Teatro Duse
Texto
Criado por Paschoal Carlos Magno (1906-1980), o Teatro Duse abriga o Teatro do Estudante (TE)1 e é um dos espaços teatrais que lideram, junto ao seu grupo, o movimento em favor da formação de profissionais dando espaço para o trabalho e atuação de estudantes das artes cênicas.
Quando Paschoal Carlos Magno transforma o andar térreo de sua residência em um teatro. O TE e o Teatro Duse iniciam um movimento que vincula o aprendizado do teatro à escola e, por meio da atuação de amadores, renova o teatro brasileiro nas décadas de 1940 e 1950, cultivando a idéia do estudo e da técnica em substituição ao improviso e ao talento nato.
Durante seus quatro anos de existência, o Teatro Duse é palco de 21 espetáculos de autores brasileiros inéditos, entre eles Frankel, de Antônio Callado (1917-1997); Lampião, de Rachel de Queiroz (1910-2003) e João Sem Terra, de Hermilo Borba Filho (1917-1976). Além de abrigar montagens, o Teatro Duse se dedica ao ensino da profissão que, em cursos de um ano de duração, inclui o estudo da prosódia, da história do teatro, da caracterização, da mímica e do texto. Esther Leão (1892-1971) é a professora encarregada de ensinar aos alunos a arte de interpretar. Entre os demais professores, figuram artistas como Bibi Ferreira (1922-2019), Nina Ranewsky e Adacto Filho (?-1963).
O Teatro Duse abre-se a outros grupos amadores, que se apresentam em sua sala de espetáculos. Faz também produções conjuntas, em que reúne profissionais convidados e alunos do TE. Nestas ocasiões dão preferência a autores estrangeiros e a textos ainda inéditos no Brasil, como Espectros, de Henrik Ibsen, e peças em um ato, de Anton Tchekhov (1860-1904).
Em 1956, o Teatro Duse encerra suas atividades. Em abril de 1958, com o patrocínio da Sociedade Brasileira de Arte, reabre, com direção de Paschoal e com Luís de Lima (1925-2002) como professor e diretor de espetáculos. Após quatro meses é fechado novamente, tendo produzido um espetáculo, apresentado no Primeiro Festival Nacional de Teatro de Estudantes, em Recife.
O Teatro Duse configura-se como um importante espaço para o teatro nacional ao abrigar, além de espetáculos de textos clássicos nacionais e estrangeiros, iniciativas de formação proporcionando ensino a jovens estudantes de artes cênicas, bem como o encontro com importantes nomes da arte no Brasil.
Nota
1. Paschoal Carlos Magno, antes de criar o Teatro do Estudante (TE), em 1952, participa da criação do Teatro dos Estudantes do Brasil (TEB), vinculado à Casa dos Estudantes do Brasil (CEB). A criação do Teatro Duse acontece concomitantemente ao afastamento de Paschoal Magno do TEB e sua transição entre os grupos acontece após uma turnê do TEB pelo norte e nordeste, em 1951.
Espetáculos 18
Fontes de pesquisa 3
- MAGALDI, Sábato. Depois do espetáculo. São Paulo: Perspectiva, 2003.
- MOLINA, Diego. Teatro Duse: o primeiro teatro-laboratório do Brasil. Rio de Janeiro: Funarte, 2015. Disponível em: https://www.funarte.gov.br/wp-content/uploads/2020/02/Teatro-Duse_Web.pdf. Acesso em: 24 fev. 2022.
- Teatro do Estudante do Brasil, Teatro Universitário e Teatro Duse. Dionysos, Rio de Janeiro, n. 23, set. 1978. Edição especial.
Como citar
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TEATRO Duse.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/instituicao233326/teatro-duse. Acesso em: 05 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7