Camila Márdila

Camila Márdila, 2019
Texto
Camila Márdila dos Remédios Evangelista (Taguatinga, Distrito Federal, 1988). Atriz. Com experiência no teatro, no cinema e na televisão, é reconhecida sobretudo por sua atuação premiada no filme Que Horas Ela Volta? (2015), dirigido por Anna Muylaert (1964).
O interesse de Camila pelas artes cênicas surge por volta dos dez anos. Apoiada pela mãe, ela começa a desenvolver a carreira durante a adolescência, ao fazer cursos de teatro em Brasília. Por viver em uma cidade-satélite, distante do núcleo da capital, esforça-se para conciliar a escola regular com a formação em artes, realizada no centro da cidade.
De 2006 a 2011, Camila estuda comunicação social na Universidade de Brasília (UnB). Durante o curso, produz a pesquisa O lapso em Beckett e Cortázar como processo de pensamento do sujeito dialógico bakhtiniano, fundamentada na ideia de que os sujeitos confirmam sua existência por meio de uma incontornável relação com o outro. O princípio do dialogismo torna-se uma das principais referências na pesquisa artística da atriz.
Camila participa, em 2011, do Núcleo de Pesquisa Resta Pouco a Dizer, criado pelos diretores teatrais Adriano Guimarães e Fernando Guimarães. Nesse ano, o núcleo produz uma ocupação Funarte, com o tema Teatro Visual – o que ainda não tínhamos visto?, no qual promove diálogos, palestras, performances e oficinas. Também em 2011, Camila participa do intercâmbio Rumos Itaú Cultural de Teatro, com a Cia. Teatro Autônomo. Na ocasião, é responsável pela redação dos materiais produzidos pelo grupo.
Para a atriz, há um caráter dialógico na atuação, que inclui mas não se restringe à interação direta com o público: os diversos elementos que integram a cena, como fundo, luz, texto e vozes, devem ser tratados como interlocutores. Ela coloca em prática essa visão da produção artística ao desenvolver pesquisas no grupo Áreas Coletivo, no Rio de Janeiro, a partir de 2012. O coletivo é formado pelas atrizes Liliane Rovaris, Maria Sílvia Siqueira Camposa e Miwa Yanagizawa (1965).
A pesquisa acadêmica de Camila dá origem à oficina Estudo para o Ator, que ela produz em parceria com a atriz Miwa Yanagizawa. Fundamentando-se em exercícios de observação, improviso e conversas, a oficina propõe aos atores ampliar a compreensão do pensamento estético e ético das artes cênicas, ao conceber o trabalho em cena como uma prática fundamentalmente dialógica, caracterizada pelas relações com o outro.
Em 2015, a atriz ganha notoriedade ao interpretar a personagem Jéssica Ferreira no filme Que Horas Ela Volta?. Jéssica é filha da empregada doméstica Val [Regina Casé (1954)]. Destemida, ela questiona as estruturas de poder da casa e ultrapassa a área reservada aos empregados: ocupa o quarto de hóspedes, serve-se do sorvete de Fabinho [Michel Joelsas (1995)], filho dos patrões Bárbara [Karine Teles (1978)] e Carlos [Lourenço Mutarelli (1964)], e usa a piscina, provocando a ira da patroa. Essa nova moradora traz à tona diferenças sociais veladas existentes na casa. O filme estreia em 2015 no Festival de Sundance (Estados Unidos), e Camila Márdila ganha, com Regina Casé, o prêmio de melhor atriz.
Com o intuito de fazer das artes cênicas um lugar de encontro entre corpos e artefatos, atores e público, Camila Márdila continua a desenvolver sua carreira investindo na pesquisa e na prática do dialogismo teatral, exercitando-a em diferentes modalidades de atuação.
Espetáculos 1
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9/3/2016 - 17/4/2016
Mídias (1)
Ela também traz uma reflexão sobre o espaço ocupado pela mulher no mundo e dentro de seu meio, recordando seu discurso durante a premiação no Festival de Sundance. Na perspectiva da atuação, ela explica seu trabalho como uma ferramenta capaz de construir pontes ao oferecer para o público histórias que pertencem ao mundo.
ITAÚ CULTURAL
Presidente Alfredo Setubal
Diretor Eduardo Saron
Núcleo de Enciclopédia
Gerente: Tânia Rodrigues
Coordenação: Glaucy Tudda
Produção de conteúdo: Camila Nader
Núcleo de Audiovisual e Literatura
Gerente: Claudiney Ferreira
Coordenação: Kety Nassar
Produção audiovisual: Letícia Santos
Edição de conteúdo acessível: Richner Allan
Direção, edição e fotografia: Marcus Leoni
Assistência e montagem: Renata Willig
Assistência de fotografia: Martha Salomão
Fontes de pesquisa 4
- AREAS COLETIVO. Site Oficial do Grupo. Disponível em: https://www.areascoletivodearte.com. Acesso em: 3 fev. 2020.
- CIA DE TEATRO AUTÔNOMO IRMÃOS GUIMARÃES. Em busca de um lugar para se aquecer a alma; mas que não para. Disponível em: https://ciateatroautonomoirmaosguimaraes.wordpress.com/2011/01/. Acesso em: 3 fev. 2020.
- EVANGELISTA, Camila Márdila dos Remédios. O lapso em Beckett e Cortázar como processo de pensamento do sujeito dialógico bakhtiniano. 2011. 60 f. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Comunicação Social) – Universidade de Brasília, Brasília, 2011. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/3707/1/2011_CamilaMardiladosRemediosEvangelista.pdf. Acesso em: 3 fev. 2020.
- MÁRDILA, Camila. Currículo do sistema currículo Lattes. [Brasília], 1 jun. 2014. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/8324739692052884. Acesso em: 3 fev. 2020.
Como citar
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CAMILA Márdila.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa640302/camila-mardila. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7