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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Tomie Ohtake

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 19.05.2023
21.11.1913 Japão / Honshu / Kyoto
12.02.2015 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Sem Título, 2002
Tomie Ohtake
Gravura em metal, água-tinta, água-forte e soucre
100,00 cm x 70,00 cm

Tomie Ohtake (Kyoto, Japão, 1913 – São Paulo, São Paulo, 2015).  Pintora, gravadora, escultora. Cores, luzes e sombras se destacam nas pinturas de Tomie Ohtake, cuja obra inclui também esculturas caracterizadas por formas sinuosas.

Texto

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Tomie Ohtake (Kyoto, Japão, 1913 – São Paulo, São Paulo, 2015).  Pintora, gravadora, escultora. Cores, luzes e sombras se destacam nas pinturas de Tomie Ohtake, cuja obra inclui também esculturas caracterizadas por formas sinuosas.

Vem para o Brasil em 1936, para visitar um de seus irmãos, é impedida de voltar ao Japão por causa de eventos ligados à Guerra do Pacífico, e fixa-se em São Paulo.  

Em 1952, inicia-se em pintura com o artista Keisuke Sugano (1909-1963). No ano seguinte, integra o Grupo Seibi, do qual participam Manabu Mabe (1924-1997), Tikashi Fukushima (1920-2001), Flavio-Shiró (1928), Tadashi Kaminagai (1899-1982), entre outros artistas. Após breve passagem pela arte figurativa, Ohtake explora o abstracionismo. 

Entre 1959 e 1962, realiza pinturas “às cegas”, isto é, tendo os olhos cobertos por uma venda. Segundo o crítico e curador Paulo Herkenhoff (1949), o procedimento tem relação com os processos que a artista aplica para dar forma à luz, ou pelo excesso ou pela falta, e à sombra. Herkenhoff também destaca que esse método de trabalho permite uma “vivência da deriva diante do espanto desconhecido pelo olhar e o deslocamento da relação territorial para a experiência do tempo sem perspectiva cronológica e linear”. Uma das pinturas às cegas recebe o Prêmio de Isenção de Júri no Salão Nacional de Arte Moderna de 1960. 

No início da década de 1960, emprega uma gama cromática reduzida, com predominância de duas ou três cores, o que leva o olhar do espectador a percorrer superfícies em telas que muitas vezes remetem à sensação de nebulosidade. A pulsação obtida nas telas da artista, por meio do uso das cores e dos refinados jogos de equilíbrio, revela afinidade com a obra do pintor estadunidense Mark Rothko (1903-1970).

Em algumas obras, trabalha com pinceladas "rarefeitas" e tintas muito diluídas, explorando as transparências; em outras, aprofunda a expressividade da matéria pictórica, de modo mais denso, em texturas rugosas. No decorrer dos anos 1960, emprega mais frequentemente tons contrastantes e aparecem em seus quadros formas coloridas, grandes retângulos, que parecem flutuar no espaço. A partir dos anos 1970, a artista começa a trabalhar com a serigrafia, a litogravura e a gravura em metal. Para a maioria dos críticos, esse aprendizado revitaliza sua obra pictórica. Em suas telas, surgem linhas curvas, formas orgânicas e, embora de caráter abstrato, eventuais sugestões de paisagens, como montanhas ou rios. Ainda é possível observar a intensificação do dinamismo e da alusão ao  movimento. Na década de 1980, passa a utilizar uma gama cromática mais intensa e contrastante. Nesse período, cria cenários para a ópera Madame Butterfly, apresentada em 1983 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Dedica-se também à escultura e realiza, por exemplo, a Estrela do mar (1985), colocada na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Em 1995, recebe o Prêmio Nacional de Artes Plásticas do Ministério da Cultura – Minc. E em 2000, é criado o Instituto Tomie Ohtake, importante centro cultural da capital paulista.

Realiza esculturas de grandes dimensões em espaços e vias públicas, como as "ondas" em homenagem aos oitenta anos da imigração japonesa, em 1988, instaladas na avenida 23 de Maio, em São Paulo. Em 2008, realiza novas esculturas para celebrar o centenário da imigração japonesa, com monumentos na cidade de Santos e no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Nos trabalhos tardios, Ohtake cria obras com tubos delgados, que estabelecem sinuosos percursos no espaço. Entre 2009 e 2010, realiza peça para o seu país natal, uma escultura instalada nos jardins do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio.

Em entrevistas, a artista enfatiza a importância da arte oriental, em especial a japonesa, em sua pintura, afirmando que "essa influência se verifica na procura da síntese: poucos elementos devem dizer muita coisa"1. Da tradição japonesa, Ohtake diz se inspirar na noção de tempo presente no ukiyo-e (imagens do mundo que passa), arte que revela cenas de beleza fugaz. Também declara que há uma ligação entre a característica “silenciosa” de sua pintura e a cidade de origem. 

Em 2014, é lançado o documentário Tomie, dirigido pela cineasta Tizuka Yamasaki (1949), com depoimentos de críticos como Agnaldo Farias (1955) e Paulo Herkenhoff.

A pesquisa acerca das possibilidades expressivas da pintura, sobretudo as transparências, as texturas e a vibração da luz, atravessa a obra de Tomie Ohtake. A artista também imprime sua marca com esculturas em grandes cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro. 

Notas

1. Ohtake, Tomie; ARRUDA, Vitoria (Coord.). Exposição retrospectiva Tomie Ohtake. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2000, p. 65.

Obras 65

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Reprodução fotográfica Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Sem Título

Gravura em metal
Reprodução fotográfica João L. Musa/Itaú Cultural

Sem Título

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Sem Título

Gravura em metal
Reprodução fotográfica Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Sem Título

Gravura em metal, água-tinta, água-forte e soucre

Exposições 570

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Tomie Ohtake - Enciclopédia Itaú Cultural
Um pensamento pode desdobrar-se numa gravura ou numa pintura, duas formas de expressão que, para Tomie Ohtake, possuem um “espírito” distinto. “Naturalmente, a ideia é mais ou menos a mesma, mas a forma também modifica um pouquinho...”, acredita. A artista comenta as mudanças em seu processo de criação, entre as quais a mais visível é o uso das cores, que se torna econômico, com duas, no máximo três tonalidades. Essa particularidade, descreve Tomie, representa um desafio, pois é mais difícil de realizar a combinação adequada de tons. Outra característica de seu trabalho, as séries, podem se centrar em temas, como a que ilustra a poesia de Haroldo de Campos, ou formatos, a exemplo do conjunto composto de recortes reproduzidos sobre o vidro, resultando em imagens tridimensionais. “Aos 93 anos, muitas pessoas estão perdendo a criatividade, mas eu estou igual, né?”, conclui ela.

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 18

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  • AFINIDADES II - Elas! Curitiba: Museu Oscar Niemeyer, 2022. Disponível em: https://www.museuoscarniemeyer.org.br/exposicoes/afinidades2. Exposição realizada no período de 26 out. 2022 a 28 mai. 2023. Acesso em: 19 mai. 2023.
  • BIENAL BRASIL SÉCULO XX, 1994, São Paulo, SP. Bienal Brasil Século XX: catálogo. Curadoria Nelson Aguilar, José Roberto Teixeira Leite, Annateresa Fabris, Tadeu Chiarelli, Maria Alice Milliet, Walter Zanini, Cacilda Teixeira da Costa, Agnaldo Farias. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1994. Disponível em: https://issuu.com/bienal/docs/name049464.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • MENDONÇA, Casimiro Xavier de. Tomie Ohtake. Tradução Harriet Sherry McClelland. São Paulo: Ex Libris, c1983.
  • MORAES, Angélica de. Tomie Ohtake recria a tradição. O Estado de São Paulo, São Paulo, 07/02/2003, Caderno 2.
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte moderna. Curadoria Nelson Aguilar, Franklin Espath Pedroso, Maria Alice Milliet; tradução Izabel Murat Burbridge, John Norman. São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais/ Fundação Bienal de São Paulo, 2000.
  • MOSTRA do acervo. São Paulo: Sudameris Galleria, 1996.
  • Na arte da colônia japonesa no Brasil. São Paulo: MASP, 1988.
  • OHTAKE, Tomie, ARRUDA, Vitoria (coord.). Exposição retrospectiva Tomie Ohtake. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2000. 88 p., il. color.
  • OHTAKE, Tomie. Pintura de Tomie Ohtake. São Paulo : Galeria Arte Global, 1983.
  • OHTAKE, Tomie. Pinturas cegas. Curadoria de Paulo Herkenhoff. Porto Alegre: Instituto Iberê Camargo, 2012. Exposição realizada no período de 15 jun. a 12 ago. 2012.
  • OHTAKE, Tomie. Tomie Ohtake. Rio de Janeiro: Thomas Cohn Arte Contemporânea, 1987.
  • OHTAKE, Tomie. Tomie Ohtake. São Paulo: Instituto Tomie Ohtake, 2001.
  • OHTAKE, Tomie. Tomie. Texto José Neistein. São Paulo: Grifo Galeria de Arte, 1979.
  • RIBEIRO, Maria Izabel Branco. Tomie Ohtake. Galeria Revista de Arte, São Paulo, n.25, pp.61-67, 1991.
  • SPINELLI, João J. Tomie Ohtake: o antigo e o novo na obra de Tomie Ohtake.1985. 245 f. Tese (Mestrado) Escola de Comunicação e Arte, Universidade de São Paulo, São Paulo.
  • TOMIE OHTAKE, artista plástica, morre aos 101 anos em São Paulo. G1, São Paulo, 2015. Seção Pop & Arte. Disponível em: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2015/02/tomie-ohtake-artista-plastica-morre-aos-101-anos-em-sao-paulo.html. Acesso em 12 de fevereiro de 2015.
  • TOMIE OHTAKE. Site oficial do Instituto Tomie Ohtake, 2014. São Paulo. Disponível em: https://www.institutotomieohtake.org.br/o_instituto/tomie_ohtake. Acesso em: 25 out. 2021.

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