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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Newton Moreno

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 03.09.2019
14.12.1968 Brasil / Pernambuco / Recife
Newton Fábio Cavalcanti Moreno (Recife, Pernambuco, 1968). Autor, diretor e ator. Radicado em São Paulo desde 1990, desponta a partir de 2000, especialmente no âmbito da escrita teatral. Sua dramaturgia tem influências da cultura popular e compreende temas de impacto em torno do homoerotismo, tônica atemporal que transita entre o campo e a cidade.

Texto

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Biografia

Newton Fábio Cavalcanti Moreno (Recife, Pernambuco, 1968). Autor, diretor e ator. Radicado em São Paulo desde 1990, desponta a partir de 2000, especialmente no âmbito da escrita teatral. Sua dramaturgia tem influências da cultura popular e compreende temas de impacto em torno do homoerotismo, tônica atemporal que transita entre o campo e a cidade.

É dirigido por artistas como João das Neves (1934-2018), Maria Thaís (1960) e Marcio Aurelio (1948) durante a formação como ator na Universidade Estadual de Campinas  (Unicamp), concluída em 1995. Na década seguinte, concilia criações e estudos de pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP): conclui mestrado em 2003 e ingressa no doutorado em 2007. Figura entre os autores brasileiros que realizam intercâmbio numa das principais instituições mundiais de fomento à dramaturgia, The Royal Court Theatre, Londres, em 2005.

O ambiente da Unicamp dá origem à companhia Os Fofos Encenam, da qual é um dos fundadores, em 2000. A profissionalização do grupo ocorre com a direção de seu primeiro texto, Deus Sabia de Tudo e Não Fez Nada, em 2001. São cinco esquetes cômicos de amor entre homens, às vezes como crítica à discriminação. Um dos quadros fictícios dá conta do que teria sido a primeira relação homossexual no Brasil, entre um índio e um português.

Em paralelo à companhia, a peça curta Dentro é apresentada na Mostra de Dramaturgia Contemporânea do Sesi, com direção de Nilton Bicudo (1966), em 2002. No poema dramático, conforme o autor, um homem rememora a paixão por um garoto na infância. A estudiosa Sílvia Fernandes (1953) analisa a representação do amor gay: "A peça explora a complexidade de relacionamentos e práticas homoeróticas na narrativa polêmica de um 'fist-fucking', aproximando-se de Jean Genet em Nossa Senhora das Flores, na combinação de primitivo e simbólico e na mistura de carne e alma que resultam numa síntese poética do comportamento marginal e da vida de riscos".1

A peça de maior repercussão é a quarta a ser encenada, Agreste, direção de Marcio Aurelio, em 2004. Ganha os prêmios Shell de Teatro e Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA), ambos por melhor texto. O projeto é da companhia Razões Inversas, capitaneada por seu ex-professor Marcio Aurelio. A sexualidade manifesta retorna à cena para expor mecanismos de supressão do outro, do "diferente", numa narrativa sofisticada que equilibra o épico político e o imaginário popular.

O pesquisador Antônio Rogério Toscano situa o experimento formal do texto: "Marcio Aurelio encontrou em Newton Moreno um vetor poderoso de continuidade para sua pesquisa que atravessa décadas. O tom regionalista da fala e as 'incelenças' a serem cantadas no enterro sertanejo foram peneirados pelo formalismo extremado do jogo dos atores. Texturas cênicas foram criadas com linhas e pesos, evidenciaram os aspectos cruéis da narrativa e uma outra escritura, grafada no espaço e no tempo, nos sons e nas luzes, desdobrou-se do desejo original da fábula homoerótica de Newton Moreno. Texto-material, esboço: o desejo está no centro gravitacional da dramaturgia do autor".2

Escrita como resultado de pesquisa financiada pela extinta Fundação Vitae, Assombrações do Recife Velho marca o retorno ao berço, em 2005. Ele próprio dirige Os Fofos na livre adaptação da obra homônima do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987). São personagens populares que contam histórias de fantasmas e de figuras sobre-humanas (Lobisomem, Papa-Figo, Boca-de-Ouro, etc.), sempre evocadas numa atmosfera de humor e mistério.

Nos projetos paralelos, colabora para a segunda das três peças que compõem Západ, A Tragédia do Poder, da Companhia Balagan, dirigida por Maria Thaís, recorrendo ao imaginário arquetípico e alegórico em torno das personagens de Ivan, o Terrível e a Rainha Elizabeth; e em A Refeição, direção de Denise Weinberg (1956), e VemVai – O Caminho dos Mortos, de Cibele Forjaz (1966), com a Cia. Livre, o autor sublinha o caráter antropofágico de sua obra; descola-a do domínio homoerótico e aponta a lupa para outras entranhas da condição humana, todas montagens de 2007. Ainda nesse ano, escreve, em colaboração com Alessandro Toller e o Núcleo Experimental do Sesi, Fronteiras, e assina também a direção.

Newton Moreno também tem atividades como ator, tendo participado de Senhorita Else, de Arthur Schnitzler (1862-1931), 1997; O Maligno Baal, de Bertolt Brecht (1898-1956), 1998; e A Arte da Comédia, de Eduardo De Filippo (1900-1984), 1999, todas produções do grupo Razões Inversas, com direção de Marcio Aurelio. Em 2000, é a única figura masculina a integrar o elenco de Sacromaquia, de Antonio Rogério Toscano, outra produção da Companhia Balagan e, em 2003, está em A Mulher do Trem, de Maurice Hennequin e George Mitchell, espetáculo da companhia Os Fofos Encenam.

Notas

1. FERNANDES, Sílvia. Subjetividade, paródia e polêmica dominam novo ciclo. Folha de S.Paulo, São Paulo, 23 de junho de 2002. Ilustrada.

2. TOSCANO, Antônio Rogério. Agreste: uma dramaturgia desejante. Sala Preta, São Paulo, n. 4, p. 105-113. 28 nov. 2014. Disponível em: < https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v4i0p105-113 >. Acesso em: 05 jun. 2019.

Espetáculos 35

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Mídias (1)

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Newton Moreno - Série Encontra - Arte 1 (2019)
Newton Moreno recebe em sua casa-escritório Gisele Kato e apresenta seu trabalho no teatro, com o grupo Os Fofos, suas referências na literatura e a organização nesse espaço híbrido. Comenta, também, sobre a tensão envolvida em uma estréia e como aprendeu a lidar com ela.

A Enciclopédia Itaú Cultural apresenta a série Encontra, produzida pelo canal Arte 1. Em um bate-papo com Gisele Kato, o público é convidado a entrar nas casas e ateliês dos artistas, conhecendo um pouco mais sobre os bastidores de sua produção.

Créditos
Presidente: Milú Villela
Diretor-superintendente: Eduardo Saron
Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki
Núcleo de Enciclopédia
Gerente: Tânia Rodrigues
Coordenação: Glaucy Tudda
Núcleo de Audiovisual e Literatura
Gerente: Claudiney Ferreira
Coordenação: Kety Nassar
Arte 1
Direção: Gisele Kato/ Ricardo Sêco
Produção: Yuri Teixeira
Edição: André Santos

Fontes de pesquisa 7

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  • AGRESTE. Programa do espetáculo, 2004.
  • Catálogo do Espaço Os Fofos Encenam - 2008.
  • FERNANDES, Sílvia. Subjetividade, paródia e polêmica dominam novo ciclo. Folha de S.Paulo, São Paulo, 23 de junho de 2002. Ilustrada.
  • MORENO, Newton. [Currículo]. Enviado pelo artista em: maio de 2007.
  • Programa do Espetáculo - As Centenárias - 2007.
  • Programa do espetáculo - Deus Sabia de tudo e não fez nada.
  • TOSCANO, Antônio Rogério. Agreste: uma dramaturgia desejante. Sala Preta, São Paulo, n. 4, p. 105-113. 28 nov. 2014. Disponível em: < https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v4i0p105-113 >. Acesso em: 05 jun. 2019

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