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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Agreste

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 09.05.2016
15.01.2004 Brasil / São Paulo / São Paulo – Teatro Cacilda Becker
A encenação de Agreste, pelo diretor Marcio Aurelio (1948), consagra Newton Moreno (1968), autor que passa a se destacar no cenário teatral de São Paulo.

Texto

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Histórico

A encenação de Agreste, pelo diretor Marcio Aurelio (1948), consagra Newton Moreno (1968), autor que passa a se destacar no cenário teatral de São Paulo.

A temática da homossexualidade se apresenta mais uma vez na obra de Newton Moreno, inserida aqui em um plano mais amplo, o da intolerância. O texto - narrado e interpretado por João Carlos Andreazza e Paulo Marcello - trata da vida de um casal de lavradores no sertão nordestino. Quando a mulher fica viúva, os habitantes do lugarejo descobrem, durante os preparativos do enterro do marido, que não se tratava de um homem. A reação do povo contra o episódio revela o preconceito e o conservadorismo de um pequeno grupo social, um comportamento extremo que não se limita ao lugar ao qual alude o título da peça, termo usado de modo propositadamente alegórico para maior alcance de sentido.

O grande feito do espetáculo é a combinação das qualidades do texto com os procedimentos experimentais da montagem, que pode ser dividida em três blocos - o do plano mítico, o do tempo da ação e o da dimensão psíquica das personagens. Marcio Aurelio inspira-se no artista plástico Joseph Beuys e no seu conceito de esculturas sonoras: os vinte minutos iniciais, em que os atores narram causos pelo microfone, servem para criar o interesse do público, que é conduzido a uma outra condição de tempo e espaço. Outra influência de Beuys é o uso de ternos de feltro nos figurinos. O objetivo é contrariar as referências do público, geralmente habituado à caracterização do nordestino com outro tipo de roupas, claras e leves. Para o diretor, o objetivo do trabalho é "propor outro jogo ao espectador, diferente de entrar no teatro e encontrar uma coisa acabada. Esse vai ser construído com ele e vai depender da sua disponibilidade para o jogo. Essa idéia está ligada à estética do chamado teatro pós-dramático, que é o teatro que se constrói, não dá uma fórmula".1

Há também a presença de elementos da dança-teatro, que se devem ao trabalho corporal colaborativo aplicado pelo Estúdio Nova Dança. João Carlos Andreazza e Paulo Marcello montam e desmontam o cenário feito de um cercado, paralelepípedos e um varal com panos dependurados. Um casebre é projetado na cena. As trocas de personagens e passagens de cenas impressionam pela marcação precisa e a velocidade. A direção enfatiza o trabalho do performer. Segundo o crítico Sérgio Salvia Coelho, Marcio Aurelio "constrói um espetáculo que sugere sem esgotar as muitas implicações do texto, mantendo a ambigüidade entre a evocação dos dados sócio-regionais com a dimensão poética de fábula, entre o aqui-agora e o ancestral. Sofisticado, com uma técnica depurada a ponto de se tornar invisível, Agreste atinge uma essencialidade como raramente se vê nos palcos".2

Em 2004, a peça recebe da Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA, os prêmios de melhor espetáculo e o de melhor autor. No mesmo ano, Newton Moreno ganha o Shell pelo texto. Os prêmios e a repercussão da montagem garantem uma temporada longa e bem-sucedida em diferentes salas e cidades do país.

Notas

1. AURELIO, Marcio. Entrevista a Diego Viana. In: VIANA, Diego. A resistência de Agreste. In: Trópico. São Paulo, Universo Online.  Disponível em: [http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2629,1.shl]. Acesso em: 6 abr. 2007.

2. COELHO, Sérgio Salvia. Agreste atinge essencialidade do palco. Folha de S.Paulo, São Paulo, Ilustrada, 5 fev. 2004. p. 6.

 

Ficha Técnica

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Autoria
Newton Moreno (Prêmios Shell e Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA)

Direção
Marcio Aurelio

Cenografia
Marcio Aurelio

Figurino
Marcio Aurelio

Coreografia
Lu Favoretto
Marina Caron

Elenco
João Carlos Andreazza
Paulo Marcello

Fontes de pesquisa 4

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  • COELHO, Sérgio Salvia Coelho. Agreste atinge essencialidade do palco. Folha de S.Paulo, São Paulo, Ilustrada, 5 fev. 2004. p. 6.
  • DUBRA, Pedro Ivo. Marcio Aurelio traça fábula agreste de Newton Moreno. Folha de S.Paulo, São Paulo, Ilustrada, 15 jan. 2004. p. 4.
  • GUZIK, Alberto. Novas dramaturgias. Bravo!, São Paulo, n. 90, mar. de 2005. p. 48.
  • VIANA, Diego. A resistência de Agreste. In: Trópico. São Paulo, Universo Online. Disponível em: http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2629,1.shl. Acesso em: 6 abr. 2007.

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