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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Alcides da Rocha Miranda

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.01.2024
06.07.1909 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
22.10.2001 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Alcides da Rocha Miranda (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1909 – Idem, 2001). Arquiteto, pintor, desenhista, professor, pesquisador, conservador do patrimônio. Definido como um arquiteto discreto e avesso à celebração, forma-se em um período de grande efervescência cultural, iniciando sua carreira já convertido ao moderno.

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Alcides da Rocha Miranda (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1909 – Idem, 2001). Arquiteto, pintor, desenhista, professor, pesquisador, conservador do patrimônio. Definido como um arquiteto discreto e avesso à celebração, forma-se em um período de grande efervescência cultural, iniciando sua carreira já convertido ao moderno.

Ingressa no curso livre da Escola Nacional de Belas Artes (Enba), em 1925, e se forma em arquitetura, em 1932. O início de sua atuação profissional – que ocorre no escritório Costa & Warchavchik, entre 1931 e 1933 – coincide com um período importante para o modernismo, quando se realizam as conferências de Le Corbusier (1887-1965), a reforma de ensino de Lucio Costa (1902-1998), iniciada em 1931, o Salão Revolucionário (1931) e a exposição da Casa Modernista (1930).

Em 1933, transfere-se para o escritório do engenheiro Emílio Baumgart (1889-1943), onde permanece até os anos 1950. Os anos 1930 e o início dos anos 1940 são ainda um período de formação, em que se dedica principalmente à pintura, com destaque para Moça em dia de chuva (ca.1930), Camponeses e fazendeiro (1938) e Tiradentes (1942). As duas primeiras, realizadas sob inspiração de Candido Portinari (1903-1962) e a última inspirada em Guignard (1896-1962), seus professores no Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, que frequenta de 1935 a 1937.

Em 1940, ingressa como chefe da seção de arte da divisão de estudos e tombamentos no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), no qual se aposenta em 1978. Ao longo da década de 1940, seu trabalho como arquiteto ganha corpo, graças ao aprenzidado com Emílio Baumgart, Le Corbusier, o arquiteto americano Frank Lloyd Wright (1867-1959), o arquiteto russo Gregori Warchavchik (1896-1972), mas, sobretudo, com Lucio Costa. Entre seus projetos da época, destaca-se o Centro Educativo de Arte Teatral (1947), não construído, no qual o domínio da técnica do concreto armado e o interesse por suas possibilidades plásticas se evidenciam no desenho da marquise em abóbadas da fábrica, dos pilares esculturais do museu e da cobertura – esta, em forma de parábola, calculada com o auxílio do engenheiro e poeta Joaquim Cardozo (1897-1978). Encomendado por Anísio Teixeira (1900-1971), o centro educativo aprofunda o diálogo entre o educador e o arquiteto, iniciado nos anos 1930 no Rio de Janeiro.

Em 1950, pede transferência para a delegacia paulista do Sphan, em virtude do convite de Luiz Ignácio Romeiro de Anhaia Mello (1891-1974), para integrar o quadro de professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP). Inspirado pelas propostas de Teixeira, assim que assume o posto propõe um ensino integrando todas as artes. Frustrada sua proposta, dedica-se à cadeira de plástica, apontando a importância do desenho – para ele, não só um meio de expressão, mas de conhecimento e proposição – e da construção de modelos na formação do arquiteto. Para isso conta com o apoio de Zanine Caldas (1919-2001), diretor da oficina de maquetes.

Retorna ao Rio de Janeiro em 1955 e, cinco anos depois, transfere-se para Brasília, participando do conselho diretor da fundação da Universidade de Brasília (UnB), da criação do Instituto Central de Artes (ICA), do qual é coordenador e professor titular entre 1963 e 1967, e da fundação do núcleo regional do Sphan. No ICA da UnB, cria um curso integrado de arquitetura, cinema, música e artes gráficas, que prevê a confluência entre artesanato e indústria, tal como proposto anos antes na Bauhaus.

Na nova capital, projeta a Faculdade de Educação da universidade e o Auditório Dois Candangos (1962), trabalho em que assimila elementos tradicionais da arquitetura brasileira, como o azulejo, o pátio e a treliça, de maneira muito distinta da realizada no Grupo Escolar do Serro (ca.1940) e em suas últimas obras. Longe do aspecto nativista que confere a esses projetos, os elementos são utilizados segundo um raciocínio eminentemente funcional, que dá aos edifícios um caráter abstrato e internacionalista.

A horizontalidade, contudo, é uma constante na obra do arquiteto, ganhando dramaticidade em projetos em que discute a relação entre arquitetura e natureza, como o altar do 36º Congresso Eucarístico Internacional (1955 - demolido), cujo risco original de Lucio Costa é desenvolvido por Rocha Miranda, em colaboração com os arquitetos Elvin Mackay Dubugras (1929-1999) e Fernando Cabral. Se na Residência Celso da Rocha Miranda (1942/1959), em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e na Igreja-Abrigo e Restaurante na Serra da Piedade (1956/1976), em Caeté, em Minas Gerais, essa discussão aparece na integração do edifício à paisagem natural – que, no último caso, serve de inspiração para o desenho pontiagudo da cobertura de concreto armado –, na Capela da Residência Maria do Carmo e José Nabuco, (1957/1958), assim como no altar de 1955, a natureza é enquadrada, funcionando como um retábulo.

Outro tema recorrente em sua trajetória e bem desenvolvido em seus últimos projetos é a relação entre tradição e modernidade – como na Companhia Internacional de Seguros (1976), reforma de uma antiga residência neogótica; na Fundação Universitária José Bonifácio (1981), no Rio de Janeiro, que relê e adapta a estrutura do antigo Hospício Pedro II; na Residência Sylvia Nabuco (1987/1989) –, expressão máxima de sua leitura aguda da morfologia das cidades históricas mineiras e da capacidade de integrar o novo ao antigo.

Autor de uma obra de qualidade, reconhecida pela coerência entre trajetória e discurso, Rocha Miranda valoriza o passado nacional a partir de uma arquitetura moderna que se conecta simultaneamente com esse passado e as vanguardas internacionais – movimento tipicamente moderno.

Exposições 34

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Fontes de pesquisa 8

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • A NOVA flor de abacate / Os dissidentes: Grupo Guignard - 1943 / 1942. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1986. (Ciclo de exposições sobre arte no Rio de Janeiro).
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • FROTA, Lélia Coelho. Alcides Rocha Miranda: caminho de um arquiteto. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1993. 232p. il p&b.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • NOBRE, Ana Luisa. Alcides Rocha Miranda, educador. Caramelo. São Paulo, n.10, p.128-137, 1998.
  • SANTOS, Luciene Ribeiro dos. Os professores de projeto da FAU-USP (1948-2018): esboços para a construção de um centro de memória. 478f. 2018. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2018. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-18092018-163855/publico/MElucieneribeirodossantos_rev.pdf. Acesso em: 21 nov. 2020.
  • _______. Alcides Rocha Miranda. Documento. Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, n.71, pp.69-76, abr./maio, 1997.

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