Celly Campello
Texto
Célia Campello Gomes Chacon (Taubaté, São Paulo, 1942 – Campinas, São Paulo, 2003). Cantora, atriz e apresentadora. Destaca-se como primeira ícone do ritmo rock-and-roll no Brasil, aos 16 anos.
Começa sua carreira artística aos 5 anos de idade, quando canta pela primeira vez na Rádio Difusora de Taubaté. Aos 12 anos apresenta o próprio programa musical pela Rádio Cacique. Até 1957, estudante de piano e violão, segue sua carreira musical de forma amadora, enquanto integrante do conjunto taubatense Ritmos OK.
Por intermédio de seu irmão Tony Campello (1936), aos 15 anos grava pela Odeon a canção “Belo Rapaz” (1958), versão em português de “Handsome Boy”. No ano seguinte, participa do programa Discoteca do Chacrinha cantando “Estúpido Cupido” (1959), versão em português, encomendada por seu irmão ao letrista e compositor Fred Jorge (1928-1994), de “Stupid Cupid” (1958), da cantora americana Connie Francis (1937), composta pelos americanos Neil Sedaka (1939) e Howard Greenfield (1936-1986).
A partir dessa primeira aparição televisiva de Celly, o compacto torna-se um dos mais vendidos no Brasil, e a canção alcança a primeira colocação nas rádios do Rio de Janeiro. Com o sucesso, a cantora assina contrato com a TV Record para apresentar o Programa da Juventude e Celly e Tony em Hi-Fi, acompanhada do irmão. Até 1962, grava cinco LPs, todos sob direção artística e repertório selecionado pelo irmão. No cinema, atua ao lado do comediante Mazzaropi (1912-1981) e de Tony Campello em Jeca Tatu (1959) e Zé do Periquito (1960).
Interessada pelo rock-and-roll norte-americano moldado ao gosto popular da juventude branca daquele país, Celly assimila os trejeitos vocais bem medidos de agudos e vibratos juvenis, propositadamente espontâneos de vozes femininas como a de Connie Francis. Por outro lado, o canto disciplinado e contralto de Ângela Maria (1929-2018) exerce fascínio sobre a jovem cantora. Ainda adolescente, sai de sua cidade natal para o estrelato procurando estabelecer seu canto entre esses dois pilares. Sua voz ainda de menina cantando temas de amor adolescente acaba por perpetuar ao longo de sua carreira a personalidade de eterna “brotinho” do rock brasileiro.
Celly é a pioneira do sucesso no gênero no Brasil, mas divide a parada de sucessos com cantoras de outros estilos musicais, como Ângela Maria, Maysa (1936-1977) e Alaíde Costa (1935). Apesar do estrelato, considera sua carreira artística um acontecimento circunstancial, impulsionada acidentalmente por seu irmão. Em 1962, no auge do sucesso, abdica da música para se dedicar ao casamento.
A produção fonográfica de Celly Campello é entendida por parte da crítica musical como transposição simplória para o português do rock-and-roll já assimilado pelo fenômeno pop e distanciado da música negra americana, que dá origem ao estilo. Entretanto, o impacto de seu breve primeiro momento de sucesso na indústria fonográfica é responsável pela difusão do estilo entre o grande público brasileiro. Em 1964, Celly Campello é convidada para participar do programa musical Jovem Guarda ao lado dos cantores estreantes Roberto Carlos (1941) e Erasmo Carlos (1941), mas recusa a proposta de 2 milhões de cruzeiros por motivos pessoais.
No ano de 1968 grava um novo álbum, Celly, que traz canções do compositor e guitarrista Luis Vagner (1948), uma nova versão de “Banho de Lua” e “Meu Pranto a Deslizar”, versão em português de Fred Jorge de “As Tears Goes By” (1965), da banda inglesa Rolling Stones. Entretanto, o disco não alcança o resultado comercial esperado. Celly volta a se apresentar em público em 1972, no Festival de Música Popular de Juiz de Fora.
Em 1976, Celly Campello retorna à parada de sucessos com “Estúpido Cupido”, tema da novela homônima da Rede Globo. O LP da trilha sonora vende 500 mil exemplares, o que a motiva a excursionar pelo Brasil com um novo espetáculo. Ainda no mesmo ano, grava um novo disco, com novas versões de canções americanas, regravações de antigos sucessos da cantora e duas canções dos compositores Sá (1945), Rodrix (1947-2009) e Guarabyra (1947). Até 1979, Celly grava mais três compactos duplos e encerra definitivamente sua carreira fonográfica. Nas décadas de 1980 e 1990, a artista se apresenta em shows esporádicos pelo estado de São Paulo, cantando seus primeiros sucessos.
Celly Campello é referência em seu estilo musical no Brasil. O sucesso pioneiro da cantora é fato determinante para a evolução do rock-and-roll no país e por sua assimilação dentro da música popular brasileira do século XX e seus principais movimentos.
Fontes de pesquisa 2
- CELLY Campello. In: DICIONÁRIO Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Cultural Cravo Albin. Disponível em: http://dicionariompb.com.br/celly-campello. Acesso em: 19 maio 2020.
- VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. Companhia das Letras, 1997. p. 42-47.
Como citar
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CELLY Campello.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa523673/celly-campello. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7