Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Sivuca

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.02.2024
26.05.1930 Brasil / Paraíba / Itabaiana
14.12.2006 Brasil / Paraíba / João Pessoa
Severino Dias de Oliveira (Itabaiana, Paraíba, 1930 – João Pessoa, Paraíba, 2006). Compositor, instrumentista, cantor. Destaca-se por ser um dos principais divulgadores da sanfona na música nacional e internacional e por popularizar a tradição musical do interior do Nordeste.

Texto

Abrir módulo

Severino Dias de Oliveira (Itabaiana, Paraíba, 1930 – João Pessoa, Paraíba, 2006). Compositor, instrumentista, cantor. Destaca-se por ser um dos principais divulgadores da sanfona na música nacional e internacional e por popularizar a tradição musical do interior do Nordeste.

Começa a tocar sanfona como autodidata aos 9 anos e, aos 15, participa de programas de calouros em Pernambuco. Logo se destaca e passa a se apresentar na Rádio Clube de Recife. Permanece  por três anos na capital pernambucana, onde assume o nome artístico de Sivuca. O ambiente é importante durante a sua permanência em Recife: além do contato com diversos artistas e gêneros musicais, estuda teoria musical com os músicos da orquestra das rádios. Nesse período, conhece também a música das big bands norte-americanas, que influenciam sua obra.

Desde jovem, viaja pelo interior do Nordeste brasileiro, tocando música regional com músicos locais. Trata-se de um período de aprendizagem e experimentações, em que amplia o conhecimento do universo musical nordestino. Segundo o artista, essa vivência entre músicos da cultura popular fornece as bases de sua obra.

Em 1948, é contratado pela Rádio Jornal do Commercio, em que atua até meados da década de 1950. Em 1949, é convidado para gravar com a cantora Carmélia Alves (1923-2012) em São Paulo. Carmélia é a primeira a gravar, em 1951, o baião “Adeus Maria Fulô”, composição de Sivuca e Humberto Teixeira (1915-1979). A música também é interpretada pelo grupo Os Mutantes, em 1968. Estreia em 78 rpm em 1951, com Carmélia Alves, lançando o baião “No mundo do baião”. 

Em 1955, mora no Rio de Janeiro, onde é contratado pelas Emissoras Associadas de Rádio e Televisão Tupi. Estuda durante três anos com Guerra Peixe (1914-1993), com quem aprende teoria musical e harmonia. No ano seguinte, lança Eis Sivuca, primeiro disco solo, e participa em trabalhos de outros artistas. Ainda em 1956, grava seu choro “Homenagem à velha guarda” e parte para a primeira temporada de shows pela Europa com o grupo Os Brasileiros. Em 1959, produz um disco de música angolana, Duo Ouro Negro. No início de 1960, ao lado de Waldir Azevedo (1923-1980), apresenta-se com o grupo Brasília Ritmos, com o qual já havia gravado no Brasil. Em Portugal, lança o disco Vê se gostas. Entre 1960 e 1964, reside em Paris e participa no filme Le Diable et les Dix Commandements (O Diabo e os Dez Mandamentos), do francês Julien Duvivier (1896-1967). 

Em 1964, muda-se para Nova York a convite da cantora Carmen Costa (1920-2007), onde vive por doze anos. Ali, atua como diretor musical, arranjador e violonista da cantora africana Miriam Makeba (1932-2008), com quem grava três discos e realiza turnês internacionais. Em 1969, assume a direção musical e realiza o espetáculo Joy, com o norte-americano Oscar Brown Jr. (1926-2005) e Jean Pace (1926-2016). 

Na década de 1970, compõe trilhas para curtas-metragens da televisão educativa americana, trabalho pelo qual é indicado ao Grammy. Nesse período, faz parcerias com artistas como Hermeto Pascoal (1936) e os norte-americanos Bette Midler (1945), Paul Simon (1941) e Harry Belafonte (1927). Em 1972, em meio às turnês com Belafonte, grava, em Nova York, o LP Sivuca e lança um espetáculo de música brasileira no Village Gate, que alcança projeção internacional e dá origem ao LP Live at the Village Gate (1973).

Em 1975, casa-se com a compositora e médica Glorinha Gadelha (1947), com quem desenvolve parcerias artísticas. Nessa época, volta para o Rio de Janeiro e participa da série de espetáculos Seis e meia, no Teatro João Caetano, com o show Sivuca e Rosinha de Valença: gravado ao vivo, torna-se o primeiro registro do baião “Feira de Mangaio”. Considerado um clássico do forró, a composição tem êxito na voz de Clara Nunes (1942-1983) em 1979.

Em 1977, Chico Buarque (1944) escreve a letra para a melodia composta em 1947, dando origem a “João e Maria”, única parceria dos dois compositores, sucesso nas vozes de Chico e Nara Leão (1942-1989) nesse mesmo ano.

Em 1985, escreve a primeira peça sinfônica – Concerto Sinfônico para Asa Branca – e inova ao mobilizar a orquestra pela ótica do acordeonista. Além de projetos e apresentações nacionais que desenvolve na década de 1980, grava Rendez-vous in Rio (1985) com o gaitista belga Toots Thielemans (1922-2016) e a cantora sueca Sylvia Vrethammar (1945), Chiko’s Bar (1986) com Toots Thielemans, e Bad Boys From Brasil (1986) com o grupo sueco Rune Öfwerman Trio. Em janeiro de 1992, lança na Dinamarca o CD One Good Turn, com Erik Petersen. Regressa à Europa para novas turnês e apresenta-se na inauguração do teatro Cité de la Musique, em Paris, 1994.

Em 2003, volta à Paraíba, onde segue trabalhando. No ano seguinte, em Recife, grava com a Orquestra Sinfônica da cidade o álbum Sivuca sinfônico. Três anos depois, compõe seu último arranjo sinfônico, Choro de cordel, com Glorinha Gadelha (1947).

O artista também se destaca pela atuação como produtor musical de discos, espetáculos e trilhas sonoras. Em 2006, o Ministério da Cultura reconhece a importância de seu trabalho para a música brasileira, concedendo-lhe a Ordem ao Mérito Cultural.

Sivuca é um grande nome da música brasileira, um verdadeiro porta-voz da cultura nordestina, tendo produzido uma obra original reconhecida nacional e internacionalmente.

Obras 3

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 8

Abrir módulo
  • BARRETO NETO, Antônio et al. O grande sanfoneiro aponta uma saída para a música brasileira. A União, João Pessoa, 1 mai 1985. Caderno de Artes, p.9.
  • BARRETO, Flávia; GASPARINI, Fernando. Sivuca e a música do Recife. Recife: Publikimagem, 2010.
  • FREITAS, Dulcivânia. A Paraíba é o maior celeiro musical do Brasil. O Norte, João Pessoa, 25 dez. 1996. Caderno 2, p.1.
  • GOUVÊA, Hilton. Aqui nasceu Sivuca. A União, João Pessoa, 29 dez 2006. Disponível em: http://www.auniao.pb.gov.br/v2/index.php?option=com_content&task=view&id=4403&Itemid=44. Acesso em: 25 abr. 2013.
  • RODRIGUES, Elinaldo. Sou músico universal. Jornal da Paraíba, João Pessoa, 12 jul. 2003. Caderno de Cultura, p. 1.
  • SANTOS, Eurides de Souza et. al. Música e músicos paraibanos: diálogo entre estilos na música de Sivuca. Encontro Nacional de Etnomusicologia, 2., Salvador, 2004. Anais...Salvador: UFBA, 2004.
  • SANTOS, Eurides de Souza. Nordestinidade gonzagueana na música de Sivuca. Opus: Revista da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música. v. 18, n. 2 (dez. 2012) – Porto Alegre (RS): ANPPOM, 2012. p. 161-180.
  • SIVUCA na Rede. [s.n.]: [s.d.]. Disponível em: www.sivuca.com.br. Acesso em: 20 abr. 2013.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: