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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Francisco Alvim

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 24.06.2024
09.10.1938 Brasil / Minas Gerais / Araxá
Francisco Soares Alvim Neto (Araxá, Minas Gerais, 1938). Poeta e diplomata. Filho do advogado Fausto Figueira Soares Alvim e de Mercedes Costa Cruz Alvim, começa a escrever poemas ainda na adolescência, por influência da irmã, também poeta, Maria Ângela Alvim (1926 - 1959). Na juventude, vive períodos no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, e, em...

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Biografia

Francisco Soares Alvim Neto (Araxá, Minas Gerais, 1938). Poeta e diplomata. Filho do advogado Fausto Figueira Soares Alvim e de Mercedes Costa Cruz Alvim, começa a escrever poemas ainda na adolescência, por influência da irmã, também poeta, Maria Ângela Alvim (1926 - 1959). Na juventude, vive períodos no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, e, em 1953, acaba por se fixar no Rio. Ingressa na Faculdade de Direito da Universidade do Distrito Federal, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mas interrompe o curso em 1963, quando entra para o Instituto Rio Branco, e se forma no ano seguinte. Inicia a carreira diplomática em 1965, e três anos depois estreia em livro, com Sol dos Cegos, em 1968. Entre 1969 e 1971 atua como secretário da representação do Brasil na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, cidade onde escreve parte dos poemas de Passatempo, de 1974. De volta ao Brasil, integra-se ao grupo Frenesi, que constitui a primeira leva dos chamados "poetas marginais": Roberto Schwarz (1938), Cacaso (1944 - 1987), Chacal (1951) e Geraldo Carneiro (1952). Seus livros saem em edições artesanais até 1981, quando a editora Brasiliense lança a reunião deles em Passatempo e Outros Poemas. Pelo Itamaraty, atua como cônsul-geral do Brasil em Barcelona, Espanha, e em Roterdã, Holanda, e ainda como embaixador na Costa Rica. Sua obra O Elefante, publicada em 2000, é bem recebida pela crítica especializada.

Análise

Tendo estreado em 1968, com Sol dos Cegos, Francisco Alvim integra a geração de poetas marginais que têm projeção na década de 1970 e retomam uma das propostas do Modernismo: a linguagem antiliterária, o poema curto, o poema-piada, a escrita espontânea e o coloquialismo. Tais procedimentos são baseados no discurso cotidiano, no que o autor ouve e seleciona, sem intervenção.

O desejo de salientar problemas da sociedade brasileira está presente desde o início dessa poesia. O eu lírico se coloca como "vazio de tudo o que sou" (A Pedra, em Sol dos Cegos), e até mesmo quando se move no plano afetivo busca as implicações do universo histórico-social: "Os momentos aqui dentro / são bastante iguais aos lá de fora" (Um Poeta de Mansarda, em Passatempo).

No início da década de 1980, privilegia-se a denúncia dos abusos cometidos pela ditadura brasileira, conforme se lê em Lupa, de Lago, Montanha (1981): "...cães / amestrados pelo homem / no pátio das prisões / mastigam o sexo do homem". Com o fim do regime militar, a atenção do poeta recai sobre questões nacionais relacionadas à sociedade de consumo e ao preconceito oriundo do passado escravocrata. Como observa Roberto Schwarz (1938), o poema Mas, constituído apenas pelo verso "É limpinha", sugere, entre outras possibilidades, o preconceito da classe média em relação aos excluídos que a servem.

O exemplo ilustra também a matéria-prima fundamental da poética de O Elefante (2000): a fala. Transcrita sem a identificação do sujeito que a profere, é, contudo, socialmente marcada. As relações de poder e desigualdade que configuram a sociedade brasileira estão sintetizadas por meio das cenas flagradas pelo poeta.

Exposições 1

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Fontes de pesquisa 10

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  • ARÊAS, Vilma. Posfácio. In: Elefante. Lisboa: Cotovia; Coimbra: Ângelus Novus, 2004.
  • BRITO, Antônio Carlos de. Não quero prosa. Campinas: Editora da Unicamp; Rio de Janeiro: Editora da URFJ, 1997.
  • HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Ceder a vez, ceder a voz. In: GASPARI, Elio. HOLLANDA, Heloísa Buarque. VENTURA, Zuenir (orgs.) Cultura em trânsito: da repressão à abertura .Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 2000.
  • MELLO, Heitor Ferraz. Quem está falando? A modernidade na poesia de Francisco Alvim. In: Littérature et Modernisation au Brésil, org. Jacqueline Penjon e José Antonio Pasta Jr. Paris: Presses Sorbonne Nouvelle, 2004.
  • MERQUIOR, José Guilherme. Sobre o verso de Francisco Alvim. In: _____. Astúcia da Mimese. 2. ed., Rio de Janeiro: Topbooks ,1997.
  • SCHWARZ, Roberto. "Orelha para Francisco Alvim". In: _____. Sequências brasileiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
  • SÜSSEKIND, Flora. Seis poetas e alguns comentários. In: _____. Papéis calados, Rio de Janeiro: UFRJ, 1993.
  • _____. O fantasma romântico e outros ensaios. Rio de Janeiro: Vozes, 1980.
  • ______. "Elefante complexo". Jornal de Resenhas, Folha de S.Paulo, São Paulo, 10 de fev. 2001.
  • ______. "O país do Elefante". Mais!, Folha de S.Paulo, São Paulo, 10 de mar. 2002.

Como citar

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