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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Airto Moreira

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 17.07.2024
05.08.1941 Brasil / Santa Catarina / Itaiópolis
Airto Guimorvan Moreira (Itaiópolis SC 1941). Percussionista, baterista, compositor e arranjador. Ainda pequeno vai morar em Ponta Grossa, Paraná, e posteriormente em Curitiba. Suas primeiras influências musicais vêm do rádio, ouvindo Dalva de Oliveira, Paraguaçu e Vicente Celestino. Apresenta-se semanalmente em uma rádio local e é matriculado n...

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Biografia
Airto Guimorvan Moreira (Itaiópolis SC 1941). Percussionista, baterista, compositor e arranjador. Ainda pequeno vai morar em Ponta Grossa, Paraná, e posteriormente em Curitiba. Suas primeiras influências musicais vêm do rádio, ouvindo Dalva de Oliveira, Paraguaçu e Vicente Celestino. Apresenta-se semanalmente em uma rádio local e é matriculado na Academia de Música de Ponta Grossa. Torna-se profissional aos 13 anos, cantando, tocando bateria e percussão nas bandas de Curitiba, entre elas a Jazz Estrela. Em 1957, muda-se para São Paulo. No início da década de 1960 integra o conjunto Sambalanço Trio, com César Camargo Mariano (piano) e Humberto Clayber (baixo). Lança quatro discos com o grupo: Sambalanço Trio (1964), Lennie Dale e o Sambalanço Trio (1965), Sambalanço Trio (1965) e Reencontro com Sambalanço Trio. Ainda em 1965, participa do LP Raulzinho - À Vontade Mesmo, do trombonista Raul de Souza, além do disco Em Som Maior, com o Sambrasa Trio, conjunto formado por ele, Hermeto Pascoal e Humberto Clayber. No mesmo ano, conhece a cantora e compositora Flora Purim, com quem se casa.

Em 1966, acompanhado da cantora Tuca, vence o Festival Nacional de Música Popular com Porta-Estandarte (Geraldo Vandré e Fernando Lona). Grava o disco Sansa Trio vol. 2, com José Briamonte, ao piano, e José Ordoñez, no contrabaixo. Moreira forma o Quarteto Novo, com Hermeto Pascoal (piano e flauta), Theo de Barros (violão e contrabaixo) e Heraldo do Monte (guitarra e viola). No ano seguinte, o conjunto acompanha Edu Lobo e Marília Medalha na conquista do 3º Festival da Música Brasileira, com Ponteio (Edu Lobo e José Carlos Capinan), e lança o disco Quarteto Novo.

Muda-se para os Estados Unidos, em 1967. Depois de viver em Los Angeles, na Califórnia, segue para Nova York e toca com os músicos de jazz Cannonball Adderley, Paul Desmond e Joe Zawinul, que o apresenta ao trompetista Miles Davis. Passa a fazer parte da banda do trompetista, ao lado de Wayne Shorter, Chick Corea, Dave Holland e Jack DeJohnette. De 1969 a 1974, participa da gravação de 11 discos de Davis, entre eles The Complete Bitches Brew Sessions (Columbia, 1969), Miles Davis at Fillmore (Columbia, 1970), Directions (Columbia, 1970), Live Evil (Sony, 1970) e Big Fun (Sony, 1972). No período de 1970 a 1980, integra os grupos de Wayne Shorter, com quem grava os discos Super Nova (1969), Native Dancer (1975), High Life (1995); e de Chick Corea, participando dos discos Return to Forever (1972) e Light as a Feather (1972). Em 1970, lança seu primeiro disco autoral, Natural Feelings, e, em 1974, forma sua própria banda, Fingers, ao lado de Flora. 

No decorrer da carreira, acompanha artistas como Herbie Hancock, Quincy Jones, Gil Evans, Ron Carter, Carlos Santana, McCoy Tyner, Dianne Reeves, Dizzy Gillespie, George Benson, Keith Jarrett, Tina Turner, grava com Tom Jobim (Tide, Stone Flower e Jobim), Edu Lobo (Sergio Mendes Presents Edu Lobo), Eumir Deodato (In Concert), Hermeto Pascoal (Slave Mass) e Milton Nascimento (Milton). Desde 1973, ganha o prêmio de melhor percussionista pela revista especializada Downbeat por mais de 20 vezes. Colabora nas trilhas dos filmes Último Tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci, O Exorcista (1973), de William Friedkin, e Apocalipse Now (1979), de Francis Ford Coppola. Entre 1992 e 1998, lança cinco discos à frente do grupo Fourth World, com Flora Purim, José Neto (guitarra) e músicos convidados. De 2002 a 2005 dá aulas de etnomusicologia na Universidade da Califórnia (Ucla). Em 2003, lança o álbum Life After That.

Comentário Crítico
Em todas suas áreas de atuação artística, Airto Moreira obtém grande destaque como instrumentista. Com quase 60 anos de carreira profissional, ganha notoriedade no exterior, principalmente nos Estados Unidos, onde mora há mais de quatro décadas. No Brasil, é considerado um dos maiores percussionistas e bateristas, ao lado de nomes como Edison Machado, Dom Um Romão, Wilson das Neves, Milton Banana e Naná Vasconcelos. Com os grupos de que participa no Brasil, o Sambalanço Trio, o Sambrasa Trio e o Quarteto Novo, evidencia a tônica dos trios nacionais da época: evoluir em relação à bossa nova (ainda que tocando também standards do gênero, como Pra que Chorar, Balanço Zona Sul e Chega de Saudade) com arranjos e temas mais complexos e explorando as influências do jazz norte-americano, mesclando com o ritmo e elementos da música brasileira. Exemplos disso são as gravações de Aleluia (Edu Lobo e Ruy Guerra) e Arrastão (Edu Lobo e Vinicius de Moraes), no disco Em Som Maior, com o Sambrasa Trio; O Ovo (Hermeto Pascoal) e Síntese (Heraldo do Monte), no disco Quarteto Novo; e Berimbau e Consolação (ambos de Vinicius de Moraes e Baden Powell) e O Morro Não Tem Vez (Vinicius de Moraes e Tom Jobim), com o Sambalanço Trio.

Como baterista, é reconhecido por interpretar composições complexas com naturalidade, com firmeza na cadência e no ritmo e viradas e improvisos criativos. Atuando como percussionista, ganha destaque ao acrescentar motivos e complementos coerentes com os temas musicais. Exemplo emblemático são os apitos que imitam pássaros, gravados por Moreira no disco Matita Perê, de Tom Jobim. Nessa área, tem preferência por pandeiro, triângulo, berimbau e caxixi. Versátil, chama atenção dos músicos estrangeiros por tocar mais de cem instrumentos de percussão diferentes, essencialmente brasileiros, apresentando novas possibilidades para o jazz. É justamente a combinação de sua originalidade (instrumentos exóticos para os norte-americanos) que faz com que participe de discos de Miles Davis, Wayne Shorter, Herbie Hancock, Chick Corea, Cannonball Adderley, Paul Desmond, Keith Jarrett, Dizzy Gillespie, Quincy Jones, Ron Carter.

Como arranjador, colabora na concepção dos discos de todos os artistas com quem toca no decorrer da carreira, mas evidencia seu talento nessa área, principalmente, em seus álbuns autorais e nos registrados ao lado de sua esposa, Flora Purim. Assim, ele confere unidade aos trabalhos e explora novas sonoridades, texturas e formações, reinventando-se a cada lançamento. Destaque para os arranjos de Andei, Bebê e Terror (todos os temas assinados por Hermeto Pascoal), no disco Natural Feelings; Aleluia (Edu Lobo e Ruy Guerra), no álbum Em Som Maior, do Sambrasa Trio; O Galho da Roseira (Airto Moreira), em Seeds of the Ground; Flora on My Mind (Airto Moreira), em Identity; e La Tumbadora (Airto Moreira), em I'm Fine - How Are You?.

Como compositor, seus temas são complexos e apresentam regionalismos brasileiros, sem deixar de soar universais. Ele compõe em diversos gêneros (frevo, choro, samba, maracatu), em músicas instrumentais ou com versos assinados por parceiros. Autor de mais de 200 músicas, tem preferência pela divisão rítmica em 7/4 e, nesse tipo de divisão, estão as composições Tombo em 7/4, do disco Fingers, de 1973, e Misturada (Mixing), registrada nos álbuns Quarteto Novo, de 1967, e Natural Feelings, de 1971. Outros temas que ganham reconhecimento são Povo da Lira, de Fourth World, disco registrado com Flora Purim e José Neto, em 1998, e Mulata e Futebol, de Life After That, de 2003.

Airto Moreira influencia uma série de músicos no Brasil e no exterior. Por estrangeiros, destaque para Airto, de 2000, composto pelo baterista Charlie Watts, dos Rolling Stones, em projeto com o também instrumentista Jim Keltner. No Brasil, Amoreira, escrito pelo pianista Jovino Santos Neto, registrado no álbum Alma do Nordeste (2008). As composições Tombo em 7/4 e Celebration Suite, de Airto Moreira, é sampleada e utilizada na música Samba de Janeiro, da dupla de DJs Bellini Brothers, na década de 2000, fazendo sucesso nas pistas de dança e nas rádios da Europa. Outra composição de Moreira mundialmente conhecida é Maracatu, gravada com o grupo japonês de percussão Kodo, escolhida para ser uma das músicas oficiais da Copa do Mundo de 2002, sediada no Japão e na Coreia do Sul.

Obras 64

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Fontes de pesquisa 5

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  • ECHEVERRIA, Regina. Furacão Elis. Rio de Janeiro: Editora Nórdica. 1985.
  • MARIANO, César Camargo. Solo - César Camargo Mariano - Memórias. São Paulo, Editora Leya, 2011.
  • NOBILE, Lucas. Sr. Percussão. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 24 out. 2011. Caderno 2.
  • SEVERIANO, Jairo; MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras (vol. 2: 1958-1985). São Paulo: Editora 34, 1998. (Coleção Ouvido Musical).
  • WILLIAMS, Richard. Kind of Blue - Miles Davis e o Álbum Que Reinventou a Música Moderna. São Paulo. Editora Casa da Palavra, 2011.

Como citar

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