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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Azulejo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 17.07.2018
Termo, cuja raiz etimológica árabe (az-zulaich) designa peça de cerâmica vitrificada e/ou esmaltada usada, sobretudo, no revestimento de paredes. A origem das técnicas de corte e fabricação de azulejos é oriental, mas sua expansão pela Europa traz consigo uma diversificação de estilos, padrões e usos, que podem ser decorativos, utilitários e arq...

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Definição

Termo, cuja raiz etimológica árabe (az-zulaich) designa peça de cerâmica vitrificada e/ou esmaltada usada, sobretudo, no revestimento de paredes. A origem das técnicas de corte e fabricação de azulejos é oriental, mas sua expansão pela Europa traz consigo uma diversificação de estilos, padrões e usos, que podem ser decorativos, utilitários e arquitetônicos. O mundo árabe assimila, desde o século IX, a prática de uso de azulejos na arquitetura que remonta a longínquas tradições orientais, assírias, persas, egípcias e chinesas. Datam dos séculos XV e XVI as primeiras tentativas ocidentais de emprego da cerâmica - escultórica e azulejera - na decoração e valorização da arquitetura exterior, quebrando, com desenhos e cores, a monotonia das fachadas de tijolos dos palácios e templos religiosos Em paredes, frisos e coberturas, os azulejos renovam a decoração exterior, permitindo soluções inéditas pelo uso de cores, traçados e desenhos.

Se a disseminação do azulejo na Europa atravessa fronteiras, atingindo diversos países, é possível localizar na Península Ibérica, um apreço especial pelo uso do azulejo na decoração interior e exterior das residências, igrejas e palácios. O azulejo mudéjar (dos mouros que permanecem na Península sob domínio cristão) domina o revestimento arquitetônico de Lisboa e das regiões próximas, desde o século XV, coincidindo sua ampla utilização com o florescimento do estilo manuelino. As "casas de louça" se beneficiam da produção da cidade de Sevilha, berço de artífices de origem mouresca. Azulejos hispano-mouriscos são utilizados em palácios (Palácio Real de Sintra), conventos, residências nobres e da alta burguesia. Produto caro no Portugal quinhentista e seicentista, o azulejo é preferencialmente empregado nos interiores (mais protegidos), sendo o seu uso exterior limitado, nesse momento, às cúpulas das igrejas, torres e pináculos (Torre e relógio da Sé velha de Funchal e Torre da Catedral de Évora). Aos poucos, os espaços intermediários entre interior e exterior - loggias, alpendres, pátios e claustros - vão conhecendo os azulejos que acabam por interferir no embelezamento de todo o conjunto (Pátio do Repuxo do Palácio de Sintra).

Marcas italianas podem ser encontradas na cerâmica ornamental aplicada à arquitetura por toda a Europa e também em solo português. Medalhões e baixos-relevos confeccionados nas oficinas dos Della-Robia e de Urbino chegam a Portugal no século XVI, assim como as peças de faiança italiana, produzidas desde o século XIII. O estilo flamengo se imprime na cerâmica utilitária e arquitetônica por meio da faiança e do azulejo liso de uma só cor, ambos difundidos a partir da cidade de Antuérpia. O século XVI assiste à fabricação em escala comercial do azulejo, o que contribui para o barateamento e ampliação de seu uso. No século seguinte, generaliza-se o azulejo "de padronagem" ou de "tapete" (próximo, em efeito, dos tecidos ornamentais), ainda mais econômico e de fácil execução. Com o auge da azulejaria portuguesa no século XVIII, o "azulejo historiado" passa a substituir as grandes tapeçarias; diferenciando-se da azulejaria de padronagem pelos motivos figurados e pelas narrativas que propõem, passam a ser empregados em painéis internos, mas também em fachadas, terraços e escadas exteriores (por exemplo, Casa Galache, Vila Franca de Xira). O Romantismo traz consigo a revalorização das antigas tradições nacionais e, com elas, é retomado o gosto pelos baixos-relevos (da Babilônia e da Pérsia, por exemplo), a arte dos Della-Robia e as faianças francesas de Bernard Pallissy (1510 - 1589). Por outro lado, o incremento da produção industrial solapa a azulejaria artística que resiste a partir de uns poucos exemplos. Em Portugal, são os discípulos da antiga Fábrica de Louças do Rato (Luís das Tabuletas e Antonio Manuel de Jesus, entre outros) aqueles que se mantém dedicados ao artesanato com azulejos. A obra cerâmica do português Bordalo Pinheiro (1846 - 1905) é exemplar da tentativa de combinar a produção industrial (o uso do azulejo liso, por exemplo) com a cerâmica artística e artesanal (fundo do lavabo do Palácio de Beau-Séjour, Benfica, além de várias residências burguesas nos arredores de Lisboa).

A contribuição de Portugal no campo da azulejaria repercute no Brasil desde o período colonial. A arquitetura brasileira - da colônia a atualidade - utiliza amplamente o azulejo em fachadas, painéis decorativos, espaços internos e externos. Os grandes casarões coloniais das regiões açucareiras do país; os sobrados e casario dos principais centros urbanos (Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e Belém) e os conventos e igrejas barrocas (Convento da Ordem Terceira de São Francisco, Salvador e Igreja de Santo Antonio, João Pessoa), atestam a importância do emprego do azulejo entre nós. A arquitetura nacional faz uso tanto da azulejaria de padrão - não historiada -, quanto da "técnica do alicato" (recorte de placas cerâmicas esmaltadas, com cores variadas e feitios diversos de polígonos) e das formas figuradas compondo amplos painéis narrativos. Os azulejos importados de Portugal, mas também da Espanha, Holanda e França, povoam as construções do Brasil independente, fazendo-se presentes em frisos, ornamentos, arremates e painéis (vide o conjunto do atual Museu do Açude, no Rio de Janeiro, que remonta ao final do período joanino, 1845-1850).

A arquitetura brasileira do século XX assiste à utilização dos azulejos em obras públicas e residenciais. Lembremos as residências projetadas por Ricardo Severo (1869 - 1940), expressão maior do movimento neocolonial entre nós (por exemplo, o palacete Numa de Oliveira 1916, na avenida Paulista) ou as construções de Victor Dubugras (1868 - 1933), arquiteto importante pelas construções art nouveau, cujas obras se notabilizam também pelo uso de azulejos, entre outros, o Conjunto dos Pousos do Caminho do Mar e reurbanização do Largo da Memória, no centro de São Paulo, com o "Painel do Rancho da Maioridade" de Wasth Rodrigues (1891 - 1957). A arquitetura moderna retoma o azulejo como elemento decorativo importante, por exemplo as paredes e painéis que decoram o Conjunto Habitacional Pedregulho e o edifício do Ministério da Educação e Saúde, ambos no Rio de Janeiro, e a Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, Belo Horizonte. Athos Bulcão (1918) também utiliza em vários edifícios públicos de Brasília. Candido Portinari (1903 - 1962) e Rossi Osir (1890 - 1959) são alguns dos principais responsáveis pelos trabalhos em azulejo presentes nas construções arquitetônicas modernas. Este último criaria, com Mario Zanini (1907 - 1971), e Alfredo Volpi (1896 - 1988), a Osirarte, que atuaria por vinte anos no mercado nacional produzindo obras artísticas em azulejos.

Fontes de pesquisa 4

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  • ALCÂNTARA, Dora de (org). Azulejos na cultura luso-brasileira. Brasília ; Rio de Janeiro: Ministério da Cultura (MINC) : Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), 1997. 110 p. il. p& b. color.
  • DIAS, Maria Cristina Vereza Iodi (org). Patrimônio azulejar brasileiro. Aspectos históricos e de conservação. Brasília, Monumenta/ BID/ Ministério da Cultura, 2001. 195p. il. p&b. color.
  • MORAIS, Frederico. Azulejaria contemporânea no Brasil. São Paulo: Editoração Publicações e Comunicações, 1990. 143 p. il. p &b. color. v.2.
  • PANIGUA, José Ramon. Vocabulário básico de arquitectura. 7.ed. Madrid: Ediciones Cátedra, s.d. 339 p. il. p&b.

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