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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Menotti Del Picchia

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 08.08.2024
20.03.1892 Brasil / São Paulo / São Paulo
23.08.1988 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica Correio da Manhã/Acervo Arquivo Nacional

Menotti Del Picchia, s.d.

Paulo Menotti del Picchia (São Paulo, São Paulo, 1892 – Idem, 1988). Poeta, contista, romancista, cronista, ensaísta, jornalista, autor de histórias infantis, político. O escritor é um dos maiores nomes do Modernismo brasileiro.

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Paulo Menotti del Picchia (São Paulo, São Paulo, 1892 – Idem, 1988). Poeta, contista, romancista, cronista, ensaísta, jornalista, autor de histórias infantis, político. O escritor é um dos maiores nomes do Modernismo brasileiro.

Inicia os estudos em Campinas, São Paulo, concluindo-os no Ginásio Diocesano São José, na cidade mineira de Pouso Alegre. Retorna à capital paulista e ingressa na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. 

Estreia na literatura com o livro Poemas do vício e da virtude, em 1913. O livro apresenta tom grandiloquente e imagens preciosas, movendo-se ainda pela inspiração romântica, como revela o trecho de "Cantiga do Sapateiro":

[...] Desditoso e contrafeito
eu numa ânsia me debato:
ela voltar, como um louco,
nem que morra dentro em pouco,
tiro o coração do peito
dele faço um sapato? [...]

Em 1914, passa a residir em Itapira, no interior paulista, onde trabalha como advogado e dirige os jornais Diário de Itapira e O Grito!. Em 1917, inaugura uma importante vertente poética em sua obra: a dos poemas dramáticos, no seu caso dirigidos mais à leitura que à encenação. Nesse ano são publicados Moisés – cuja inspiração bíblica dá origem anos mais tarde a Jesus (1958) – e Juca Mulato, obra com a qual se notabiliza. Esse livro antecipa, apesar da persistência na idealização romântica, um dos temas centrais ao Modernismo: a busca pelo dado essencialmente nacional, revelada na figura do caboclo, cuja paixão impossível pela filha da patroa se retrata em versos pitorescos e ritmados, com fluência próxima à oralidade.

Em 1919, trabalha como redator-chefe da Tribuna de Santos, periódico no qual permanece por um ano. Novamente na capital paulista, assume a direção do jornal A Gazeta e inicia a colaboração para o Correio Paulistano, veículo em que faz, sob o pseudônimo Hélios, uma das mais contundentes defesas do movimento modernista. Participa da Semana de Arte Moderna de 1922, coordenando a segunda noite do evento. Nos anos seguintes integra, com o poeta Cassiano Ricardo (1985-1974) e o escritor Plínio Salgado (1895-1975), os grupos Verde-Amarelo e Anta, agremiações político-literárias de caráter nacionalista que se opunham ao movimento Pau-Brasil, encabeçado por Oswald de Andrade (1890-1954)

Embora tenha atuado na linha de frente do movimento e da organização da Semana de Arte Moderna de 1922, desenvolve obra ainda influenciada pelas correntes estéticas com as quais o Modernismo procura romper. Nos diversos gêneros a que se dedica, nota-se o desencontro entre sua prática literária e a revolta de forma e conteúdo por ele propagada.

A aproximação efetiva com a estética modernista se inicia com Chuva de pedra (1925), que desmistifica a visão romântica expressa nos livros anteriores, e se consolida em República dos Estados Unidos do Brasil (1928), com versos livres em torno de assuntos nacionais. A afinidade de Picchia com Mário de Andrade (1893-1945) e Alcântara Machado (1901-1935) se faz notar em poemas como "Torre de Babel", em que canta as diferentes nacionalidades formadoras da cidade de São Paulo:

[...] Italianos joviais,
húngaros de olhos de leopardo,
caboclos de Tietê arrastando o caipira [...]

No que diz respeito à obra em prosa, o autor se dedica a narrativas de aventura e ficção científica – escritos considerados obras menores pelo próprio autor. Sobre A República 3000 (1930), afirma se tratar de "zona recreativa que não confina sequer com o plano da arte". O projeto do autor de atingir leitores não cultos – razão talvez para o grande sucesso popular de Juca Mulato – leva o crítico literário Alfredo Bosi (1936-2021) a definir o conjunto desta produção como "singular no contexto modernista, no sentido de uma descida de tom (um maldoso diria: de nível) que lhe permitiu aproximar-se do leitor médio e roçar pela cultura de massa".

Convidado por Assis Chateaubriand (1892-1968), assume a direção do jornal Diário da Noite em 1933. Em 1936, integra o grupo A Bandeira, movimento cultural fundado por Cassiano Ricardo, de caráter também nacionalista e responsável pela edição da revista Anhanguera. Dois anos depois, é indicado pelo governador Ademar de Barros (1901-1969) para a direção do Serviço de Publicidade e Propaganda do Estado de São Paulo, renomeado Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Em 1942, dirige o jornal A Noite. No ano seguinte, toma posse da cadeira número 28 da Academia Brasileira de Letras (ABL). 

Entre 1926 e 1962, ocupa por diversas vezes os cargos de deputado estadual e federal. Na cidade de Itapira, é inaugurada, em 1987, a Casa Menotti del Picchia, instituição responsável pela manutenção e preservação do acervo do autor.

De fundamental importância para a literatura brasileira, Menotti del Picchia é o responsável pela apresentação dos pressupostos estéticos durante a Semana de Arte Moderna e tem a coragem de militar a favor do movimento em sua coluna diária no Correio Paulistano, tornando-se um dos principais cronistas do periódico. A importância histórica de Menotti del Picchia para o Modernismo brasileiro é consensualmente reconhecida e o seu legado artístico permanece até os dias de hoje.

Obras 1

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Coleção Brasiliana Itaú / Reprodução Fotográfica Horst Merkel

Espetáculos 4

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Exposições 15

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Fontes de pesquisa 7

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  • BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2004.
  • CAMPOS, Maria José. Versões modernistas da democracia racial em movimento: estudo sobre as tragetórias e as obras de Menotti Del Picchia e Cassiano Ricardo até 1945, 368 p. Tese (Doutorado em Antropologia Social). São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2007.
  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Edélcio Mostaço]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
  • FRIAS, Rubens Eduardo Ferreira. “Uma poesia entre a tenaz tradição e o futuro em transe”. In: PICCHIA, Menotti del. Melhores poemas. São Paulo: Global; Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2004. p. 9-16.
  • MOISÉS, Massaud. História da literatura brasileira, Vol. V, Modernismo (1922-Atualidade). São Paulo: Cultrix, 1996.
  • PICCHIO, Luciana Stegagno. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1997.
  • STURARI, Marlene. De Pero Vaz de Caminha a Menotti Del Picchia: alguns motivos edênicos na literatura de viagens dos séculos XVI e XVII e no modernismo, 132 p. Dissertação (Mestrado em Literatura Brasileira). São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2006.

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