Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Design

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 06.02.2015
O design - do latim de + signare, e este de signum, "sinal", "símbolo", e em inglês, "projeto" e/ou "esboço" - deve ser pensado em relação às artes aplicadas, isto é, nas diferentes modalidades da produção artística que se orientam para o mundo cotidiano, pela criação de objetos de uso corrente, e englobam parte da arquitetura, das artes decorat...

Texto

Abrir módulo

Definição
O design - do latim de + signare, e este de signum, "sinal", "símbolo", e em inglês, "projeto" e/ou "esboço" - deve ser pensado em relação às artes aplicadas, isto é, nas diferentes modalidades da produção artística que se orientam para o mundo cotidiano, pela criação de objetos de uso corrente, e englobam parte da arquitetura, das artes decorativas, das artes gráficas etc. Ele se beneficia de diversas artes, dialogando com elas para a criação de modelos e protótipos que estão na origem de ampla gama de produtos artísticos voltados para a vida comum: pôster, embalagem, capa de livros e revistas, moda, mobiliário, objetos utilitários, desenho industrial e outros. E se insere no seio da sociedade industrial, fruto da íntima articulação instaurada entre arte, indústria e mercado. As raízes da arte do design podem ser encontradas nas corporações de ofícios que predominam como locus privilegiado da produção e da formação artísticas até pelo menos o século XVI, na criação das academias de arte, e da separação entre belas-artes e artesanato.

A oposição entre arte e artesanato instaurada pela arte renascentista - para a qual o artista é um intelectual, munido de formação científica e humanística - é contestada em diversos momentos pela arte moderna. Na segunda metade do século XIX, na Inglaterra, por exemplo, teóricos e artistas reunidos no arts and crafts, com a liderança de John Ruskin e William Morris, reafirmam a importância do trabalho artesanal diante da mecanização industrial e da produção em massa. Esse movimento lança-se à recriação das artes manuais em plena era industrial, produzindo tecidos tingidos e estampados à mão, móveis, livros etc. Os padrões de Morris para papéis de parede são bastante conhecidos e ainda hoje comercializados.

O movimento de artes e ofícios está nas origens do art nouveau europeu e norte-americano, que se desenvolve entre 1890 e 1918, ao matizar as fronteiras entre arte e artesanato pela valorização dos ofícios e trabalhos manuais, embora as filosofias dos movimentos sejam distintas. Menos que uma atitude de recusa à indústria, a produção art nouveau coloca-se no seu interior, valendo-se dos novos materiais do mundo moderno - ferro, vidro e cimento - assim como da racionalidade das ciências e da engenharia. Trata-se de integrar arte, lógica industrial e sociedade de massas, desafiando alguns princípios básicos da produção em série, por exemplo, o emprego de materiais baratos e o design inferior. Como indicam a arquitetura, o mobiliário, os objetos e as ilustrações realizados sob o signo da arte nova - as cerâmicas e os objetos de vidro de Émile Gallé, os interiores de Louis Comfort Tiffany, as pinturas, vitrais e painéis de Jan Toorop etc. -, o estilo visa revalorizar a beleza, colocando-a ao alcance de todos. A ligação estreita entre arte e indústria, função e forma, utilidade e ornamento parece ser o objetivo primeiro dos artistas e designers do novo estilo, que acompanha de perto os rastros da industrialização e o fortalecimento da burguesia.

A associação entre arte, artesanato e indústria está no cerne da experiência da Bauhaus, fundada, em Weimar, Alemanha, em 1919. Ao ideal do artista-artesão, defendido por Walter Gropius desde a criação da escola, soma-se a defesa da complementaridade das diferentes artes sob a égide do design e da arquitetura. O espírito que orienta o programa da escola está fundamentado na idéia de que o aprendizado e o objetivo da arte liga-se ao fazer artístico, o que evoca uma herança medieval de reintegração das artes e ofícios. Com a mudança da escola para Dessau, em 1925, a relação entre arte e indústria se fortalece, e consolidam-se as marcas características do "estilo bauhaus" expressas na série de objetos realizados - mobiliário, tapeçaria, luminárias etc. - como as cadeiras e mesas de aço cromado criadas por Marcel Breuer e Ludwig Mies van der Rohe, e produzidas em larga escala pela Standard Möbel, de Berlim e pela Thonet - por exemplo, o jogo de mesas que se encaixam, ca.1925-1930, de Breuer para a Thonet e Standard Möbel; e a cadeira Lounge, 1928/1929 e mesa da década de 1930, também de Breuer para a Thonet.

No campo dos trabalhos gráficos e do design de livros, destacam-se os projetos de Lázló Moholy-Nagy. Os vitrais, a tipografia, o projeto de móveis e utilitários de Joseph Albers constituem outro exemplo importante do desenvolvimento do design no interior da Bauhaus. Com o fechamento definitivo da escola, por determinação dos nazistas, em 1933, boa parte dos artistas se dirige aos Estados Unidos - Gropius, Moholy-Nagy, Breuer, Mies van der Rohe e outros -, surge a "Nova Bauhaus", em Chicago, 1937-1938, e o Architect's Collaborative - TAC, escritório de arquitetura criado por Gropius em 1945, responsável por pesquisas de ponta no campo do design contemporâneo.

A década de 1950 no Brasil traz um diálogo intensificado entre arte, técnica e indústria, sustentado principalmente pela vanguarda concreta. O nome de Geraldo de Barros se destaca no grupo concreto paulista pela sua proximidade com o desenho industrial e com a criação visual, sobretudo a partir de 1954, quando funda a cooperativa Unilabor e a Hobjeto, dedicadas à produção de móveis. A Forminform, também criada por ele, destina-se à criação de marcas e logotipos. Outro pioneiro na área é Alexandre Wollner, autor de inúmeros projetos no setor do "design visual" para empresas brasileiras: sistemas de sinalização, cartazes, embalagens etc. Wollner participa da criação da Escola Superior de Desenho Industrial - Esdi, em 1963, no Rio de Janeiro, que tem papel destacado na formação de novas gerações de designers. O nome de Joaquim Tenreiro figura como o "pai" do mobiliário moderno no país, que é o autor, por exemplo, da cadeira Embalo, 1947, produzida desde 1992 pela Probjeto. Ainda no campo do mobiliário, destacam-se as soluções originais de Lina Bo Bardi - entre elas a poltrona Bowl, 1951 - e, contemporaneamente, as diversas criações de Humberto Campana e Fernando Campana, conhecidos como irmãos Campana, entre elas as luminárias - Luminária Estela, 1997 - e móveis, como a coleção de cadeiras de cordas de algodão, 1998, Aloísio Magalhães merece destaque no campo do design brasileiro como o autor do desenho das cédulas do cruzeiro novo entre outras inúmeras criações.

Fontes de pesquisa 6

Abrir módulo
  • CARMEL-ARTHUR, Judith. Bauhaus. Tradução Luciano Machado. São Paulo: Cosac & Naif, 2001, 80 pp. il. p&b. color.
  • CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
  • ENCYCLOPEDIE VISUELLE DES ARTS DÉCORATIFS, 1890-1940. Préface de Maurice Rheims. Paris/ Bruxelles: Bordas, 1981, 320 pp. il. p&b. color.
  • LAMPUGANI, Vittorio Magnano (ed.). Dictionary of 20th Century Architeture. London: Thames and Hudson,1988, 384 p. il. p&b.
  • LENNING, Henry F. The Art Nouveau. The Hague: Netherlands, 1951, 143 pp. il.p&b.
  • MORAIS, Frederico. Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: da Missão Artística Francesa à Geração 90: 1816-1994. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: