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Enciclopédia Itaú Cultural

Edgard Scandurra

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 15.10.2019
1962 Brasil / São Paulo / São Paulo
Registro fotográfico Marcus Leoni

Edgard Scandurra, 2019

Edgard José Scandurra Pereira (São Paulo, São Paulo, 1962). Cantor, compositor, produtor musical, guitarrista e baterista. Autodidata, começa a tocar violão aos 6 anos e, aos 15, monta a primeira banda, Subúrbio. Nos anos 1980, participa dos grupos Mercenárias (como baterista e produtor musical) e Ultraje a Rigor, além de integrar a banda Smack....

Texto

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Edgard José Scandurra Pereira (São Paulo, São Paulo, 1962). Cantor, compositor, produtor musical, guitarrista e baterista. Autodidata, começa a tocar violão aos 6 anos e, aos 15, monta a primeira banda, Subúrbio. Nos anos 1980, participa dos grupos Mercenárias (como baterista e produtor musical) e Ultraje a Rigor, além de integrar a banda Smack. Em 1983, lança um compacto com a banda Ira! 

Com a banda Smack, grava os discos Ao Vivo no Mosh (1984) e Noite e Dia (1985). Em 1985, com o Ira!, lança o álbum Mudança de Comportamento, com músicas de sua autoria. Desse disco, a canção “Longe de tudo”, integra a trilha sonora do filme Areias Escaldantes (1985), de Francisco de Paula (1962). “Flores em Você” participa da trilha da telenovela O Outro (1987). As músicas “Envelheço na Cidade” e “Pobre Paulista”, do disco Vivendo e Não Aprendendo (1986), são os sucessos que marcam a trajetória o grupo.

Em 1988, produz o disco Trashland, para a banda Mercenárias, e lança, no ano seguinte, o álbum Clandestino com o grupo Ira! No mesmo ano, registra Amigos Invisíveis, seu o primeiro trabalho solo. O disco traz composições próprias, versões e três parcerias, com Taciana Barros, do Gang 90 & As Absurdettes. 

Em 1991, com o Ira!, grava “Você Ainda Pode Sonhar”,  versão de Raul Seixas (1945-1989) para a música “Lucy in the Sky with Diamonds”, dos Beatles. Em 1993, grava “Pai Nosso da Terra”, parceria com Raul Seixas e Ricardo Gaspa,  e Perigo, parceira com Arnaldo Antunes (1960). No mesmo ano, lança uma inesperada releitura de “Balada Triste”, de Dalton Vogeler (1926-2008) e Esdras Pereira da Silva (ca. 1920), sucesso de 1958 na voz de Agostinho dos Santos (1932-1973).

Em 1996, em carreira solo, faz experimentações com a música eletrônica no projeto Benzina a.k.a Scandurra, com produção de Mitar Subotić (1961-1999). Em 1996, retoma o trabalho com a banda Ira! no álbum 7. Em 1999, ainda com o Ira!, lança um álbum Isso é Amor, homenagem a artistas como Erasmo Carlos (1941), Tim Maia (1942-1998), Lobão (1957), Chico Buarque (1944). Em 2000, registra o MTV ao Vivo, com releituras acústicas de sucessos da banda.

Com o fim do grupo Ira!, Edgard retoma, em 2008, a banda Smack, com o EP 3. Em 2009, com Arnaldo Antunes, Taciana Barros e Antonio Pinto, grava o disco Pequeno Cidadão (2009), voltado para o público infantil. Em 2010, comemorando 20 anos de seu primeiro trabalho solo, lança Edgard Scandurra ao Vivo, com participação de Barbara Eugênia (1980). No ano seguinte, grava com Arnaldo Antunes, Curva da Cintura (2011), com participação do instrumentista africano Toumani Diabaté (1965). Em 2011, integra a banda de Karina Buhr (1974), com quem grava “Desencantos”, para o CD Clímax, de Marina Lima (1955). No ano seguinte, lança Pequeno Cidadão 2 (2012). Participa como convidado de trabalhos de Vange Miliet (1967), Kid Abelha, Os Paralamas do Sucesso. Com o grupo Les Provocateurs, faz shows em homenagem ao compositor francês Serge Gainsbourg (1928-1991).

Análise

Edgard Scandurra é canhoto e desenvolve uma técnica para tocar guitarra sem modificar as cordas, que ficam invertidas em relação ao posicionamento de um destro. Sua formação é influenciada pelo punk rock das bandas britânicas Sex Pistols e The Clash, e por grandes guitarristas, como Jimi Hendrix e Jimmy Page. É um dos pioneiros no Brasil da estética mod, movimento juvenil inglês que, nos anos 1980, está associado aos fãs das bandas The Jam e The Who. Scandurra assume a influência ao fazer a versão de “Our Love Was”, do grupo The Who, em seu primeiro trabalho solo, Amigos Invisíveis (1989).

Scandurra tem uma atuação determinante no chamado rock nacional. Além do Ira!, grupo pelo qual é mais conhecido, é guitarrista e produtor de artistas como Arnaldo Antunes e da banda Ultraje a Rigor. Além de instrumentista, é compositor e teve canções que marcam a trajetória do grupo Ira!. O disco Psicoacústica (1988), do Ira!, um marco do rock brasileiro dos anos 1980, tem a assinatura de Scandurra. A sonoridade do rock aliada às críticas nas letras transformam o álbum em um dos mais emblemáticos do rock nacional. 

Nos discos solo, Scandurra afirma a variedade de influências e mostra-se como multinstrumentista. No primeiro deles, Amigos Invisíveis, toca todos os instrumentos em todas as faixas, exceto em “Abraços e Brigas”, que conta com piano de Taciana Barros, à época esposa e parceira do músico. Amor Incondicional (2006), produzido por ele e Dudu Marote, traz elementos de música eletrônica, rock, pop e baladas românticas. Scandurra toca quase todos os instrumentos, canta e faz as programações eletrônicas em todas as faixas. Para ele, no rock cabe a distorção, a guitarra limpa, delay, 12 cordas, overdub, influência erudita, incluindo o ruído. Scandurra coloca esse pensamento em prática principalmente em seus trabalhos individuais.

A música “N.B – Núcleo Base”, presente no álbum clássico do Ira!, Mudança de Comportamento (1985), é composta quando ele serve o exército, transformando-se em um manifesto antialistamento militar.

Depois do Ira!, trabalha com Arnaldo Antunes, seu principal parceiro, nos projetos Decida, O Nome Disso, Consciência, Música para Ouvir e Ninguém, com participação de Paulo Tatit. A afinidade dos dois estende-se para outros projetos, como Pequeno Cidadão (2009), produção voltada para o universo infantil, e Curva da Cintura (2011). Este último traz a participação do instrumentista maliense Toumani Diabaté. O músico africano é reconhecido por tocar kora, um instrumento da região com 21 cordas, que lembra a harpa. Todo o trabalho é gravado em Bamako, capital de Mali, e promove uma experiência diferente na carreira de Scandurra, até então praticamente alheio à cultura africana. 

Frequentador de pistas de dança e fã de musica eletrônica, produz uma trilogia por meio de um alterego, o Benzina a.k.a Scandurra, na qual sintetizadores e baterias eletronicas dialogam com sua guitarra, contrabaixo, bateria e vocais distorcidos por vocoders e efeitos sonoros. Os dois primeiros discos, Benzina (1996) e Dream Pop (2003), fazem sucesso no gênero. Produtores, amigos e DJs propõem realizar releituras desses trabalhos, o que dá origem ao terceiro e último disco do projeto, Benzina Remixes (2004).

Como guitarrista, compositor, produtor de música eletrônica e até mesmo como baterista, Edgard Scandurra mantém a energia punk de suas origens. Não vê fronteiras entre gêneros musicais, formas de tocar a guitarra e fazer experimentações. Mesmo quando não há uma conexão aparente, consegue trazer o punk para o rock, o eletrônico e o pop.

 

Mídias (1)

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Edgard Scandurra – Série Cada Voz (2019)
Edgard Scandurra fala sobre a transformação que observou na música brasileira durante sua infância e adolescência, por meio do contato com o irmão, e o quanto essa presença foi decisiva na escolha pela profissão. Também de sua preocupação sobre o avanço conservador no país e com o cenário futuro.

A Enciclopédia Itaú Cultural produz a série Cada Voz, em que personalidades da arte e cultura brasileiras são entrevistadas pelo fotógrafo Marcus Leoni. A série incorpora aspectos de suas trajetórias profissionais e pessoais, trazendo ao público um olhar próximo e sensível dos artistas.

Créditos
Presidente: Milú Villela
Diretor-superintendente: Eduardo Saron
Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki
Núcleo de Enciclopédia
Gerente: Tânia Rodrigues
Coordenação: Glaucy Tudda
Produção de conteúdo: Camila Nader
Núcleo de Audiovisual e Literatura
Gerente: Claudiney Ferreira
Coordenação: Kety Nassar
Produção audiovisual: Letícia Santos
Edição de conteúdo acessível: Richner Allan
Direção, edição e fotografia: Marcus Leoni
Assistência e montagem: Renata Willig
Assistência de fotografia: Rui Dias Monteiro

Fontes de pesquisa 6

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  • ALEXANDRE, Ricardo. Dias de luta: o rock e o Brasil dos anos 80. São Paulo: DBA Artes Gráficas, 2002.
  • AMARAL, Euclides. Alguns aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; Esteio Editora, 2010.
  • DAPIEVE, Arthur. BRock: o rock brasileiro dos anos 80. São Paulo: Editora 34, 1995.
  • DICIONÁRIO Houaiss Ilustrado da Música Popular Brasileira. Coautor Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin. Rio de Janeiro: Editora Paracatu, 2006.
  • EDGARD SCANDURRA. Site do Artista. São Paulo, 2001. Disponível em: http://edgardscandurra.com.br/. Acesso em: 20 nov. 2012.
  • VINIL, Kid. Almanaque do rock. São Paulo: Ediouro, 2008.

Como citar

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