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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Escolas Profissionais Masculina e Feminina do Brás

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.11.2023
28.11.1911 Brasil / São Paulo / São Paulo
As Escolas Profissionais Masculina e Feminina do Brás, em São Paulo, são criadas pelo Decreto nº 2118-B, de 28 de novembro de 1911, destinadas ao público infantil (a partir de 12 anos) e adulto. Trata-se de escolas especializadas no ensino das artes e ofícios, que visam à formação e à qualificação das camadas populares para o mercado de trabalho...

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As Escolas Profissionais Masculina e Feminina do Brás, em São Paulo, são criadas pelo Decreto nº 2118-B, de 28 de novembro de 1911, destinadas ao público infantil (a partir de 12 anos) e adulto. Trata-se de escolas especializadas no ensino das artes e ofícios, que visam à formação e à qualificação das camadas populares para o mercado de trabalho, na indústria e no comércio. Para os rapazes, as artes industriais: marcenaria, serralheria, pintura, mecânica e outras. Para as moças, a economia doméstica e prendas manuais: rendas e bordados, flores e chapéus. A Escola Profissional Masculina do Brás (atual Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas), especificamente, tem papel importante na formação de artesãos e artistas que se tornam, posteriormente, nomes destacados nas artes visuais brasileiras. Pelos cursos de pintura, desenho e estudos artísticos da escola passam os membros do Grupo Santa Helena - Alfredo Volpi (1896 - 1988), Bonadei (1906 - 1974), Rizzotti (1909 - 1972), Mario Zanini (1907 - 1971), Francisco Rebolo (1902 - 1980) e Manoel Martins (1911 - 1979), que muitas vezes freqüentam também as aulas do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo - Laosp. Num período em que poucas são as escolas primárias e em menor número ainda as secundárias e de ensino superior, a instituição oferece cursos noturnos gratuitos para a população de baixa renda.

O ensino profissionalizante, desde o império, está voltado para o trabalhador e sua família. Concentradas na instrução básica - aulas de caligrafia, gramática e aritmética - e na aprendizagem de ofícios diversos, que capacitem para o mercado de trabalho, as escolas profissionais e técnicas, com forte caráter assistencial, fornecem material didático e assistência médica aos alunos e mantém um biblioteca pública. Com o advento da república, observa-se a propagação do ensino primário e profissionalizante por todo o Brasil. Em 1906, por exemplo, o presidente Nilo Peçanha cria uma rede de 19 escolas de aprendizes-artífices em diferentes capitais. No Estado de São Paulo, nesse período, os grupos escolares se irradiam para os bairros operários da Luz, Bom Retiro, Brás e Mooca. No campo da formação profissional, nota-se do mesmo modo a proliferação de instituições: a Escola Prática de Comércio de São Paulo, em 1902; o Liceu de Artes e Ofícios dos Padres Salesianos, além do Liceu de Artes e Ofícios; a Escola Profissional Mecânica, instituição privada, criada em 1924. Às iniciativas do Estado somam-se as realizações das organizações de trabalhadores, que promovem uma série de atividades relacionadas à educação profissional, entre 1902 e 1920. Em São Paulo, a difusão dos ideais anarquistas nos meios operários está na base da criação de duas escolas, uma no bairro do Belenzinho, em 1912 e outra no Brás, em 1918, que têm como modelo a Escola Moderna, fundada em 1901 pelo educador espanhol Francisco Ferrer y Guardia (1859 - 1909). Nesses bairros - com grande concentração operária e imigrante, e um número significativo de fábricas e oficinas - funcionam, desde o fim do século XIX, algumas escolas modelos, pensadas como laboratórios para formação de professores. Como, por exemplo, a Escola Modelo do Brás, inaugurada em 1898, em edifício projetado por Ramos de Azevedo (1851 - 1928).

As Escolas Profissionais Feminina e Masculina do Brás são fundadas no interior desse processo de difusão de estabelecimentos de ensino para os trabalhadores e seus filhos na Primeira República. Além da capacitação técnica e profissional, afinadas com o ideário modernizador de uma sociedade que assiste aos primeiros passos de seu processo industrial, essas escolas apostam também na função moralizadora da educação voltada para o trabalho. Além de bons trabalhadores, e da valorização do trabalho manual em um país recém-saído da escravidão, deve-se formar "bons cidadãos". Os cursos, que duram cerca de três anos, são elaborados com base em aulas teóricas - português, geografia, aritmética etc. - e práticas, realizadas nas oficinas e ateliês. O desenho constitui o núcleo central do currículo, habilitando o artesão e operário para à execução de projetos e planos. As aulas de desenhos garantem ainda a "educação pela correção da visão e firmeza da observação", articulando de modo exemplar habilitação técnica-especializada e formação moral.

Fontes de pesquisa 3

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  • BONTEMPI Jr., Bruno. Do vazio à forma escolar moderna: a história da educação como um fardo na cidade de São Paulo. In: PORTA, Paula (org). História da cidade de São Paulo. A cidade no Império, 1823 - 1889. São Paulo: Paz e Terra, 2004. 627 pp., il p&b. color. v.2.
  • CUNHA, Luiz Antonio. O ensino industrial - manufatureiro no Brasil: origem e desenvolvimento. Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais - FLACSO. Disponível em: [http://www.flacso.org.br/data/biblioteca/392.pdf]. Acesso em: ago. 2006.
  • NOVELLI, Giseli. Ensino Profissionalizante na cidade de São Paulo: um estudo sobre o currículo da Escola Profissional Feminina nas décadas de 1910, 1920 e 1930. Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação - ANPED. Disponível em: [http://www.anped.org.br/27/gt09/t0910.pdf]. Acesso em: ago. 2006.

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