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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Lírio Ferreira

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 17.06.2016
1965 Brasil / Pernambuco / Recife
Lírio Ferreira (Recife PE 1965). Diretor e roteirista. Faz parte da geração de cineastas brasileiros surgida em meados da década de 1990. Ingressa no curso de Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por não haver escolas de cinema no estado pernambucano. Na faculdade, conhece os cineastas Paulo Caldas (1964) e Claudio Assis (1...

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Biografia
Lírio Ferreira (Recife PE 1965). Diretor e roteirista. Faz parte da geração de cineastas brasileiros surgida em meados da década de 1990. Ingressa no curso de Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por não haver escolas de cinema no estado pernambucano. Na faculdade, conhece os cineastas Paulo Caldas (1964) e Claudio Assis (1959), que na época também fazem parte do grupo de jornalistas movido pela sétima arte. Começam a trabalhar juntos e Lírio inicia de fato sua carreira no mercado cinematográfico ao dirigir e roteirizar curtas-metragens e videoclipes para vários artistas. Antes de se tornar diretor de longas-metragens, realiza curtas de destaque como O crime da imagem (1991) e depois That’s a Lero- lero (1994), co-dirigido pelo cineasta Amin Stepple (1952). Mas é em 1996 que Lírio Ferreira se destaca como co-diretor do filme Baile Perfumado, seu longa de estreia realizado em parceria com Paulo Caldas. Premiado como melhor filme, melhor cenografia e melhor ator coadjuvante para Aramis Trindade (1965) no Festival de Brasília daquele ano, Baile Perfumado faz projetar seu nome fora do circuito restrito dos festivais de Pernambuco. Em 2000, dirige mais um curta-metragem, Assombrações do Recife Velho (2001), em co-direção com Cláudio Barroso (1954). Já em 2005, volta a dirigir o seu segunda longa-metragem Árido Movie. No ano seguinte, o filme ganha destaque no 10º Festival de Cinema de Pernambuco e Lírio é premiado como melhor diretor, além de receber os Prêmios de melhor filme, ator coadjuvante para Selton Mello (1972), fotografia e montagem. Apesar de já estar morando no Rio de Janeiro, é neste momento que o cineasta e outros diretores da sua geração colocam Pernambuco de volta no mapa do cinema, o que faz seu trabalho conseguir ainda mais reconhecimento. Logo após a grande repercussão de Árido Movie, Lírio realiza uma extensa pesquisa sobre a vida do sambista Angenor de Oliveira (1908 – 1980), o Cartola, que resulta na cine-biografia Cartola – Música para os olhos (2006), junto com o cineasta Hilton Lacerda (1965).  Em 2009, dirige o documentário-musical, O Homem que Engarrafava Nuvens, sobre a vida e a obra do compositor e deputado federal Humberto Teixeira (1915 – 1979), também chamado “O Doutor do Baião”. Com este trabalho, recebe o Prêmio de melhor documentário no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2011.

Análise de trajetória
A obra cinematográfica de Lírio Ferreira está intimamente ligada à “retomada” do cinema brasileiro, em meados da década de 90, já que temas anteriormente tratados passam por um momento de revisão. A produção audiovisual é alavancada com uma maior busca de originalidade através do domínio da linguagem, da qualidade técnica e do bom nível estético. E Baile Perfumado (1996), primeiro longa-metragem de Lírio Ferreira, ao lado do cineasta Paulo Caldas (1964), é um bom exemplo desta nova configuração. Realizado em Pernambuco, o filme mostra a visão dos diretores sobre biografia de Benjamim Abrahão (1890 – 1938), único fotógrafo e cinegrafista que documenta registros do cangaceiro Lampião (1898 – 1938). 

A partir deste trabalho, a dupla redireciona o olhar do país para o cinema produzido na região, que não empresta apenas o seu cenário, mas assina a autoria da sua expressão visual. Junto a outros longas e curtas metragens realizados nos anos 90 no Nordeste, estabelecem um eixo de produção inovador e delimitam o seu espaço no mercado nacional.

Quase dez anos depois, Lírio consegue estrear seu segundo longa-metragem no circuito, desta vez sem dividir a autoria na direção, mas com semelhanças em relação ao primeiro. O filme, chamado Árido Movie, foi também rodado em Pernambuco e conta a história de um repórter que mora em São Paulo mas está rumo à sua cidade-natal, no sertão do nordeste, por conta da morte do pai. A trama traz em si traços do movimento local que busca captar a maneira de ver que os nativos tem deles mesmo. Pode-se dizer que é um retrato contemporâneo da sociedade pernambucana e aponta uma tendência de um cinema mais ficcional, já colocado em Baile Perfumado, ao abordar temas regionais do estado de origem e, ao mesmo tempo, destacar os traços sociais diversos e contraditórios da sociedade moderna como um todo.

Outro elemento a destacar é a importância dada a trilha sonora em ambos os filmes. O cineasta opta por colocar a música como elemento narrativo, com o objetivo de proporcionar um outro efeito junto à imagem. Na época de Baile Perfumado, Lírio se aproveita da influência do movimento manguebeat, incluindo canções do músico Chico Science (1966 – 1997), no auge da sua carreira. Já em Árido Movie, quem participa da criação musical do filme é compositor Otto (1968), também ex-participante do mesmo movimento. O próprio cineasta conclui: “tanto eu quanto o Paulo – que somos oriundos da cultura popular pernambucana, que engloba uma diversidade muito grande - querendo ou não, acabamos influenciados por tudo isso, música, artes plásticas (…) há uma base sólida interagindo com as coisas modernas, contemporâneas, que existem não só no Brasil, mas no mundo. Este diálogo, esse modo de cruzar o regional e o moderno resultou em Baile Perfumado, que reflete um pouco a realidade que se está vivendo hoje”. 

Logo após Árido Movie, a afinidade e influência musical colocada nos trabalhos anteriores o leva a fazer dois documentários sobre ícones da música brasileira. Em 2006, Lírio lança a cine-biografia Cartola – Música para os Olhos, em parceria com o diretor Hilton Lacerda (1965), sobre um dos mais importantes compositores de samba: Angenor de Oliveira, o Cartola (1908 – 1980). O filme não se concentra na simples biografia ou seu processo criativo, mas em encontrar a própria história do samba, que está ligada a trajetória do Brasil, através da junção de imagens que interligam a vida do biografado, ao lado de um material relacionado à cultura – itens de arquivo, shows filmados, clássicos do cinema brasileiro e depoimentos.

Já em 2009, realiza seu segundo documentário musical, O Homem que Engarrafava Nuvens, sobre a vida e a obra do compositor, advogado, deputado federal e criador das leis de direito autoral, Humberto Teixeira (1915 – 1979), mais conhecido como Doutor do Baião. Assim como é feito em Cartola, o diretor apura a contextualização, colocando-o como fruto de um lugar e de seu tempo, em vez de optar por uma idealização romântica de seu personagem, o que reafirma ainda mais esta característica estilística de Lírio Ferreira em todas suas obras.

Obras 2

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Espetáculos 1

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Exposições 3

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Fontes de pesquisa 6

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Como citar

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