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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Djalma Limongi Batista

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 11.01.2024
09.10.1947 Brasil / Amazonas / Manaus
14.02.2023 Brasil / São Paulo / São Paulo
Registro fotográfico Djalma LImongi Batista

O Mistério de Irma Vap, 1988
Djalma Limongi Batista
Acervo Idart/Centro Cultural São Paulo

Djalma Limongi Batista (Manaus, Amazonas, 1947 – São Paulo, São Paulo, 2023). Diretor de cinema, roteirista, diretor teatral. Seus filmes se caracterizam pelo diálogo com outras obras do cinema e com outras áreas de expressão, como a literatura.

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Djalma Limongi Batista (Manaus, Amazonas, 1947 – São Paulo, São Paulo, 2023). Diretor de cinema, roteirista, diretor teatral. Seus filmes se caracterizam pelo diálogo com outras obras do cinema e com outras áreas de expressão, como a literatura.

Limongi cresce entre os velhos casarões portugueses de Manaus, oriundos do ciclo da borracha. Na capital do Amazonas, descobre o cinema, frequentando salas que exibem as chanchadas da Atlântida, os filmes de Hollywood e da produtora brasileira Vera Cruz. Também assiste ao cinema neorrealista italiano, além das primeiras experiências da nouvelle vague francesa, no final da década de 1950. Com uma câmera de 8 mm, dada de presente pelo pai, realiza, em 1960, seu primeiro exercício cinematográfico, o curta amador As letras1.

Muda-se com a família para Brasília, em 1964. Frequenta o curso de cinema na Universidade de Brasília (UNB). Após o fechamento da UNB pelo regime militar, transfere-se para São Paulo. Em 1968, entra no novo curso de cinema da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

Sua estreia oficial no cinema se dá com o curta Um clássico, dois em casa, nenhum jogo fora (1968). A obra recebe os prêmios de melhor filme, direção, argumento e ator (Eduardo Nogueira) no Festival do Cinema Amador do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro. Na década de 1970, dirige o documentário de curta-metragem Porta do céu (1973) e o curta experimental Hang-five (1975). Ainda nos anos 1970, desenvolve trabalhos na área da fotografia e os apresenta em exposições. Também colabora com o diretor teatral Flávio Império (1935-1985) na criação dos cenários das peças realizadas por este.

Durante a década de 1980, o polo da produção do cinema nacional é a cidade de São Paulo. Na capital paulista, são produzidos filmes de temáticas e propostas estéticas diversas, que dão corpo ao chamado “cinema paulista dos anos 80”. Entre as principais características desse cinema, como observa Ismail Xavier (1947), está o gosto pela citação de outros filmes, a nova relação de seus diretores com outros gêneros narrativos da indústria cinematográfica e a escolha pelo artifício, deixando de lado o “primado do real”2.

É neste contexto que se insere Asa Branca: um sonho brasileiro (1981), seu primeiro longa-metragem de ficção, que dialoga com os musicais de Hollywood e conta a história de um jogador de futebol que sai do interior de São Paulo para tentar a sorte na capital paulista, pouco acolhedora. Suas cenas, elaboradas com maestria pelo diretor, rompem com a encenação realista e cria momentos que se assemelham a sequências de sonho. É o caso, por exemplo, do voo do protagonista sobre a cidade de São Paulo. Asa Branca também toca em um tema delicado no futebol e, por extensão, da sociedade brasileira do período: a homossexualidade. A película recebe vários prêmios, entre eles, o de melhor direção e de ator coadjuvante para Walmor Chagas (1930-2013), no Festival de Brasília, melhor direção, no Festival de Gramado, e os prêmios Air France de Cinema de melhor filme, direção e ator para Edson Celulari (1958).

Cinco anos depois, roda Brasa adormecida (1986). A obra é uma homenagem a Braza dormida (1928), filme de Humberto Mauro (1897-1983), um dos pioneiros do cinema nacional. Por meio do conflito amoroso entre Bebel [Maitê Proença (1958)], Ticão (Edson Celulari) e Toni [Paulo César Grande (1958)], o diretor retorna ao período da presidência de Juscelino Kubitschek (1902-1976). Na época, o Brasil deixa de ser um país rural para se transformar em nação urbana. Este retorno aos tempos de Juscelino implica uma retomada da bossa nova. A homenagem a este movimento da música brasileira está na trilha sonora, realizada por Tom Jobim (1927-1994). Segundo o jornalista Maurício Stycer (1961), Brasa adormecida está repleto de personagens inspirados no imaginário infanto-juvenil, dos contos de fadas e das fábulas populares.

Após o lançamento de Brasa adormecida, Djalma leva para os palcos brasileiros, em 1991, sua versão da peça Calígula, do francês Albert Camus (1913-1960).

Bocage: o triunfo do amor (1997), seu último trabalho de ficção, é inspirado na figura mítica do poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805). O filme está dividido em partes que abordam temas específicos da vida do escritor: o amor erótico, a amizade, a religião, a liberdade e a língua portuguesa. Deixa de lado as normas de um cinema convencional para submeter a narrativa à poesia de seu protagonista. Segundo José Geraldo Couto (1957), “contra a corrente conservadora que tem dominado as telas do mundo, ‘Bocage’ é um filme radicalmente alegórico, que ignora as convenções narrativas e reinventa o espaço ao sabor de suas intenções poéticas”4. Os figurinos de Bocage, criados pelo estilista Lino Villaventura (1951), fazem referência a outras realizações cinematográficas.

Com criações artísticas originais e premiadas, Djalma Limongi Batista contribui de forma significativa para o estabelecimento e consolidação do cinema nacional.

Notas

1. NADALE, Marcel. Djalma Limongi Batista: livre pensador. São Paulo: Imprensa Oficial, 2005. p. 19.

2. XAVIER, Ismail. O cinema brasileiro moderno. São Paulo: Paz e Terra, 2001. p. 38.

3. COUTO, José Geraldo. Bocage, o triunfo do amor é criativo e vibrante. Folha de S.Paulo, São Paulo, 16 jan. 1998. Ilustrada, p. 4.

Obras 22

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Espetáculos 5

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Exposições 2

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Fontes de pesquisa 13

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  • BARONE, Vanessa. Figurino de ‘Bocage’ leva sua assinatura. O Estado de São Paulo, São Paulo, 26 jan. 1998. Caderno 2, p. D-7.
  • COUTO, José Geraldo. Bocage, o triunfo do amor é criativo e vibrante. Folha de S.Paulo, São Paulo, 16 jan. 1998. Ilustrada, p. 4.
  • FASSONI, Orlando L. O fantástico bailado dos marginais. Folha de S. Paulo, São Paulo, 7 set. 1974. Ilustrada, p. 29.
  • FASSONI, Orlando L. Telas da cidade estão cheias de bons filmes. Folha de S.Paulo, São Paulo, 26 abr. 1982. Ilustrada.
  • FEIRA do adultério. Rio de Janeiro: [s.n.], 1975. 1 ficha técnica do espetáculo. Disponível em: http://bjks-opac.museus.gov.br/cgi-bin/koha/opac-detail.pl?biblionumber=113265.
  • LABAKI, Amir. Limongi escorrega em clichês da brasilidade. Folha de S.Paulo, São Paulo, 14 mai. 1987. Ilustrada, p. A-33.
  • LABIRINTO: Balanço de Vida. São Paulo: [s.n.], 1973. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Cacilda Becker.
  • MOGADOURO, Flávio. Sonhos e poesias nas asas de um craque do futebol. O Estado de São Paulo, São Paulo, 27 set. 1989. Caderno 2, p. 48.
  • NADALE, Marcel. Djalma Limongi Batista: livre pensador. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2005. (Coleção aplauso. Série cinema Brasil). Disponível em: https://aplauso.imprensaoficial.com.br/edicoes/12.0.813.086/12.0.813.086.pdf. Acesso em: 16 fev. 2023.
  • PEREIRA, Edmar. Um sonho brasileiro. Filme Cultura, Rio de Janeiro, n. 41/42, p. 79-80, maio 1983.
  • STYCER, Maurício. Em busca do delicioso tempo perdido. O Estado de São Paulo, 14 mai. 1987. Caderno 2, p. 71.
  • UM HOMEM Indignado. São Paulo: [s.n.], 2005. 1 programa do espetáculo realizado no Centro Cultural Banco do Brasil.
  • XAVIER, Ismail. O Cinema brasileiro moderno. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

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