Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Cinema

Monique Gardenberg

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.03.2024
28.07.1958 Brasil / Bahia / Salvador
Monique Gardenberg (Salvador, Bahia, 1958). Produtora cultural, diretora teatral, cineasta. Ao longo da carreira profissional, destaca-se pelo trânsito criativo entre diferentes linguagens artísticas, como a música, o teatro e o cinema. Nessas áreas, concebe, produz e invariavelmente dirige eventos musicais históricos, montagens teatrais de suce...

Texto

Abrir módulo

Monique Gardenberg (Salvador, Bahia, 1958). Produtora cultural, diretora teatral, cineasta. Ao longo da carreira profissional, destaca-se pelo trânsito criativo entre diferentes linguagens artísticas, como a música, o teatro e o cinema. Nessas áreas, concebe, produz e invariavelmente dirige eventos musicais históricos, montagens teatrais de sucesso de público e crítica e filmes de grande apelo popular.  

Nascida na capital baiana, vive parte da infância em Santos, no litoral paulista, mas, aos 17 anos, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde estuda economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Logo se envolve no movimento estudantil e se torna diretora cultural do centro acadêmico, produzindo eventos culturais e artísticos. Os contatos que estabelece com artistas e gravadoras a tornam conhecida e seu trabalho ganha reconhecimento profissional. Ainda na universidade, gerencia uma turnê do cantor e compositor Milton Nascimento (1942) e, mais tarde, atua como empresária de artistas como Marina Lima (1955) e Djavan (1949).

A produção cultural é a primeira atividade profissional de Gardenberg. Em 1982, ela e sua irmã Sylvia Gardenberg (1960-1998) criam a Dueto Produções, com o objetivo de produzir grandes eventos culturais e artísticos, como três antológicos festivais internacionais de música realizados no Brasil: o Free Jazz Festival, com edições anuais entre 1985 e 2001; seu sucessor, o TIM Jazz Festival, entre 2003 e 2008; e o BMW Festival, entre 2011 e 2014. Todos se destacam pela alta complexidade de produção e pelo alto nível de qualidade e de importância das atrações nacionais e internacionais.  

A carreira cinematográfica se inicia em 1989, depois de cursar cinema na New York University, nos Estados Unidos. Ali, no mesmo ano, realiza os primeiros trabalhos: os curta-metragens Insônia e Day 67. No Brasil, lança o curta, Diário noturno (1993), sobre uma funcionária pública que foge da mediocridade da vida por meio de sonhos. Realizado com estrutura profissional, o curta é determinante para o reconhecimento de Gardenberg como cineasta. 

A estreia no longa-metragem vem com Jenipapo (1996), cujo tema é a reforma agrária. Parcialmente falado em inglês, o filme participa de festivais internacionais prestigiados, como o Sundance Film Festival. Seu segundo longa, Benjamim (2003), baseado no romance homônimo do escritor e dramaturgo Chico Buarque (1944), conta a história de um ex-modelo fotográfico de meia-idade que fica obcecado por uma jovem corretora de imóveis. As duas obras tratam de de traumas pessoais da cineasta: a perda da irmã e o abandono pelo pai, respectivamente.

O terceiro longa, Ó Pai, Ó (2007), é, segundo a diretora, depois de elaboradas as perdas, a celebração da alegria no retorno às raízes baianas. Essa felicidade é resultado do fazer cinema com mais confiança, o que permite imprimir ao filme um despojamento que a produção cinematográfica muitas vezes não admite. Com alegria e baianidade, o filme agrada ao público e, pouco depois, se torna uma minissérie exibida pela Rede Globo.  

Em 2018, depois de oito anos envolvida em projetos paralelos, lança Paraíso perdido. O filme traz o cantor Erasmo Carlos (1941-2022) como um ex-acadêmico que se torna dono de uma boate de música brega para que seus filhos possam se apresentar em um ambiente de tolerância, aceitação e afeto. A película aborda as diferentes formas de amar e de amor, buscando “contribuir para abrir a cabeça das pessoas que ainda não chegaram lá”, diz a diretora1.

Depois de atuar como produtora de diretores de teatro como Gerald Thomas (1954), José Celso Martinez Corrêa (1937-2023) e Bia Lessa (1958), Gardenberg se lança na direção teatral em 2002, com a peça Os sete afluentes do Rio Ota, do dramaturgo e cineasta canadense Robert Lepage (1957). O espetáculo épico e grandioso, com cinco horas de duração, conta a saga de uma família vítima da bomba atômica em Hiroshima, em 1945, e acompanha a trajetória de seus descendentes até o início do século XXI. Com uma ousada mistura de linguagens, a trama se passa entre várias cidades e continentes e abrange os últimos 50 anos do século XX, numa reflexão sobre a vida e a morte, ressaltando as inquietações e expectativas do ser humano. A peça é aplaudida pela crítica e pelo público e considerada um marco no teatro brasileiro. A obra ganha nova montagem pela diretora em 2019.

Em 2005, retorna ao teatro com a peça Baque, do dramaturgo e cineasta canadense Neil LaBute (1963), que traz três monólogos que confidenciam tragédias contemporâneas, sobre culpa, dúvida, crueldade, destino, livre-arbítrio e misoginia. À época, o crítico Dirceu Alves Jr. (1975) afirma que a peça, “em nenhum momento, deixa o espectador na dúvida de que viu um grande espetáculo. Um soco no estômago”2.

Em 2022, Gardenberg e José Celso Martinez Corrêa codirigem o filme Esperando Godot, adaptação da famosa peça do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989) para a São Paulo dos dias atuais.  

Transitando entre diferentes atividades e linguagens artísticas, o trabalho de Monique Gardenberg oferece obras únicas que abordam temas e expressões culturais nacionais em filmes, séries e eventos musicais, além de trazer em suas montagens teatrais uma visão da contemporaneidade e do universal para a cena brasileira. 

Notas

1. LICORY, Michelle. Monique Gardenberg: tolerância, aceitação e liberdade, mas sem bandeira feminista. Glamurama. UOL, São Paulo, 28 maio 2018. Disponível em: https://glamurama.uol.com.br/notas/monique-gardenberg-tolerancia-aceitacao-e-liberdade-mas-sem-bandeira-feminista/. Acesso em: 17 jul. 2022. 

 

2.  A partir de Baque, Monique dirige diversas outras peças bem-sucedidas como Inverno da luz vermelha (2010) e A hora amarela (2014), do dramaturgo estadunidense Adam Rapp (1968); e O desaparecimento do elefante (2012), a partir de cinco contos do escritor japonês Hakuri Murakami (1949) no livro que dá nome à peça. 

Espetáculos 5

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 1

Abrir módulo
  • EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: