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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

João Fonseca

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 09.03.2017
19.08.1964 Brasil / São Paulo / Santos
João Carlos Fonseca (Santos, São Paulo, 1964). Diretor e ator. Encenador versátil, busca uma teatralidade mais centrada no ator e no texto. Apropria-se de clássicos da dramaturgia aplicando a eles leitura que privilegia a irreverência e o despojamento. É diretor artístico da companhia Os Fodidos Privilegiados desde 2001, dando continuidade ao gr...

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Biografia

João Carlos Fonseca (Santos, São Paulo, 1964). Diretor e ator. Encenador versátil, busca uma teatralidade mais centrada no ator e no texto. Apropria-se de clássicos da dramaturgia aplicando a eles leitura que privilegia a irreverência e o despojamento. É diretor artístico da companhia Os Fodidos Privilegiados desde 2001, dando continuidade ao grupo fundado por Antônio Abujamra (1932-2015).

Inicia a carreira no teatro amador de Santos, São Paulo. Estreia como ator, em 1983, no espetáculo Inês de Castro, com direção de Nélio Mendes. Em 1985, participa de O Noviço, de Martins Pena, em encenação de Neyde Veneziano (1944). Muda-se para São Paulo e ingressa no Centro de Pesquisa Teatral (CPT) dirigido por Antunes Filho (1929), para um ano e meio de estudo. Integra em 1989 o elenco de O Concílio do Amor, espetáculo de Gabriel Villela (1958) com o grupo Boi Voador, que permanece em cartaz por dois anos.

Fixa residência no Rio de Janeiro em 1992, ao aceitar um convite para compor o elenco de Colombo, peça na qual atua ao lado de Rubens Corrêa (1931-1996). Em 1994, participa de Lago 22, dirigida por Jorge Takla (1951), e da montagem de A Tempestade do grupo Armazém Companhia de Teatro, com quem viaja pelo Brasil.

Seu primeiro contato com Os Fodidos Privilegiados se dá em 1995, quando Antônio Abujamra convoca atores para o espetáculo Exorbitâncias, uma Farândula Teatral, trabalho com mais de 50 atores de trechos da obra de diversos autores. Para a montagem seguinte, a companhia parte para a teatralização de romances de Nelson Rodrigues (1912-1980), e os atores são encorajados a adaptar pequenas cenas. Em 1996, a companhia apresenta O que É Bom em Segredo É Melhor em Público, do qual Fonseca participa como ator. Paralelamente, João Fonseca propõe uma adaptação do romance O Casamento, que estreia no Festival de Curitiba em 1997, uma codireção com Abujamra, e ganham o Prêmio Shell pela direção. O espetáculo é um grande sucesso de público, e viaja pelo Brasil e exterior.

Sobre a peça, Macksen Luiz (1945) comenta: "Já em O Casamento, uma adaptação do romance de Nelson Rodrigues, em cena no Teatro Dulcina, o grupo empresta um tom de panfleto erótico a uma história tragicômica. [...] O espetáculo segue a linha dos últimos espetáculos do grupo Privilegiados. Com um grande elenco - são dezenas de atores em cena - os diretores criam uma movimentação coreográfica que distribui no palco a massa de atores, compondo um cenário humano. [...] O Casamento não chega a ser tragicômico, mas uma sucessão de cenas em que se está sempre perseguindo um efeito de impacto (gestos expandidos, palavras gritadas, imagens vulgares)"1.

A parceria na direção estende-se por outros espetáculos do grupo: em 1998, Fonseca e Abujamra dirigem Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna (1927-2014), e A Resistível Ascensão de Arturo Ui, de Bertolt Brecht (1898-1956). No ano seguinte, em colaboração com Terry O'Reilly, Fonseca dirige Tudo no Timing, de David Ives. Ganham o Prêmio Ibeu pela direção, sobre a qual a crítica ressalta: "A dupla [...] sustenta montagem que mantém tom leve e que não cai em fórmulas experimentalistas, preferindo construir-se de maneira a que sobressaiam a aplicação de técnicas teatrais e o humor fluente, que só em alguns momentos fica um pouco sublinhado demais por contrafacções faciais e exageros corporais"2.

Em 2001, com a saída de Abujamra, Fonseca passa a ser o diretor artístico dos Fodidos Privilegiados, e monta Os Libertinos, peça que reúne dois textos de William Shakespeare, Tróilo e Créssida e Tímon de Atenas. Para o segundo espetáculo, promove uma atualização da tragédia, ambientando-a no mundo da moda contemporâneo, com música pop e um coro de drag queens.

No ano seguinte, a companhia é obrigada a abandonar o Teatro Dulcina, sua sede desde 1991. Dão continuidade ao trabalho em grupo, mesmo sem apoio. Fonseca dirige A Fonte dos Santos, peça de J. M. Synge, em 2002, e O Casamento do Pequeno Burguês, de Brecht e Kurt Weill, em 2003. Dois anos depois,  monta O Carioca, de Artur Azevedo, alternando cenas da peça com pequenos esquetes contemporâneos, inspirados nas revistas de ano do autor, e estreia Édipo Unplugged, apropriação do texto de Sófocles que prima pelo despojamento. "A extrema simplicidade da montagem, que dispõe unicamente dos atores para concretizar a tragédia, faz deste teatro de câmara uma honesta versão do texto de Sófocles. Édipo Unplugged permite que se 'ouça' o texto, que o espectador seja conduzido pela audição da tragédia, mais do que pelo corpo da encenação"3, comenta  Macksen Luiz.

A partir de 2005, dirige projetos fora da companhia. Nesse ano, monta O Jogo, de Mariela Romero, e Esses Anos Estúpidos e Perigosos, de George F. Walker, ambas produções com elenco menos numeroso. Em 2006, dirige A Ratoeira, de Agatha Christie (1890-1976), e Minha Mãe É uma Peça, monólogo cômico do ator Paulo Gustavo, sucessos de público que põem em evidência a figura do diretor.

Ainda em 2006, comemora os 15 anos dos Fodidos Privilegiados com Escravas do Amor, nova adaptação da obra romanesca de Nelson Rodrigues. A crítica Barbara Heliodora (1923-2015) afirma: "O grande segredo da adaptação é justamente o da cuidadosa preservação da forma da crônica, pois as pequenas frases narrativas e, melhor ainda, as que definem emoções e reações dos personagens formam um espetáculo coeso em estilo e conteúdo. Isso quer dizer, é claro, que o público é brindado com a fantástica mescla de exagero emocional, distanciamento crítico e cafonice generalizada que Nelson explorou tão bem para retratar a classe média da Zona Norte de seu tempo. [...] E a direção de João Fonseca é ótima: a presença em cena de todo o elenco é justificada pelas marcas, e os exageros perfeitamente comedidos e funcionais estão em sintonia exata com o texto, com tom e ritmo sendo rigorosamente mantidos ao longo de todo o espetáculo"4.

Em anos posteriores, dirige uma série de montagens independentes da companhia. Em Pão com Mortadela, continua o trabalho de adaptação de narrativas literárias para o palco, com base em romance de Charles Bukowski. Sua versão do musical Gota d'Água, de Chico Buarque (1944) e Paulo Pontes (1940-1976), alcança grande êxito de público. Segundo Lionel Fischer, a dinâmica cênica desse espetáculo, "apoiada em poucos elementos cenográficos, consegue ressaltar toda a beleza e dramaticidade da obra"5.

Notas

1 LUIZ, Macksen. Uma adaptação que não atinge seus objetivos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 abr. 1997.

2 _____________. Mudanças na relação cênica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 ago. 1999.

3 _____________. Uma honesta versão de Sófocles. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 dez. 2004.

4 HELIODORA, Barbara. Adaptação saborosa das crônicas de Suzana. O Globo, Rio de Janeiro, 27 abr. 2006.

5 FISCHER, Lionel. Obra prima em versão irretocável. Tribuna da imprensa, Rio de Janeiro, 13 dez. 2007.

Espetáculos 70

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Fontes de pesquisa 11

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  • CANALTEATRO. Disponível em: http://www.canalteatro.com.br/info_peca.php?cod_pecas=530. Não catalogado
  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Edélcio Mostaço]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Márcio Freitas]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
  • FISCHER, Lionel. Obra prima em versão irretocável. Tribuna da imprensa, Rio de Janeiro, 13 dez. 2007.
  • HELIODORA, Barbara. Adaptação saborosa das crônicas de Suzana. O Globo, Rio de Janeiro, 27 abr. 2006.
  • LUIZ, Macksen. Mudanças na relação cênica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 ago. 1999.
  • LUIZ, Macksen. Uma adaptação que não atinge seus objetivos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 abr. 1997.
  • LUIZ, Macksen. Uma honesta versão de Sófocles. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 dez. 2004.
  • Programa do Espetáculo - As Bruxas de Salem - 2003. Não catalogado
  • Programa do Espetáculo - Um Certo Van Gogh - 2008. Não catalogado
  • Programa do Espetáculo: Jantar Entre Amigos Pequenos Terremotos - 2001. Não catalogado

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