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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Brazil Ilustrado: Archivo de Conhecimentos Úteis

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 03.10.2022
01.1887
06.1887
A revista Brazil Ilustrado: Archivo de Conhecimentos Úteis é editada no Rio de Janeiro entre os meses de janeiro e junho de 1887, sob direção dos jornalistas José Ricardo Pires de Almeida (1843-1913) e Félix Ferreira (1841-1898). Distingue-se como fonte privilegiada de pesquisa para estudiosos da cultura nacional. Apesar de sua efemeridade, abor...

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A revista Brazil Ilustrado: Archivo de Conhecimentos Úteis é editada no Rio de Janeiro entre os meses de janeiro e junho de 1887, sob direção dos jornalistas José Ricardo Pires de Almeida (1843-1913) e Félix Ferreira (1841-1898). Distingue-se como fonte privilegiada de pesquisa para estudiosos da cultura nacional. Apesar de sua efemeridade, aborda assuntos variados e contém artigos importantes para a compreensão do ambiente artístico da corte no período que antecede a queda da monarquia e a instauração do regime republicano no país.

Em editorial, apresenta-se como uma publicação destinada a “[...] instruir recreando, especialmente em relação às coisas pátrias, à história, à geografia, usos, costumes, flora, fauna, paisagem e obras de arte do Brasil [...]” [1]. Apoiando-se nas habilidades artísticas do xilógrafo e editor Alfredo Pinheiro (1858-ca. 1901), a revista aposta no potencial das ilustrações dele e na defesa intransigente desta técnica. Ao longo de 12 exemplares, publica estampas de monumentos arquitetônicos, prédios públicos e paisagens, realizadas a partir de obras originais, executadas por artistas estrangeiros aqui residentes, como Émile Rouède (1848-1908), Castagneto (1851-1900) e Joseph Alfred Martinet (1821-1875).

O posicionamento da revista em favor da xilogravura fica evidente nos comentários de Félix Ferreira sobre as notas publicadas em outros periódicos sobre o lançamento da revista. Neste artigo, critica a falta de atenção dispensada pelos articulistas do Jornal do Commercio e de O Paiz à qualidade das ilustrações publicadas no Brazil Illustrado. Sentencia: “a xilografia é um poderoso agente da instrução popular, é a democracia na arte, a que põe ao alcance de todas as classes a cópia das mais belas obras-primas; e conseguintemente a sua introdução e desenvolvimento têm direito a algumas palavras ao menos de animação por parte daqueles a quem incumbe a missão de amparar tudo quanto se destina ao bem público” [2]. Tal colocação resume as ideias expressas em grande parte dos textos da revista e exemplifica o engajamento do crítico em favor do desenvolvimento e da modernização do país.

O Brazil Ilustrado privilegia a cobertura dos principais fatos relacionados ao universo artístico da corte. Engaja-se nos debates sobre a consolidação da “arte nacional” que, em meados da década de 1880, caracterizavam-se pelo confronto entre articulistas críticos e favoráveis à atuação da Academia Imperial de Belas Artes. Neste contexto, textos assinados por Ferreira, conhecido defensor e entusiasta do Liceu de Artes e Ofícios (LAO), ganham relevância, servindo como síntese do raciocínio desenvolvido pelo autor no livro Belas Artes: Estudos e Apreciações (1885).

O conjunto dos textos publicados no Brazil Ilustrado reafirma sua concepção estética, calcada no entendimento evolutivo da história universal da arte e na hierarquização das diferentes formas de expressão artística. Privilegia a análise de monumentos arquitetônicos brasileiros e exalta o neoclassicismo, elogiando os prédios projetados por Francisco Bethencourt Silva (1831-1911), então diretor do Liceu e professor de arquitetura da Academia. 

Em relação à pintura, Félix Ferreira demonstra o ecletismo de suas concepções e posiciona-se a favor do naturalismo. Reafirma a predileção pelas cenas de paisagem e pela pintura de gênero que, apropriando-se de temáticas nacionais, deveriam ter sua prática estimulada em detrimento da hierarquização proposta pelo ensino acadêmico. O crítico defende esses gêneros como estratégias compositivas apropriadas à constituição de uma estética característica da “escola brasileira”. Exalta sua adequação às necessidades da ciência e ao registro das peculiaridades culturais, geográficas e sociais do país incorporando os discursos que, desde meados da década de 1870, alimentam os debates artísticos no Brasil.

Félix Ferreira manifesta-se em favor da renovação artística e elogia as pinturas de Zeferino da Costa (1840-1915), ex-professor de Paisagem e Pintura Histórica da Academia que se dedica à decoração do coro da Igreja de Candelária, bem como as esculturas de Rodolpho Bernardelli (1852-1931). A crítica relacionada a estes trabalhos ganha relevância quando estes artistas passam a ocupar a diretoria da recém-fundada Escola Nacional de Belas Artes (Enba) no início da República.

O Brazil Illustrado publica também uma crítica elogiosa à estátua Cristo e a Adúltera (1881-1884), de Rodolfo Bernardelli, escrita por Antonio Ferreira Viana (1833-1903), político abolicionista que compõe o primeiro ministério republicano do país. Além dela, traz textos literários escritos por Gonzaga Duque (1863-1911) e José Veríssimo (1857-1916), autores que, anos depois, consagram-se como críticos importantes. Publicam, respectivamente, os livros Arte Brasileira: Estudos e Apreciações (1888) e História da literatura Brasileira (1916).

Notas

1. Ferreira, Félix. Editorial. Brazil Illustrado: archivo de conhecimentos úteis. Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, s.p., 1887.

2. Ferreira, Félix. Belas Artes. Brazil Illustrado: archivo de conhecimentos úteis. Rio de Janeiro, ano 1, n.  2, s.p., 1887.

Fontes de pesquisa 3

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  • Brazil Illustrado: archivo de conhecimentos úteis. Rio de Janeiro: Ateliê Artístico de Alfredo Pinheiro, jan-jun de 1887. (12 exemplares).
  • FERREIRA, Félix. Belas Artes: estudos e apreciações. Rio de Janeiro: Badomero Cerqueja Fuentes Editor, 1885.
  • SILVA, Rosangela de Jesus. Angelo Agostini, Felix Ferreira e Gonzaga Duque Estrada: contribuições da crítica de arte brasileira no século XIX. Revista de história da Arte e Arqueologia, Campinas, n. 10, jul.-dez. 2008.

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