Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Cinema

Lázaro Ramos

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 01.08.2022
01.11.1978 Brasil / Bahia / Salvador
Luiz Lázaro Sacramento Ramos (Salvador, Bahia, 1978). Ator, escritor, roteirista, apresentador, diretor. Com trajetória no cinema e na televisão, interpreta personagens ousados e sensíveis. Contribui para a superação de barreiras e o estabelecimento de novos paradigmas de temas e linguagens da produção audiovisual, ligados sobretudo à forma como...

Texto

Abrir módulo

Luiz Lázaro Sacramento Ramos (Salvador, Bahia, 1978). Ator, escritor, roteirista, apresentador, diretor. Com trajetória no cinema e na televisão, interpreta personagens ousados e sensíveis. Contribui para a superação de barreiras e o estabelecimento de novos paradigmas de temas e linguagens da produção audiovisual, ligados sobretudo à forma como os negros são representados nas telas.

Sua trajetória dramatúrgica começa na escola, em Salvador, onde participa de montagens teatrais. Em 1994, entra para a companhia do Bando de Teatro Olodum. Atua em 14 peças e desenvolve, nos ensaios e no palco, sua formação artística e cidadã. Em 2000, em Recife, integra o elenco da peça A máquina, de João Falcão (1958). Com o êxito da turnê em sete capitais, torna-se conhecido no eixo artístico Rio-São Paulo. 

Estreia no cinema como protagonista em Madame Satã (2002), de Karim Aïnouz (1966), no papel do negro e homossexual marginalizado João Francisco dos Santos. A entrega dramática de Lázaro ao personagem é tão intensa que o diretor de fotografia Walter Carvalho (1947), 19 anos depois, diz considerar este o único filme de sua carreira em que ele atravessa o espaço entre a lente da câmera e o intérprete para realmente penetrar na verdade do ator.

Lázaro exibe desenvoltura cômica em O homem que copiava (2003), de Jorge Furtado (1959), como o protagonista-narrador André, que opera uma fotocopiadora e vê o mundo recortado como os segmentos de textos que ele lê e reproduz, em frases curtas e certeiras que oscilam entre o sarcasmo e o lirismo. Recebe o prêmio de melhor ator do Festival de Havana, em Cuba, e é apontado pelo crítico britânico Alex Bellos (1969), do jornal britânico The Guardian, como o ator em maior evidência no cinema brasileiro.

No seriado humorístico Sexo frágil (2003-2004), interpreta Fred e seu duplo feminino, Priscila, numa atuação provocadora que evidencia o sexismo conservador da sociedade brasileira em transformação no início do século XXI. 

Em 2005, vive no premiado Cidade baixa, de Sérgio Machado (1968), o personagem Deco, que personifica o torpor emocional e sensual de um homem dividido entre a paixão por uma stripper e a lealdade a seu melhor amigo, sob o calor ardente da periferia de Salvador. 

Em Cafundó (2005), de Paulo Betti (1952) e Clóvis Bueno (1940-2015), veste-se de branco e de perplexidade para interpretar o escravo liberto que se tornou o messiânico Preto Velho João de Camargo, lenda popular da árida região de Sorocaba, no Estado de São Paulo. Essa atuação lhe rende o prêmio de melhor ator no Festival de Gramado.

Em sua estreia em telenovelas, em Cobras & Lagartos (2006), vive o rejeitado trapalhão Foguinho, que enriquece ao ser confundido com um homônimo. Sua composição do anti-herói trapalhão, de gestos largos e exageros, a meio caminho entre a ingenuidade e a malícia, realçada pelo figurino colorido e pelo bigode pintado de loiro, cai no gosto do público e o ator recebe uma indicação ao Prêmio Emmy Internacional.

Em Ó paí, ó (2007), de Monique Gardenberg (1958), Lázaro interpreta uma das cenas mais memoráveis de sua carreira, no embate do personagem Roque com o bandido Boca, interpretado por Wagner Moura (1976). Indignado frente a uma provocação, com os nervos à flor da pele, Roque responde que negro sua, sangra e morre como os brancos. O sucesso do filme dá origem à série homônima (2008-2009), em que o ator reprisa seu papel e canta as canções populares baianas da trilha sonora.

Na década seguinte, Lázaro protagoniza três filmes adaptados de obras literárias consagradas, nos quais aprofunda o processo de redimensionar fronteiras da presença negra no cinema nacional. No suspense policial O silêncio da chuva (2021), adaptação livre de Daniel Filho (1937) para a obra de Luiz Alfredo Garcia-Roza (1936-2020), o ator atualiza as características do personagem Espinosa, compondo um detetive introspectivo e vacilante, carismático e paternal, em quem todos parecem confiar. Com essa atuação, na opinião da crítica Neusa Barbosa, Lázaro dá mais um passo para se afirmar como uma espécie de Denzel Washington (1954) do cinema brasileiro. Ou seja, uma "referência no meio de qualquer apocalipse, tranquilo e humano", bem diferente do Capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura em Tropa de elite (2007).

Após uma década e meia nas telas, Lázaro se dedica a outras atividades. Como escritor, publica histórias infantis, como Caderno de rimas do João (2015) e o livro Na minha pele (2017), em que compartilha experiências e reflexões sobre sua trajetória. Como roteirista, assina o telefilme Os brau (2017) e o programa semanal Mister Brau (2015-2018), criado por Jorge Furtado, que insere na teledramaturgia brasileira o protagonismo de uma família negra e a temática aberta do racismo. Como apresentador e diretor, faz o longevo programa de entrevistas Espelho (2005-2021) no Canal Brasil, que fala de racismo e antirracismo, entre outros temas. Dirige ainda os documentários O dia da posse de Obama (2009) e Bando, um filme (2018) e o especial televisivo Falas negras (2020), antes de estrear na direção de ficção com Medida provisória (2020), distopia sobre um Brasil em que os negros são banidos do país de volta para a África – adaptação da peça Namíbia, Não, de Aldri Anunciação (1977), que Lázaro havia dirigido no teatro em 2011.

Um dos atores mais consagrados e premiados de sua geração, Lázaro Ramos conjuga sua arte refinada e suas performances marcantes com o propósito de ampliar a representatividade negra nas telas, além de contribuir com outros debates contemporâneos, como o da diversidade de gênero, e com a evolução do cinema brasileiro de maneira geral.

Obras 5

Abrir módulo

Espetáculos 5

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 14

Abrir módulo

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: