Émile Rouède
![Paisagem Fluvial, MG, 1892 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/000750002013.jpg)
Paisagem Fluvial, MG, 1892
Émile Rouède
Óleo sobre madeira
Texto
Émile Rouède (Avignon, França, 1848 – Santos, São Paulo, 1908). Pintor, litógrafo, caricaturista, escritor, fotógrafo, compositor, cantor e professor. Chega ao Brasil em 1880 e fixa residência no Rio de Janeiro. Apresenta o quadro Vista do Saco do Alferes na Exposição da Sociedade Propagadora de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios, em 1882. Expõe seis quadros na Exposição Geral de Belas Artes de 1884: Navio Negreiro Fugindo de um Navio de Guerra Brasileiro; Subindo a Onda; O Pôr do Sol; Baía do Rio de Janeiro: Quadro Pintado em Onze Minutos; Efeito Noturno; e Marinha.
No decorrer de 1880, aproxima-se de intelectuais do período, como Olavo Bilac (1865-1918), José Carlos do Patrocínio (1853-1905), Aluísio Azevedo (1857-1913), Artur Azevedo (1855-1908) e Coelho Neto (1864-1934). Com Aluísio Azevedo escreve seis peças teatrais entre 1886 e 1891. Entre elas: Venenos que Curam, O Caboclo e Um Caso de Adultério.
Adere à causa abolicionista em 1888 e pinta quadros para angariar fundos para o movimento. No mesmo ano, escreve com Coelho Neto Indenização ou República, sobre o mesmo tema. Foge para Minas Gerais com Olavo Bilac, em 1891, após publicar charges satirizando membros do novo governo republicano. Em Ouro Preto, dá aulas de pintura e, em 1894, pinta o povoado Curral del Rey, que se torna depois Belo Horizonte. Em 1896, fotografa Diamantina. Muda-se para São Paulo em 1897. Vai para Santos no ano seguinte, onde pinta e escreve no jornal A Cidade de Santos. Morre na Santa Casa de Misericórdia dessa cidade no ano de 1908.
Análise
Émile Rouède incorpora todas as características de um artista viajante. Versátil, é pintor, músico, cantor, fotógrafo, jornalista, ilustrador, escritor, professor e, até mesmo, cozinheiro. Incursiona em todas essas áreas e, em algumas delas, alcança reconhecimento, sobretudo na pintura e no teatro.
Na produção pictórica, tem predileção pelas marinhas, devido ao ensino artístico que obtém quando integrante da guarda da Marinha espanhola, antes de chegar ao Brasil. Suas pinturas, sempre de pequenas dimensões – também traço de pintores viajantes – ora caracterizam-se por pinceladas rápidas, evidenciando o modo como o artista trabalha a tinta nas telas, ora exibem acabamento aprimorado. No primeiro caso, demonstra a habilidade do artista em pintar ao ar livre e do modo mais rápido possível, como evidencia o quadro Baía do Rio de Janeiro: Quadro Pintado em Onze Minutos. No segundo caso, o detalhamento de obras como Inauguração da Estátua de Tiradentes em Ouro Preto (1894), ligado à proximidade que muitos pintores, na segunda metade do século XIX, incluindo Rouède, têm com a fotografia.
De um modo ou de outro, as obras de Rouède não sobressaem. Esse traço leva o crítico de arte Gonzaga Duque (1863-1911) a transformar uma esperança depositada em suas primeiras marinhas apresentadas no Rio de Janeiro, em crítica à repetição por falta de estudo da natureza.
Obras 1
Paisagem Fluvial, MG
Exposições 3
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23/8/1884 - 30/11/1884
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11/1990 - 12/1990
Fontes de pesquisa 15
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- AYALA, Walmir. Dicionário de Pintores Brasileiros. Rio de Janeiro: Spala Editora, 1986.
- BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. O Brasil dos Viajantes. São Paulo/Salvador: Metalivros/Fundação Odebrecht, 1994. 3v.
- BOGHICI, Jean (org.). Missão Artística Francesa e pintores viajantes: França-Brasil no século XIX. Rio de Janeiro: Instituto Cultural Brasil-França, 1990.
- BRAGA, Theodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora, 1942.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- DUQUE, Gonzaga. A Arte brasileira: pintura e esculptura. Rio de Janeiro: H. Lombaerts & C., 1888. 254 p.
- DUQUE, Gonzaga. Graves e Frívolos: por assumptos de arte. Lisboa: Clássica, 1910. 164 p.
- FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
- REVISTA ILLUSTRADA. Rio de Janeiro: n. 294, ano VII, 1882.
- REVISTA ILLUSTRADA. Rio de Janeiro: n. 347, ano VIII, 1883.
- RIBEIRO, Marcus Tadeu D. (Org.). Emílio Rouède. 1. ed. Rio de Janeiro: Colorama, 1988.
- RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198).
Como citar
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ÉMILE Rouède.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa22974/emile-rouede. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7