Jorge Takla
Texto
Jorge Philippe Takla (Líbano, 1951). Diretor. Encenador requintado, habilidoso em lidar com elencos numerosos, atua tanto no teatro como no mercado da ópera, sempre em grandes produções, ao lado de atores e músicos do primeiro time do panorama cultural brasileiro.
Em sua formação, Takla cursa a Escola de Belas Artes e o Conservatório Nacional de Arte Dramática, em Paris. Nos Estados Unidos trabalha com Robert Wilson na produção de A Mad Man, estreada em Shiraz em 1974. No mesmo ano, atua em The Good Woman of Setzuan, de Bertolt Brecht, e Medea, duas direções de Andrei Serban. No Café La MaMa de Nova York, está como ator em novas produções de Serban, Trojen Women, em 1974 e Electra, em 1975. Em Paris, no ano seguinte, faz As You Like It, de William Shakespeare. Em Nova York dirige On My Coral Islands, em 1976. Sua primeira direção no Brasil dá-se em 1978, com O Primeiro, de Israel Horowitz. Em 1980, faz Fedra, de Jean Racine, tendo Juliana Carneiro da Cunha como protagonista.
Em 1982, realiza O Jardim das Cerejeiras, montagem grandiosa que conta com Cleyde Yáconis no desempenho central. Sua encenação seguinte, Agnes de Deus, trata-se de uma realização discreta. Em 1984, faz uma leitura pessoal do texto O Segredo da Alma de Ouro, de Leilah Assumpção, transformando-o numa ópera-rock de resultados aquém dos pretendidos. Madame Blavatsky, texto de Plínio Marcos, que destaca Walderez de Barros, consolida seu prestígio artístico, em 1985.
Em 1986 encena Lembranças da China, de Alcides Nogueira; e, no ano seguinte, uma versão compacta de Electra, de Sófocles, com grandes resultados. Drácula, uma boa personagem para Raul Cortez, é seu sucesso de 1987; repercussão que se estende pelo ano seguinte, quando monta Lago 21, realização experimental de grande repercussão. Sobre ele anota o crítico Alberto Guzik: "Lago 21 é um espetáculo de autor. E impressiona pela elegância e contenção do conjunto. As marcações são precisas e intensamente expressivas. Um trabalho dessa ordem não seria bem-sucedido a não ser que o encenador contasse com um elenco competente ao extremo. Jorge Takla escolheu a dedo os intérpretes de Lago 21".1
Em 1989, volta-se para o musical Cabaré, de Joe Masteroff e, no ano seguinte, é a vez de Pequenos Burgueses, de Máximo Gorki. Em 1993, monta Seis Graus de Separação, de John Guare, um dos últimos trabalhos representativos de Ileana Kwasinski. Em 1996, dirige Marília Pêra encarnando a cantora lírica Maria Callas em Master Class, de Terence McNally. Encena em 1997, Medéia, inspirada nas obras de Eurípides e Sêneca, com Walderez de Barros à frente de grande elenco. Em 1999, volta a dirigir a atriz, desta vez num monólogo, Tu e Eu, poemas de Jalal-ud Din Rumi. E, em 2000, retoma a parceria com Marília Pêra, em Victor ou Victória, cujo enredo tornou-se notório a partir do filme homônimo de Blake Edwards, com Julie Andrews no papel principal.
Em 2002, torna-se diretor da área de teatro da Corporação Interamericana de Entretenimento (CIE), multinacional mexicana que opera no país desde 1999, responsável por megaproduções musicais da Broadway, tais como O Beijo da Mulher Aranha, Les Misérables, A Bela e A Fera, e, a exceção brasileira, A Flor do Meu Bem Querer, de Juca de Oliveira.
Jorge Takla é também reconhecido como diretor de óperas. Entre suas realizações estão Il Tabarro, de Puccini, 1992; Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni e Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo, ambas em 1993; Madame Butterfly, 1994; La Traviata, 1996, e La Bohème, 1998, todas de Puccini, e Contos de Hoffmann, de Offenbach, 2003.
Notas
1. GUZIK, Alberto. Um vôo delicado e sedutor. Jornal da Tarde, São Paulo, p. 25, 13 jan. 1988.
Espetáculos 68
Espetáculos de dança 3
Fontes de pesquisa 15
- ALBUQUERQUE, Johana. Jorge Takla (ficha curricular) In: _________. ENCICLOPÉDIA do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material elaborado em projeto de pesquisa para a Fundação VITAE. São Paulo, 2000.
- Chuva. São Paulo: Teatro Sesc Anchieta, 1978. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Sesc Anchieta. Não catalogado
- Drácula. São Paulo: s.l., 1986. 1 programa de espetáculo. Não catalogado
- GUERINI, Elaine. Nicette Bruno & Paulo Goulart: tudo em família. São Paulo: Cultura - Fundação Padre Anchieta: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. 256 p. (Aplauso Perfil). 792.092 G932n
- GUZIK, Alberto. Um vôo delicado e sedutor. Jornal da Tarde, São Paulo, p. 25, 13 jan. 1988.
- LAGO 21. Direção Jorge Takla. São Paulo, 1988. 1 folder. Programa do espetáculo, apresentado no Teatro Procópio Ferreira em maio de 1988.
- O JARDIM DAS CEREJEIRAS. Direção Jorge Takla. São Paulo, 1982. 1 folder. Programa do espetáculo, apresentado em 1982.
- Programa do Espetáculo - 39 - 1981. Não catalogado
- Programa do Espetáculo - Agnes de Deus - 1982. Não catalogado
- Programa do Espetáculo - Armadilha - 1979. Não catalogado
- Programa do Espetáculo - Boca Molhada de Paixão Calada - 1984. Não catalogado
- Programa do Espetáculo - Carmem com Filtro - 1986. Não catalogado
- Programa do Espetáculo - Lembranças da China - 1986. Não catalogado
- Programa do Espetáculo - O Primeiro - 1978. Não catalogado
- Programa do espetáculo - A Bela e a Fera. Não catalogado
Como citar
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JORGE Takla.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa109211/jorge-takla. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7