Moisés Aichenblat / Professor; Vitrola; Pomba; Chefe; Rei
Reinaldo Braga / Padre; Pomba; Cortejo; Decapitado; Policial; Corista
Sonia Lemos / Alice; Aluna
Tamara Taxman / Alice; Aluna
Terciliano Jr. / Gato de Neandhertal; Jovem
Waldemar Marques / Namorado; Pomba; Verdugo; Cortejo; Decapitado; Grifo

Fontes de pesquisa 3

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  • ALICE no País Divino Maravilhoso. Rio de Janeiro: CEDOC / Funarte. Dossiê Espetáculos artes cênicas.
  • ALICE no país divino-maravilhoso. Direção Paulo Afonso Grisolli. Rio de Janeiro, 1970. 1 programa do espetáculo realizado em julho de 1970 no Teatro Casa Grande.
  • ROCHA, Elaine Pereira. Milton Gonçalves - Memórias históricas de um ator afro-brasileiro. São Paulo: e-Manuscrito, 2019. pp. 268-270.

Como citar

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