Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Cacaso

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 13.03.2021
13.03.1944 Brasil / Minas Gerais / Uberaba
27.12.1987 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Antônio Carlos Ferreira de Brito (Uberaba, Minas Gerais, 1944 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1987). Poeta, professor e ensaísta. Em 1955, muda-se com a família para o Rio de Janeiro. De 1964 a 1969, cursa filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Leciona teoria literária na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro ...

Texto

Abrir módulo

Biografia

Antônio Carlos Ferreira de Brito (Uberaba, Minas Gerais, 1944 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1987). Poeta, professor e ensaísta. Em 1955, muda-se com a família para o Rio de Janeiro. De 1964 a 1969, cursa filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Leciona teoria literária na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ), entre 1965 e 1975. Em 1967, estreia em poesia com A Palavra Cerzida. Em 1968, colabora nos jornais cariocas Opinião e Movimento e participa dos movimentos estudantis contra a ditadura militar.1

Entre 1974 e 1975, integra os grupos literários Frenesi, com Roberto Schwarz (1938) e Francisco Alvim (1938), e Vida de Artista, com Eudoro Augusto (1943), Zuca Sardan (1933) e Chacal (1951), que lançam as próprias revistas e publicações, muitas vezes mimeografadas. A articulação e produção dos grupos e artistas dessa geração torna-se conhecida como poesia marginal, importante movimento de contracultura que surge em meio à repressão política.

Dedica-se também à música popular brasileira, compondo letras para parceiros como Edu Lobo (1943), Elton Medeiros (1930) e Danilo Caymmi (1948), entre outros. Cacaso morre de enfarte, em 1987, no Rio de Janeiro. Dez anos depois, sua obra ensaística é reunida em Não Quero Prosa (1997), organizada e apresentada por Vilma Arêas (1936). Em 2000, a revista carioca Inimigo Rumor dedica um número exclusivamente a sua poesia, contendo críticas, depoimentos, inéditos e um excerto do poema Canudos – Uma Epopeia dos Sertões, peça que o autor considera principal em sua obra. Em 2002, é lançada sua obra completa, Lero-Lero, incluindo alguns poemas inéditos.

Comentário crítico

A poesia de Cacaso ilustra o cenário cultural que se articula durante a década de 1970 no Brasil, paralelamente ao panorama de repressão política imposto pelo regime militar. Identificado à poesia marginal, movimento que burla a censura dos órgãos reguladores do governo editando publicações mimeografadas - a alcunha que também se aplica ao grupo é a de geração mimeógrafo - Cacaso é um dos seus principais expoentes e também um “teórico” ou elemento catalizador dessa produção.

O equilíbrio entre a ironia, a crítica e o deboche, desenvolvidos de forma descontraída – herança de releituras e reavaliações da poesia modernista brasileira, sobretudo de Oswald de Andrade (1890-1954) – são o ponto alto de sua obra. Destaca-se que a opção pela simplicidade não resulta em simplismo. A densidade aparece no humor demolidor, ferramenta para o combate ao regime militar, conforme o poema Vestibular: “Não creio mais na metafísica porque tenho/ Medo da morte”,2 ou em Golpe de Estado: “Urubu rei reina mas não/ Governa”,3 ambos de Na Corda Bamba (1978).

Sobre sua poesia, Eudoro Augusto aponta: “[...] Cacaso parece interessado em identificar e descartar as tendências ou movimentos que nos separam do modernismo. Ou seja, a geração 45, o concretismo e a chamada poesia social”.4 Esse comentário ilustra a preocupação de Cacaso em entender o legado modernista (coloquialismo, inclusão da temática do cotidiano e liberdade de métrica e rimas) incorporando-o em seu fazer poético. Como crítico, mantém o mesmo raciocínio, sopesa a importância do modernismo em detrimento às propostas vanguardistas dos anos 1950 e 1960, elegendo seus precursores e seu campo de atuação poético, conforme a seção A Lição dos Mestres, de Não Quero Prosa (1997).5

Notas

1 A ditadura militar se instaura em 1º de abril de 1964 e permanece até 15 de março de 1985. Os direitos políticos dos cidadãos são cassados e os dissidentes perseguidos.
2 CACASO. Lero-lero. São Paulo: Cosac Naify, 2002. p. 49.
3 Idem, p. 64.
4 REVISTA INIMIGO Rumor, n. 8, Rio de Janeiro: 7 Letras, mai. 2000.
5 CACASO. Não quero prosa. Organização Vilma Âreas. Campinas: Unicamp; Rio de Janeiro: UFRJ, 1997

Espetáculos 1

Abrir módulo

Exposições 1

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 3

Abrir módulo
  • CACASO. Lero-lero. São Paulo: Cosac Naify, 2002.
  • CACASO. Não quero prosa. Organização Vilma Âreas. Campinas: Unicamp; Rio de Janeiro: UFRJ, 1997.
  • REVISTA INIMIGO Rumor, n. 8, Rio de Janeiro: 7 Letras, mai. 2000.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: