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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Felipe Hirsch

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 01.06.2020
04.04.1972 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Carlos Felipe Lopes Werneck Hirsch (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1972). Diretor, dramaturgo, cenógrafo, produtor. Um dos fundadores da Sutil Companhia de Teatro, em 1993, amadurece a investigação da narrativa em peças de viés memorialístico e alcança soluções estéticas de forte impacto visual, sem descuidar da palavra. Um dos diretores mais p...

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Carlos Felipe Lopes Werneck Hirsch (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1972). Diretor, dramaturgo, cenógrafo, produtor. Um dos fundadores da Sutil Companhia de Teatro, em 1993, amadurece a investigação da narrativa em peças de viés memorialístico e alcança soluções estéticas de forte impacto visual, sem descuidar da palavra. Um dos diretores mais prestigiados dos anos 2000, dirige atores de primeira grandeza tais como Paulo Autran, Marco Nanini e Juliana Carneiro da Cunha.

A vocação para a pesquisa é delineada antes de deslanchar na carreira artística. Ingressa em cursos de história e de jornalismo, em 1989, na cidade de Curitiba. E ainda em teoria do teatro, em 1991, no Rio de Janeiro. Todos inconclusos, compreendendo seis anos de vida acadêmica.

Em 1993, aos 21 anos, cria o primeiro espetáculo profissional, Baal Babilônia, de Fernando Arrabal e, desde então, firma parceria artística com o ator Guilherme Weber. Idealizadores da companhia em Curitiba, eles são bem-sucedidos e, já no ano seguinte, rumam para temporada no Rio de Janeiro. Apresentam-se também em São Paulo, e a triangulação por essas cidades se torna uma constante.

Em 1997, exercita a dramaturgia em Estou Escrevendo de um País Distante, elaborada a partir de Hamlet, de William Shakespeare, e de Um Certo Hamlet, de Antônio Abujamra. A produção também demarca a equipe técnica com a qual passa a trabalhar com freqüência: a atriz Erica Migon, o iluminador Beto Bruel e a dupla responsável pela trilha sonora original, Rodrigo Barros Homem Del Rei e L. A. Ferreira.

A linguagem simbólica do início dá lugar, aos poucos, ao teatro memorialístico. Juventude, 1998, é uma adaptação de Ah, Wilderness!, considerada pela crítica como a primeira e única comédia de Eugene O'Neill. A dramaturgia contemporânea anglo-saxã passa a dominar o repertório.

O espetáculo que consolida o nome da Sutil Companhia de Teatro no cenário nacional, A Vida É Cheia de Som e Fúria, 2000, é uma adaptação do romance Alta Fidelidade, de Nick Hornby. A combinação de perspicácia do texto, plasticidade da cena e carisma do protagonista interpretado por Weber, um sujeito que trabalha numa loja de discos e rememora suas frustrações amorosas a partir de suas músicas preferidas, garante nesse ano o Prêmio Shell de melhor direção em São Paulo.

No Festival de Curitiba de 2000, o crítico Nelson de Sá destaca A Vida É Cheia de Som e Fúria como revelação da mostra paralela: "O espetáculo é como um apanhado de uma geração que, embora a história se passe em Londres, adaptada de Nick Hornby, não deixa de ser também brasileira, do Brasil urbano e 'colonizado'. [...] A apresentação se estende um pouco, algumas cenas podiam ser cortadas, porque repetitivas ou desnecessárias, mas A Vida é Cheia de Som e Fúria alcança grande envolvimento, com doses exatas de humor e drama, caracterizações precisas - e uma encenação que mostra ter aprendido tudo o que era preciso dos melhores diretores brasileiros".1

Em 2001, A Memória da Água, texto de Shelagh Stephenson, sonda as representações da realidade ao mostrar três irmãs às voltas com o funeral da mãe, rito que evoca visões do passado que se impõem. No mesmo ano, Nostalgia, texto de Felipe Hirsch, inaugura parceria com Daniela Thomas.

A opção de Hirsch por dramaturgias que trabalham com numerosas e rápidas alterações de tempo e lugar, em contraste com a interpretação naturalista, aproxima suas encenações da linguagem cinematográfica e transcende a mera projeção de imagens em telas.

Ainda no produtivo ano de 2001, estréia Jantar entre Amigos (Pequenos Terremotos), de Donald Margulies, uma produção de e com as atrizes Renata Sorrah e Xuxa Lopes. Em processo de separação, um homem e uma mulher  tentam salvar a amizade que mantêm com outro casal.

Em Os Solitários, junção de duas peças de Nicky Silver, Pterodáctilos e Homens Gordos de Saia, Marco Nanini produz e trabalha pela primeira vez com o diretor. Nanini e Marieta Severo fazem os papéis de mãe e filho nos dois atos, constituindo um núcleo familiar que implode de forma perturbadora, com cenas viscerais em que as personagens surgem em meio a pedaços de carne.

"É um encontro bem-sucedido entre artistas que, neste espetáculo, parecem dispostos a restaurar no palco a 'força viva, idêntica à da fome' sonhada por Antonin Artaud",2 conclui a crítica Mariangela Alves de Lima.

Hirsch emenda uma fieira de projetos com dramaturgia contemporânea norte-americana. Introduz nomes desconhecidos em palcos brasileiros, como Paula Vogel em Como Eu Aprendi a Dirigir um Carro, 2002; e Will Eno, de Temporada de Gripe, 2003; e Thom Pain-Lady Grey, 2006. Visita o clássico A Morte de um Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, importante produção de 2003 que promove o reencontro de Nanini com Juliana Carneiro da Cunha, atriz brasileira integrante do grupo francês Théâtre du Soleil.

Em 2005, como que se esquivando do hiper-racionalismo de Eno, imprime uma poesia mais direta na cena, ao homenagear o quadrinista Will Eisner, um ícone da cultura ocidental, morto nesse mesmo ano. Em Avenida Dropsie, procura retratar os tons sombrios da solidão coletiva de uma grande cidade. E dirige um segundo espetáculo, Sketchbook, espécie de "lado B" de Avenida Dropsie, em temporada simultânea no Teatro Popular do Sesi - TPS, em São Paulo.

Em 2006, um novo projeto causa surpresa em seu currículo. Monta uma obra clássica de Molière, protagonizada por um dos grandes atores da história do teatro brasileiro, Paulo Autran. O Avarento resulta numa convergência de forças, como aponta o crítico Sérgio Salvia Coelho: "Catalisador dessa química, Hirsch se diverte também com a relojoaria das marcas circulares, limitando-se a contar bem a história e deixar os atores mostrarem tudo o que sabem".3

No final de 2006, confirma a condição de que é um dos mais prolíficos encenadores de sua geração: abre espaço para assinar com Daniela Thomas a concepção da elogiada montagem da ópera O Castelo do Barba-Azul, de Béla Bartók, a primeira incursão pelo gênero, uma produção do Palácio das Artes em Belo Horizonte.

Em 2007, estréia sua primeira montagem a partir de um texto nacional, Educação Sentimental do Vampiro, espetáculo que reúne textos do autor curitibano Dalton Trevisan,  em mais uma grande produção do TPS.

Notas
1. SÁ, Nelson de. Intrépida trupe traz exuberância. Folha de S.Paulo, São Paulo, 19 mar. 2000. Ilustrada.

2. LIMA, Mariangela Alves. Os Solitários atualiza o teatro da crueldade. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 22 mar. 2002. Caderno 2.

3. COELHO, Sérgio Salvia. O Avarento reverencia o bom teatro. Folha de S.Paulo, São Paulo, 23 ago. 2006. Ilustrada.

Espetáculos 72

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Fontes de pesquisa 11

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  • COELHO, Sérgio Salvia. O Avarento reverencia o bom teatro. Folha de S.Paulo, São Paulo, 23 ago. 2006. Ilustrada.
  • Disponível em: < http://www.pterodatilos.com.br/?page_id=45>. Acesso em : 23 de maio de 2011. Não catalogado
  • LIMA, Mariangela Alves. Os Solitários atualiza o teatro da crueldade. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 22 mar. 2002. Caderno 2.
  • MACHADO, Álvaro. O delfim do teatro brasileiro. In: Trópico. São Paulo, 2001. Disponível em [http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/310,1.shl]. Acesso em: 9 mar. 2007.
  • MIRANDA, Célia Arns. Dez Primeiros Anos - Sutil Companhia de Teatro. Curitiba, Tao Produções, 2002, 80 p.
  • Programa do Espetáculo - Como Eu Aprendi a Dirigir Um Carro - 2002. Não catalogado
  • Programa do Espetáculo - Juventude - 1998. Não catalogado
  • Programa do Espetáculo: Jantar Entre Amigos Pequenos Terremotos - 2001. Não catalogado
  • Programa do espetáculo - Educação Sentimental de Um Vampiro, 2007. Não catalogado
  • SAMPAIO, João Luiz. Um Barba-Azul para não esquecer. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 14 out. 2006. Caderno 2.
  • SÁ, Nelson de. Intrépida trupe traz exuberância. Folha de S.Paulo, São Paulo, 19 mar. 2000. Ilustrada.

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