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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 27.10.2021
2006
O maestro, saxofonista, flautista e percussionista baiano Letieres Leite (1959-2021) começa como pintor e gravador aos 13 anos, com uma exposição na Biblioteca Central de Salvador, e  integra a orquestra afro-brasileira do Colégio Severino Vieira, sob direção  da musicóloga Emilia Biancardi. Cursa artes plásticas na Universidade Federal da Bahia...

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O maestro, saxofonista, flautista e percussionista baiano Letieres Leite (1959-2021) começa como pintor e gravador aos 13 anos, com uma exposição na Biblioteca Central de Salvador, e  integra a orquestra afro-brasileira do Colégio Severino Vieira, sob direção  da musicóloga Emilia Biancardi. Cursa artes plásticas na Universidade Federal da Bahia (UFBA). E como músico profissional trabalha inicialmente em Salvador com Geronimo, Saul Barbosa, Cozinha Baiana e Andrea Daltro. Muda-se para o Sul do Brasil, mora em Santa Catarina e, posteriormente, no Rio Grande do Sul, onde funda as bandas Espírito da Coisa, Abelha Rainha e Neutrons. Toca com Nei Lisboa (1959), Renato Borghetti (1963), Antonio Villeroy e escreve arranjos para a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa). Vai para a Áustria e em 1986 ingressa no Franz Schubert Konservatorium (Conservatório Franz Schubert), em Viena. Divide o palco com o pianista norte-americano Gil Goldstein (1950), grupo Hip-Noses, Paulo Moura (1933-2010) no Festival de Montreux e no Zurich Jazz Festival, Hermeto Pascoal (1936), Nico Assumpção (1954-2001), Raul de Souza (1934) e Marcio Montarroyos (1948-2007).

Após dez anos fora do Brasil, retorna ao país e passa a lecionar música e acompanhar shows e gravações de vários artistas. Em 2006, cria a Orkestra Rumpilezz, cuja formação traz, além dele, 19 músicos, sendo cinco percussionistas (que tocam surdo, timbau, caixa, agogô, pandeiro, caxixi e atabaque) e 14 instrumentistas de sopro (quatro trombonistas, quatro trompetistas, um flautista, seis saxofonistas e uma tubista). O nome da banda expressa suas principais influências. A palavra “rumpilezz” junta o nome do três principais atabaques do candomblé (ru, rumpi e , que correspondem respectivamente aos tons grave, médio e agudo) com o “z” duplo do jazz norte-americano. O “k” em Orkestra  retoma o original etimológico grego. A música da Orkestra Rumpilezz realiza um diálogo de batidas do candomblé com as dinâmicas do jazz. Letieres Leite também cita outras referências do universo rítmico baiano, como os blocos Ilê Ayê, Filhos de Gandhi e Olodum e o samba do Recôncavo, além do trabalho dos compositores Gilberto Gil (1942) e Dorival Caymmi (1914 - 2008).

A ideia para a concepção do projeto nasce em 1994, em Viena, onde Letieres Leite vive por seis anos, como estudante de sax e flauta no Conservatório Franz Schubert. De volta ao Brasil, cria a Academia de Música da Bahia, e começa a pesquisa de mistura da tradição do terreiro com o aprendizado no conservatório.

Antes de gravar o primeiro disco, a banda divulga algumas composições na internet e colhe elogios de músicos consagrados e de diferentes contextos da música brasileira, como Airto Moreira (1941), Arrigo Barnabé (1951), Ed Motta (1971) e Eumir Deodato (1943). Esse prestígio junto a outros músicos e a boa repercussão dos shows da banda chamam atenção da mídia e geram expectativa em torno do lançamento do disco. Nas apresentações, os instrumentistas se distribuem no palco no formato de uma ferradura e os percussionistas se posicionam no centro.

Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz, seu primeiro disco, é gravado na sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador, Bahia, e mixado em Nova York no estúdio Legacy, e é lançado em 2009. O trabalho tem dez músicas, nove delas instrumentais e compostas por Leite. A exceção é Balendoah, composta e cantada por Ed Motta e já gravada por ele no álbum Aystelum, de 2005. No encarte do disco, Leite aponta as referências de cada uma das faixas. A primeira, A Grande Mãe, traz o chamado toque vassi, que no candomblé é usado para convocar as divindades (orixás). Taboão é um samba-reggae dedicado a um dos criadores do ritmo, Neguinho do Samba (1955 - 2009), e ao grupo que divulgou o ritmo mundo afora, o Olodum. O uso exclusivo de percussões e sopros nos arranjos confere uma característica inovadora à música instrumental brasileira e chama atenção para a diversidade rítmica baiana. A abordagem jazzística gera comparações com o trabalho do maestro e compositor pernambucano Moacir Santos (1926 - 2006), que mistura elementos da música erudita com ritmos brasileiros e jazz desde seu primeiro disco, Coisas, de 1965.

Leite escreve sobre as inspirações da Orkestra Rumpilezz no encarte do disco. “Com suas complexas estruturas rítmicas, rigorosamente organizadas, as origens deste universo percussivo estão na música sacra dos candomblés, que sempre as preservaram. Com o passar dos anos, esses ritmos foram ganhando as ruas, modificaram-se e influenciaram os mais diversos estilos musicais. Tanto as composições quanto os arranjos são baseados nas claves e desenhos rítmicos do universo percussivo baiano, em que as variações melódicas procuram ser fiéis às células rítmicas. Nesse contexto, os instrumentos de sopro também desempenham um papel percussivo.”

Antes de formar a Orkestra Rumpilezz, Leite trabalha, entre 1998 e 2010, como arranjador e integrante da banda de Ivete Sangalo, uma das cantoras mais bem-sucedidas do gênero rotulado como axé music. São de Leite os arranjos de alguns dos maiores sucessos dela, como Festa, Tô na Rua e Abalou. Antes e durante o período ao lado de Ivete Sangalo, ele trabalha com outros artistas associados ao gênero, como Daniela Mercury (1965), Claudia Leitte (1980), Timbalada, Cheiro de Amor, Margareth Menezes (1962), Jammil e Uma Noites e Olodum. Questionado frequentemente na mídia sobre a diferença de trabalhar em um projeto mais sofisticado (Orkestra Rumpilezz) e outro mais popular (axé music), Leite argumenta que a inspiração é a mesma nos dois casos: a diversidade percussiva da música baiana.

Ele produz em parceria com Duani Martins (1978) o terceiro disco da cantora Mariana Aydar (1980), Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo, em 2011. No ano seguinte, assina orquestrações para o disco O Deus que Devasta Também Cura, de Lucas Santtana (1970). Em 2011, Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz é a única atração brasileira do BMW Jazz Festival, que ocorre em São Paulo e no Rio de Janeiro e traz nomes importantes do jazz norte-americano como os saxofonistas Wayne Shorter (1933) e Joshua Redman (1969) – com este, a banda faz quatro shows no Brasil em 2012. Em 2016, lançam pelo sele SESC o CD A Saga da Travessia, segundo disco da trajetória da orquestra.

Mídias (2)

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Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz -- "Taboão" - Rumos Música: Mapeamento (2011)
Apresentação gravada dentro do programa Rumos Música 2010-2012, carteira Mapeamento, em agosto de 2011, no Itaú Cultural, em São Paulo/SP. A carteira Mapeamento é dedicada à difusão e articulação de músicos que já possuem trabalho desenvolvido. Foram selecionados 25 dos 1998 inscritos.
Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz no Auditório Ibirapuera (2013)
Em junho de 2013, a Orkestra Rumpilezz, que reúne percussão e sopros, sob a regência do maestro Letieres Leite, subiu ao palco do Auditório Ibirapuera com suas composições inspiradas no centro de Salvador.

Fontes de pesquisa 5

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