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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Renascimento

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.08.2022
O termo Renascimento, ou renascença, faz referência a um movimento intelectual e artístico surgido na Itália, entre os séculos XIV e XVI, e daí difundido por toda a Europa. À concepção medieval do mundo se contrapõe uma nova visão, empírica e científica, do homem e da natureza. A idéia de um 'renascimento' ocorrido nas artes e na cultura relacio...

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Definição

O termo Renascimento, ou renascença, faz referência a um movimento intelectual e artístico surgido na Itália, entre os séculos XIV e XVI, e daí difundido por toda a Europa. À concepção medieval do mundo se contrapõe uma nova visão, empírica e científica, do homem e da natureza. A idéia de um 'renascimento' ocorrido nas artes e na cultura relaciona-se à revalorização do pensamento e da arte da Antiguidade clássica e à formação de uma cultura humanista. A obra do pintor, arquiteto e teórico Giorgio Vasari (1511-1574) constitui a principal fonte de informação acerca da arte renascentista italiana. A renovação das artes ocorrida na Itália, segundo o seu célebre Vida dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos (1550; 2ª edição 1568), tem como ponto de apoio a recusa do antinaturalismo da tradição bizantina e, paralelamente, a redescoberta da escultura clássica operada por Nicola Pisano no sarcófago de Pisa. A visão de Vasari sobre a história da arte italiana como progresso, com seu ápice no século XV, fornece as balizas para os juízos críticos posteriores. A noção de renascimento tal como a entendemos hoje, é estabelecida pelo historiador suíço Jacob Burckhardt (1818-1897) em seu livro A cultura do Renascimento na Itália (1867), que define o período como de grande florescimento do espírito humano, espécie de "descoberta do mundo e do homem".

É possível afirmar, sem entrar na discussão dos limites cronológicos do Renascimento, que os artistas do período se orientam por ideais de perfeição, harmonia, equilíbrio e graça - representados com o auxílio dos sentidos de simetria e proporção das figuras - de acordo com os parâmetros ditados pelo belo clássico. Algumas obras de Michelangelo Buonarroti (1475-1564) exemplificam a realização do modelo clássico, seja nos estudos de anatomia para composições maiores (Estudo para uma das Sibilas no teto da capela Sistina), seja em esculturas, como o célebre Davi (1501/1504). As imagens de Rafael (1483-1520), por sua vez, dão plena expressão aos valores da arte renascentista, destacando-se pela beleza projetada segundo os padrões idealizados do universo clássico (A Ninfa Galatéia, ca.1514). O desenvolvimento das pesquisas científicas, por sua vez, fornecem subsídios para a produção de novos métodos e técnicas. A perspectiva, impulsionada por Filippo Brunelleschi (1377-1446) e descrita por Leon Battista Alberti (1404-1472) no tratado Della Pittura (1435), altera de modo radical os modos de representação e as concepções de espaço. A nova ciência da perspectiva é colocada em prática por uma série de artistas. Masaccio (1401-1428) é considerado exímio na aplicação das conquistas científicas à arte da representação. A primeira obra a ele atribuída, o tríptico de San Giovenale (Uffizi, Florença, 1422), é exemplar de como conseguir criar um sentido coerente de terceira dimensão sobre a superfície bidimensional.

A cidade de Florença no século XV é tida como berço do movimento, lugar onde se realizam algumas das obras mais inovadoras do renascimento. Os nomes de Donatello (ca.1386-1466), Leonardo da Vinci (1452-1519), além dos já mencionados Rafael, Masaccio e Brunelleschi figuram entre os maiores representantes da arte renascentista. Donatello é um dos responsáveis pela criação do estilo renascentista escultórico em Florença. Destaca-se, segundo Vasari, pela "força emocional" de seus trabalhos, como pode ser observado nas figuras feitas para os nichos do Or San Michele e para a Catedral de Florença. O bronze Davi (ca.1430), de sua autoria, é considerado a primeira figura nua em tamanho natural feita desde a Antigüidade clássica. Michelangelo, herdeiro de Donatello, conhece a fama em função de duas esculturas: Baco (Bargello, Florença, ca.1496/1497) e Pietà (S. Pedro, Roma, 1498/1499). Esta última se notabiliza pela solução bela e harmoniosa que o artista encontra para a imagem trágica do cristo morto deitado no colo da madona. A maestria técnica de Michelangelo pode ser observada no afresco feito para o forro da Capela Sistina (1508/1512), considerado uma das obras-primas da arte pictórica.

Leonardo é autor de obra artística e científica, célebre por seus escritos, pelos retratos e pela invenção da técnica do sfumato, em que se vale da justaposição matizada de tons e cores diferentes, de modo que se aproximem, "sem limites ou bordas, à maneira da fumaça", nas palavras do próprio artista. Com isso Leonardo logra suavizar os contornos característicos da pintura do início do século XV, revelando as potencialidades da tinta a óleo. No período florentino, entre 1500 e 1506, realiza os célebres Mona Lisa, a pintura mural da Batalha de Anghiari (Pallazio Vecchio, Florença) destruída e preservada em cópias feitas por outros artistas - que influenciará os pintores de batalhas até o século XIX - e A Virgem e o Menino com Sant'Ana, tratando de tema que o fascinava na época. O sorriso enigmático, as sombras, o dedo indicador elevado e as fartas cabeleiras são traços salientes dos retratos de Leonardo, repetidos pelos seguidores. Rafael sofre influências de Leonardo e Michelangelo. Datam do período florentino algumas de suas mais célebres representações da Virgem com o Menino (Madona Sistina, ca.1512-1514). Nessas imagens, assim como em pinturas da Sagrada Família, exercita sua maestria de composição e expressão, representando as figuras sagradas como seres humanos. Os retratos de Rafael são comparados aos de Leonardo, pelo estilo sutil das caracterizações e aos de Ticiano (ca.1488-1576), em função das cores empregadas. Os ideais renascentistas encontram seguidores por toda a Europa: Albrecht Dürer (1471-1528), Lucas van Leyden (ca.1494-1533), Quinten Metsys (1466-1530), Jan van Scorel (1495-1562), entre outros. A expressão máxima da crise dos valores e princípios do Renascimento, segundo algumas leituras, pode ser encontrada no maneirismo.

Fontes de pesquisa 4

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  • ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
  • ARGAN, Giulio Carlo. Clássico anticlássico. O Renascimento de Brunelleschi a Bruegel. Introdução, tradução e notas de Lorenzo Mammì. São Paulo: Cia. das Letras, 1999, 497 p.
  • CHASTEL, André. A arte italiana. Tradução de Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 1991, 738 p., il. p&b.
  • CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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