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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Geninha da Rosa Borges

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 20.08.2024
21.06.1922 Brasil / Pernambuco / Recife
23.06.2022 Brasil / Pernambuco / Recife
Maria Eugênia Franco de Sá da Rosa Borges (Recife, Pernambuco, 1922 - Idem, 2022). Atriz, diretora. Tem sua trajetória intimamente ligada ao Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), no qual transita por  encenações que se destacam pela captura da psicologia dos personagens e por suas direções que levam para o palco propostas ousadas em sua dramat...

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Maria Eugênia Franco de Sá da Rosa Borges (Recife, Pernambuco, 1922 - Idem, 2022). Atriz, diretora. Tem sua trajetória intimamente ligada ao Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), no qual transita por  encenações que se destacam pela captura da psicologia dos personagens e por suas direções que levam para o palco propostas ousadas em sua dramaturgia e visualidade.

No cinema, participa do primeiro filme falado rodado em Pernambuco, O Coelho Sai, em 1939, com direção de Firmo Neto e produção da Meridional Filmes. Conclui bacharelado e licenciatura em letras anglo-germânicas, respectivamente em 1943 e 1945 na Faculdade de Filosofia do Recife (Fafire). Como inspetora federal de ensino, implanta cursos de teleducação em Pernambuco. Faz pós-graduação lato sensu nos Estados Unidos, entre 1966 e 1967, mesmo ano que estuda no Japão.

Estréia como atriz em 1941, com um grupo de moças da alta sociedade recifense no show Noite de Estrelas. Valdemar de Oliveira (1900-1977), diretor do Teatro de Santa Isabel, convida-a para integrar o TAP, grupo recém-fundado por ele, e desempenhar o papel principal da peça Primerose, de Robert de Flers (1872-1927) e Gaston Arman de Caillavet (1869-1915). A crônica teatral é unânime em seus elogios e, desde então, Geninha atua no teatro pernambucano como intérprete e também como diretora e animadora cultural.

No TAP, faz mais de 50 espetáculos, de 1941 a 2007, e é uma de suas atrizes mais experientes. Elogiada no Recife por desempenhos marcantes, nas excursões do grupo pelo Brasil, seu talento é confirmado pela crítica, que ressalta o grau de convencimento cênico que imprime às personagens. 

Com formação eclética, a atriz desempenha papéis variados, da comédia ao drama, da farsa à tragédia. Alcança alto grau de naturalidade, aperfeiçoa a análise psicológica das personagens que representa, e a qualidade de seu trabalho se revela de modo exemplar em papéis como o de Adela em A Casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca (1898-1936), em 1948, sob direção de Valdemar de Oliveira e de Alaíde em Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues (1912-1980),

Trabalha em A Pena e a Lei, de Ariano Suassuna (1927-2014), espetáculo de inauguração do Teatro Popular do Nordeste (TPN), criado em 1960 por Hermilo Borba Filho (1917-1976), com quem a atriz já havia trabalhado anteriormente em duas outras peças. No final da década de 1970 forma-se em pedagogia pela Fafire.

De 1979 a 1982 atua como coordenadora de artes cênicas, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), do Governo do Estado de Pernambuco. De 1986 a 1991, trabalha como supervisora de artes cênicas no Instituto de Assuntos Culturais da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), onde coordena o Curso de Iniciação à Formação do Ator.

É diretora do Teatro de Santa Isabel, em quatro períodos (1983-1986, 1991-1992, 1994-1997 e 1997-2000). Escreve o livro Teatro de Santa Isabel Nascedouro & Permanência, publicado em 1992, pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

Em seus trabalhos como diretora, Geninha utiliza grandes estruturas e ocupa o palco com diferentes proposições cênicas e visuais, como acontece em 1983, com A Promessa ou Sebastiana Maria da Circuncisão, de Luiz Marinho (1926-2002). No espetáculo do TAP, a encenadora insere uma longa procissão logo no início, transforma o fosso da orquestra em rio, valoriza a clave metalingüística em que a peça é escrita e utiliza procedimentos brechtianos, para obtenção de um riso crítico.

Dirige e protagoniza As Lágrimas Amargas de Petra von Kant (1987), de Fassbinder (1945-1982) na qual, novamente, se impõe pela criação ousada dentro do TAP. O texto trata da homossexualidade feminina, e nessa montagem questões ligadas à luta de classes são valorizadas. A diretora mostra em cena uma sociedade se esgarçando em mesquinhez. A atriz-encenadora também assina a cenografia com Beto Diniz (1953-1989).

De 1998 a 2006, participa ininterruptamente do espetáculo Paixão de Cristo do Recife, direção de José Pimentel (1934), que se realiza inicialmente no Estádio do Arruda e depois no Marco Zero, no Recife Antigo.

É homenageada pelo TAP, em 2002, no espetáculo em que se recriam fragmentos de cenas de espetáculos por ela encenados ao longo da trajetória no grupo. Sua atuação é longa, seguindo no teatro até o final da década de 2010.

Geninha integra o elenco de longas e de curtas-metragens entre eles, Parahyba, Mulher Macho, de Tizuka Yamasaki (1949), em 1983; Baile Perfumado, de Lírio Ferreira (1965) e Paulo Caldas (1964), em 1996 e O Teatro e a Música de Valdemar de Oliveira, de Sandra Ribeiro, em 2000; Também participa, em 1996, do videodocumentário sobre seus 55 anos de teatro: Cinqüenta e Cênicos Anos de Teatro, de Pedro Oliveira. Está no elenco da novela Da Cor do Pecado, da TV Globo, em 2004.

De 1979 a 1982 atua como coordenadora de artes cênicas, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), do Governo do Estado de Pernambuco. De 1986 a 1991, trabalha como supervisora de artes cênicas no Instituto de Assuntos Culturais da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), onde coordena o Curso de Iniciação à Formação do Ator.

É a homenageada do 11º Festival Recife do Teatro Nacional, em 2008. Como parte do evento, ocorre o lançamento do livro Geninha Total, da poeta Maria do Carmo Barreto Campello de Melo, pela Fundação de Cultura Cidade do Recife.

Geninha da Rosa Borges transita por diferentes atuações no teatro pernambucano. Reconhecida pela crítica por suas interpretações marcantes, atua ainda como diretora que explora o campo da dramaturgia e da visualidade do palco bem como é responsável por gerir instituições teatrais de grande importância para a área no Brasil.

Espetáculos 83

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Fontes de pesquisa 18

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  • ASSOCIAÇÃO DE CRONISTAS TEATRAIS DE PERNAMBUCO. Os Melhores do teatro pernambucano. Recife: ACTP, abr. 1964.
  • ATRIZ e diretora teatral Geninha da Rosa Borges morre aos 100 anos, no Recife. G1, Recife, 23 jun. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2022/06/23/atriz-e-diretora-teatral-geninha-da-rosa-borges-morre-aos-100-anos-no-recife.ghtml. Acesso em: 23 jun. 2022.
  • BORBA FILHO, Hermilo. A casa de Bernarda Alba. Folha da Manhã, Recife, p. 5, 9 dez. 1949.
  • BORGES, Geninha Sá da Rosa; BORGES, Otávio da Rosa. Entrevista concedida a Antonio Edson Cadengue. Recife, 16 jul.1988, 78p. [Acervo Antonio Edson Cadengue].
  • BOTTO, Márcia. Geninha da Rosa Borges: a dama do teatro. Recife: CEPE, 1997. (Coleção Perfis pernambucanos).
  • CADENGUE, Antonio Edson. TAP: anos de aprendizagem (O Teatro de Amadores de Pernambuco: 1941-1947). 1989. 252 f. Dissertação (Mestrado em Artes-Teatro). Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.
  • CADENGUE, Antonio Edson. TAP: sua cena & sua sombra (O Teatro de Amadores de Pernambuco: 1948-1991). Tese (Doutorado em Artes-Teatro). Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 3 v., 1991, 769p.
  • CAVALCANTI, Medeiros. Vestido de noiva - VIII. Jornal do Commercio, Recife, p. 6, 29 out. 1955.
  • COUTINHO, Valdi. Yerma - uma telúrica direção de Geninha. Diário de Pernambuco, Recife, p. B-5, 31 mar. 1978.
  • FREYRE, Gilberto. O assunto é teatro. Diário de Pernambuco, Recife, p. A-9, 10 set. 1978.
  • LEITE, Adeth. Seis personagens à procura de autor. Diário de Pernambuco, Recife, p. 12, 5 jul. 1958.
  • MOTA, Mauro. A capital federal. Diário de Pernambuco, Recife, p. 4, 4 dez. 1965.
  • OLIVEIRA, Valdemar. No TAP desde o início. Recife, 26 jul. 1965. [Acervo de Geninha Sá da Rosa Borges].
  • PONTES, Joel. O teatro moderno em Pernambuco. São Paulo: Desa, 157p.
  • PRADO, Décio de Almeida [artigo sem título, sem data, transcrito de O Estado de S. Paulo, São Paulo]. Apud TAP - Excursões Porto Alegre/São Paulo, s.l., s.c.p., s.d., s.p. [Acervo Teatro de Amadores de Pernambuco].
  • SUASSUNA, Ariano. A encenação de Vestido de noiva. Diário de Pernambuco, Recife, p. 6, 23 out 1955.
  • TEIXEIRA, Anísio. Carta a Sra. Maria Eugênia Sá da Rosa Borges, Rio de Janeiro, 5 de out. 1961. [Acervo de Geninha Sá da Rosa Borges].
  • ______. Curriculum Vitae. Recife, 2008, 17 p.

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