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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Lobão

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 17.07.2024
11.10.1957 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
João Luiz Woerdenbag Filho (Rio de Janeiro RJ 1957). Cantor, compositor, baterista e guitarrista. Começa a tocar bateria na infância e se interessa pelo rock ouvindo bandas como Led Zeppelin, Grand Funk Railroad e Jimi Hendrix Experience no programa do radialista Big Boy, pseudônimo de Newton Alvarenga Duarte. Monta sua primeira banda ainda na e...

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João Luiz Woerdenbag Filho (Rio de Janeiro RJ 1957). Cantor, compositor, baterista e guitarrista. Começa a tocar bateria na infância e se interessa pelo rock ouvindo bandas como Led Zeppelin, Grand Funk Railroad e Jimi Hendrix Experience no programa do radialista Big Boy, pseudônimo de Newton Alvarenga Duarte. Monta sua primeira banda ainda na escola, com o divertido nome Nádegas Devagar. Começa a estudar violão clássico aos 14 anos, sendo aluno de Guerra-Peixe. Aos 17, substitui o baterista Candinho na banda de rock progressivo Vímana, que divide com Ritchie (voz e flauta), Lulu Santos (guitarra), Fernando Gama (baixo) e Luiz Paulo Simas (teclados), e com ela lança o compacto Zebra, em 1976. Grava como músico de estúdio com Walter Franco e Fagner. Integra o grupo Blitz, cujo título diz ter criado, e participa do álbum de estreia da banda, As Aventuras da Blitz, como baterista convidado. Deixa a banda em 1981 para lançar o primeiro disco solo com composições próprias, Cena de Cinema, bancado pelo amigo e incentivador Ignácio Machado com participação de Lulu Santos, Marina, Celso Blues Boy e Ritchie. Como vocalista e guitarrista à frente da banda Lobão e os Ronaldos, lança Ronaldo Foi pra Guerra, em 1984, com o sucesso Me Chama, que se consagra campeão de execuções nas rádios desse ano. É preso por porte de drogas após lançar O Rock Errou, em 1986, e conclui o disco seguinte, Vida Bandida, em 1987, com a ajuda de vários habeas corpus. O álbum se torna seu maior sucesso. No Carnaval de 1988 toca tamborim na bateria da escola de samba Mangueira, a convite da cantora Elza Soares. Abraça a carreira independente e vende o disco A Vida É Doce, de 1999, em bancas de jornais. Em 2003, lança a revista Outracoisa, que leva para as bancas discos inéditos como o seu Canções Dentro da Noite Escura, em 2005, e de artistas como B. Negão, Cachorro Grande, Arnaldo Baptista e Quinto Andar. Com o Acústico MTV - Lobão, retorna a uma grande gravadora, a Sony, em 2007. No mesmo ano, torna-se apresentador do programa MTV Debate, da MTV. Em 2010, lança a autobiografia Lobão: 50 Anos a Mil, escrita em parceria com o jornalista Claudio Tognolli, e a caixa-coletânea Lobão 81/91.

Análise

Desde o início da carreira, Lobão passa por várias metamorfoses musicais. A primeira acontece em seu disco de estreia, Cena de Cinema, de 1982. Nesse disco, Lobão une a canção brasileira a sonoridades ligadas ao punk e à música new wave. Não se reconhece aí o baterista fã de rock progressivo que, cinco anos antes, integra a banda Vímana e divide estúdios com Patrick Moraz, ex-tecladista do grupo inglês Yes. Essas características são claras nas canções Cena de Cinema, Scaramuça, Robô, Robôa.

As raízes sonoras de Lobão estão inseridas no rock mais clássico, e o mergulho no som típico da década de 1980 aparece mais definido quando funda a banda Lobão e os Ronaldos. Mesmo que o maior sucesso do disco Ronaldo Foi pra Guerra seja uma balada, Me Chama, há sons que podem ser definidos como new wave, em Bambina, Abalado, Tô à Toa Tokio e Corações Psicodélicos.

No LP O Rock Errou, de 1986, o trabalho de Lobão aponta em direção à MPB sem deixar de lado a faceta pop-rock, e o título desse disco provoca uma ambígua crítica ao BRock dos anos 1980. Na capa, vestido de padre, Lobão segura um terço enquanto Danielle, sua mulher na época, aparece nua. O disco une rock a baladas que se diferenciam no rádio, como Revanche e Noite e Dia. Acompanhado de amigos letristas como Bernardo Vilhena, Julio Barroso, Cazuza e Tavinho Paes, se volta para uma poética que funde romantismo e o estilo de vida rock'n'roll - não dispensando canções críticas como Revanche (que é considerada "música de protesto" por sua gravadora, mas faz bastante sucesso nas rádios) e A Voz da Razão, samba que canta com Elza Soares. No ano seguinte, sua canção Me Chama é gravada por João Gilberto, cristalizando-se assim uma face MPB do "roqueiro". Lobão, no entanto, não fica satisfeito com a interpretação bossa-novista de João Gilberto, que exclui da canção o trecho "Nem sempre se vê / mágica no absurdo".

Vida Bandida, de 1987, traz vários subtextos em letra e música. A começar pela prisão do cantor por porte de drogas, o que dá novo sentido a todo o seu repertório. Ausente dos trabalhos de estúdio, quem assume a produção é Marcelo Sussekind, então guitarrista da banda Herva Doce, que guia o som para o hard rock, estilo de rock em voga na época. O disco lança dois clássicos, Vida Louca Vida, parceria com Bernardo Vilhena, e Blá Blá Blá... Eu Te Amo (Rádio Blá), parceria com Arnaldo Brandão e Tavinho Paes. A transformação de Lobão como compositor é nítida em canções como o folk Chorando no Campo. Nos discos seguintes, até 1991, mantém a tradição de baladas e rocks, mas a parceria com o mangueirense Ivo Meireles o faz investir mais ainda numa fusão do rock com o samba em músicas como Cuidado (faixa-título de seu disco de 1988) e Bangu 1 Polícia 0.

De 1991 a 1995, após um acidente de moto, fica sem gravar e aprofunda seus estudos de violão. Tais estudos geram a sonoridade de seu disco Nostalgia da Modernidade, de 1995, que traz o samba Luz da Madrugada e orquestra na música A Queda. O lado cáustico das letras continua no LP Noite, de 1998, disco voltado para os sons eletrônicos. Canções dançantes e pop como Me Beija, 24 Horas e Noite misturam-se aos rocks Véspera e Hora Deserta.

Engaja-se na militância pela numeração dos discos, participando de debates sobre o assunto e discutindo diretamente com as gravadoras. Como artista independente, lança A Vida É Doce, em 1999. Feito após uma tentativa de suicídio, o disco traz canções com sonoridade eletrônica e ares de trip-hop, ou seja, o andamento mais lento somado a uma textura sonora sombria. No álbum Canções Dentro da Noite Escura, de 2005, volta a um estilo mais rock e traz parcerias póstumas com Júlio Barroso (Não Quero o Seu Perdão e Quente) e Cazuza (Seda), e uma homenagem a Cassia Eller com a canção Boa Noite, Cinderela.

Embora o compositor demonstre ser credor da MPB, em particular a bossa nova e o tropicalismo, Lobão não poupa críticas e polêmicas aos músicos representantes desses gêneros, em especial Caetano Veloso, para quem compõe a música Para o Mano Caetano, do disco ao vivo Lobão 2001 - Uma Odisseia no Universo Paralelo: "Amado Caetano: chega de verdade / viva alguns enganos / viva o samba, meio troncho, meio já cambaleando / a bossa já não é tão nova como pensam os americanos / a tropicália será sempre o nosso Sargeant Pepper pós-baiano".

Espetáculos 1

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Fontes de pesquisa 5

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  • ALEXANDRE, Ricardo. Dias de luta: o rock e o Brasil dos anos 80. São Paulo: DBA Artes Gráficas, 2002.
  • CAVALCANTI, Augusto de Guimaraens. Arte e Vida: Lobão, Arnaldo Antunes e Cazuza. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC/Rio. Orientadora Profa. Santuza Cambraia Naves. Rio de Janeiro, 30 de abril de 2010.
  • DAPIEVE, Arthur. BRock: o rock brasileiro dos anos 80. São Paulo: Editora 34, 1995.
  • LOBÃO; TOGNOLLI, Cláudio Júlio. 50 anos a mil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
  • RODRIGUES, Rodrigo. As aventuras da Blitz. Ediouro, 2009.

Como citar

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