Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Renato Magalhães Gouvêa

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 09.05.2024
1929 Brasil / São Paulo / São Paulo
Renato Magalhães Gouvêa (São Paulo, São Paulo, 1929). Galerista, marchand, produtor de cinema. Com trânsito privilegiado na sociedade paulistana e no cenário das artes, atua como uma ponte entre os artistas e o mercado de artes eatua como uma ponte entre os artistas e o mercado de artes e transforma o leilão no principal evento do mercado de art...

Texto

Abrir módulo

Renato Magalhães Gouvêa (São Paulo, São Paulo, 1929). Galerista, marchand, produtor de cinema. Com trânsito privilegiado na sociedade paulistana e no cenário das artes, atua como uma ponte entre os artistas e o mercado de artes eatua como uma ponte entre os artistas e o mercado de artes e transforma o leilão no principal evento do mercado de artes no Brasil.

Ao longo de sua trajetória, Gouvêa se associa a artistas e críticos relevantes da história brasileira, como os italianos Pietro Maria Bardi (1900-1999) e Lina Bo Bardi (1914-1992), Flávio de Carvalho (1899-1973), Anita Malfatti (1889-1964) e Tarsila do Amaral (1886-1973), ao mesmo tempo que auxilia na formação de algumas das principais coleções de arte do Brasil, sendo igualmente próximo de dezenas de grandes colecionadores, como Ricardo Brennand (1927-2020), Olavo Setúbal (1923-2008), Valentim Diniz (1913-2008) e Joseph Safra (1938-2020) 

A capacidade de Gouvêa de realizar essa ponte decorre parcialmente de sua origem oligárquica. Neto de Mario Tavares (1874-1958), político e presidente do Partido Republicano Paulista, e descendente de uma tradicional família paulistana. Também é bisneto de José Ezequiel Freire (1850-1891), jornalista e crítico de arte, redator do Correio Paulistano e colaborador de A Província de São Paulo. Com acesso à elite paulistana, se torna a principal ligação entre os colecionadores de arte e os artistas, especialmente no período entre a década de 1960 até o final da década de 1990.

O contato com o universo das artes começa de maneira mais intensa na década de 1950, quando Gouvêa se faz presente nas conversas que o crítico de arte Sergio Milliet (1898-1966) realiza no famoso Paribar, ponto de encontro da intelectualidade paulistana, no centro da cidade.

Em 1957, Gouvêa assume o cargo de administrador-geral da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e inicia um projeto de união desta com o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). O plano não se concretiza e Gouvêa deixa a FAAP, passando a trabalhar no MASP, juntamente com Pietro Maria Bardi. A partir daí, ambos trabalham juntos na organização e aquisição de obras para o museu, marcando a entrada definitiva de Gouvêa no mercado de artes brasileiro. 

Em 1963, ele conhece o cineasta Luiz Sérgio Person (1936-1976) e aceita um convite para produzir o filme São Paulo Sociedade Anônima (1965). O clássico retrata o período desenvolvimentista do final da década de 1950, com a história de um jovem ambicioso de classe média e sua crise de identidade em meio ao cenário paulistano de industrialização e sua estética intensamente urbana. Gouvêa administra o filme de maneira metódica e disciplinada, criando um parâmetro para a gestão e produção dos filmes brasileiros, mantendo os custos dentro do orçamento e agendando com disciplina o calendário de filmagem. Coordena a contratação de técnicos, organiza sessões de assinaturas dos contratos e estabelece pagamentos semanais aos atores e membros da equipe. Profissionaliza o figurino, planejando as cenas, de modo que cada personagem é definido por meio do vestuário. Antecipa a função de relações públicas e assessoria de imprensa, abastecendo os jornalistas com fotos e textos e realizando coletivas e coquetéis nos locais onde cenas eram filmadas. De acordo com professor Ninho Moraes, era uma tentativa de quebrar o padrão de produção do cinema no Brasil, sem planejamento empresarial e baseado no improviso.
Nos anos seguintes, Gouvêa inicia diversas parcerias que conectam os universos da arte, da decoração e do design, como a associação com o designer Sergio Rodrigues (1927-2014), na loja Oca, em uma época em que este já é conhecido mundialmente por criar uma identidade brasileira no design. 

Essas experiências servem de preparação para o início de sua carreira como marchand na segunda metade da década de 1960. A partir daí, Gouvêa articula ao máximo sua rede, incluindo dezenas de artistas, galeristas e intelectuais que ele aproxima da elite paulistana. Além dos já citados, relaciona-se com artistas como Hermilio Borba Filho (1917-1976), Osman Lins (1924-1978) e Claudia Andujar (1931).
Além de amigo pessoal dos artistas, transita com a mesma desenvoltura nos privilegiados e restritos círculos sociais que constituem o mercado de arte brasileiro, de galeristas a grandes colecionadores. É relevante mencionar esse trânsito, já que contribui para a consolidação do mercado de arte. Durante as décadas seguintes, é visto pela mídia como um dos homens mais competentes do mercado de arte de São Paulo.

É criador do conceito de “escritório de arte”. Como explica Lúcia Rebouças, Gouvêa “combina o trabalho de advogado ao de marchand e leiloeiro, passando a dar assistência direta aos clientes, assessorando-os não só sobre o que comprar, mas sobre a qualidade da obra a ser comprada, valor de mercado e garantias de compras”1.

Em 1979, organiza seu primeiro leilão, estabelecendo um marco no mercado brasileiro de arte. A entrada de Gouvêa revoluciona o setor e “garante ao mercado interno liquidez nos negócios”, relata a Folha de S. Paulo. Com atividade mais concentrada nas décadas de 1980 e 1990, Gouvêa realiza aproximadamente uma centena de leilões e exposições.

Em quase 50 anos de intensa atividade cultural, Gouvêa se estabelece como uma peça essencial na história do mercado de arte brasileiro. Ele orienta, organiza e influencia o cenário de galerias e leilões, tornando-se nesse período a principal ponte entre colecionadores de arte e os artistas.

Notas

1. REBOUÇAS, Lucia. O “doutor” Renato, pioneiro no mercado de arte do Brasil. Gazeta Mercantil, São Paulo, 25 out. 1996. Caderno Memo, p. 1.

Exposições 2

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 5

Abrir módulo
  • COM os leilões, o mercado de arte está em alta. Folha de S.Paulo, 5 de maio de 1985. Ilustrada, página 82.
  • KRUSE, Olney. Olney Kruse entrevista o Marchand Renato Magalhães Gouveia. Diário do Comércio e Indústria, São Paulo, 18 a 24 mai. 1996. Shopping News, p. 31.
  • MORAES, Ninho. Radiografia de um filme: São Paulo Sociedade Anônima, de Luis Sérgio Person. 1. ed. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010. v. 1000. 576p.
  • REBOUÇAS, Lucia. O “doutor” Renato, pioneiro no mercado de arte do Brasil. Gazeta Mercantil, São Paulo, 25 out. 1996. Caderno Memo, p. 1 e 3.
  • SERGIO RODRIGUES. Site Oficial do Artista. Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: http://www.sergiorodrigues.com.br. Acesso em: 30 abr. 2020.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: