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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Laura Cardoso

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.08.2024
13.09.1927 Brasil / São Paulo / São Paulo
Registro fotográfico Lenise Pinheiro. Acervo Folha Press

Televisão: a atriz Laura Cardoso posa para foto.
Lenise Pinheiro, Laura Cardoso
Acervo: Folhapress

Laurinda de Jesus Cardoso Baleroni (São Paulo, São Paulo, 1927). Atriz e dubladora. Filha de portugueses, nasce e cresce no bairro do Bixiga, em São Paulo. Começa a carreira aos 15 anos, integrando o elenco da extinta Rádio Cosmos, na capital paulista.

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Biografia

Laurinda de Jesus Cardoso Baleroni (São Paulo, São Paulo, 1927). Atriz e dubladora. Filha de portugueses, nasce e cresce no bairro do Bixiga, em São Paulo. Começa a carreira aos 15 anos, integrando o elenco da extinta Rádio Cosmos, na capital paulista.

Nesse período, também tem experiências com teatro infantil e circo popular. Passa por outras emissoras de rádio, como a Cultura e a Tupi. Nessa última, conhece o ator Fernando Baleroni (1922-1980), com quem se casa, em 1949.

Em 1952, estreia no programa Tribunal do Coração, transmitido pela extinta TV Tupi. Na emissora, a atriz conhece o auge da teledramaturgia brasileira. Participa de adaptações de textos da literatura brasileira e mundial, exibidas pela TV de Vanguarda e Grande Teatro Tupi. Em 1953, integra o elenco da primeira experiência com videotape na televisão nacional: o teleteatro Hamlet, dirigido por Dionísio Azevedo (1922-1994). Nessa fase, divide cena com atores como Lima Duarte (1930), Lolita Rodrigues (1929), Rolando Boldrin (1936) e Vida Alves (1928-2017).

Como dubladora, Laura dá voz à personagem Betty, da animação The Flintstones, exibida no Brasil na década de 1960 pela TV Tupi.

Em 1981, participa da novela Brilhante, exibida pela TV Globo, escrita por Gilberto Braga (1945) e dirigida por Daniel Filho (1937). Na emissora, dá vida a personagens memoráveis, como Isaura, a mãe das gêmeas Ruth e Raquel, na novela Mulheres de Areia (1993); e a médium Guiomar, em A Viagem (1994).

No teatro, sua presença liga-se a grandes diretores. Estreia no Pequeno Teatro de Comédia, em 1959, na peça Plantão 21, dirigida por Antunes Filho (1929). Nessa montagem do texto do dramaturgo estadunidense Sidney Kingsley (1906-1995), interpreta a personagem Mary Mcleod. Sob direção de Antônio Abujamra (1932-2015), Laura Cardoso encena quatro espetáculos. Entre eles, As Criadas (1968), codirigido por Alberto D’Aversa (1920-1969), e Volpone (1977).

No cinema, a atriz grava curtas e longas-metragens de cineastas iniciantes e veteranos. Seu primeiro filme é O Rei Pelé (1963), de Carlos Hugo Christensen (1914-1999). Em 1995, interpreta a imigrante espanhola Manuela, em Terra Estrangeira, dirigida por Walter Salles (1956) e Daniela Thomas (1959). Com o ator Paulo José (1937), Laura Cardoso protagoniza o curta Morte (2002), com direção de José Roberto Torero (1963).

Recebe prêmios, como a insígnia Ordem do Mérito Cultural, em 2006, em reconhecimento pela contribuição à cultura brasileira.

Análise

A carreira de Laura Cardoso acompanha a evolução dos meios de comunicação no Brasil. Ao transitar por rádio, televisão, teatro e cinema, adapta-se às diferentes linguagens dessas plataformas e torna-se uma das artistas mais versáteis e técnicas do país.

O interesse por artes dramáticas parte da literatura. Na infância, é estimulada a ler histórias para as companheiras da escola de freiras. A atenção recebida pelas colegas e o incentivo das professoras despertam em Laura o gosto pela arte de representar. Ao entrar nas rádios, ainda adolescente, a atriz expande a capacidade de imaginação e fantasia necessária para interpretar textos centrados na oralidade.

Tomando a radionovela como escola de atuação, Laura Cardoso desenvolve a habilidade de criar personagens. A passagem da rádio para a televisão dá-se aos poucos. Em Tribunal do Coração, teleteatro escrito por Vida Alves e exibido pela TV Tupi, a atriz faz uma participação especial. Ávida por novos desafios, ela insiste por uma oportunidade na teledramaturgia. O roteirista, produtor e diretor Cassiano Gabus Mendes (1927-1993) aposta na imagem de Laura para a TV. Em 1956, a artista participa do teleteatro A Canção Sagrada, adaptação do texto do dramaturgo estadunidense Paddy Chayefsky (1923-1981).

Apresentada ao vivo, a montagem integra o programa TV de Vanguarda, que apresenta clássicos da dramaturgia, no horário nobre dos domingos. Em 1953, com a chegada do videotape – e com ele a possibilidade de gravação prévia de telenovelas e teleteatros –, Laura (e seus colegas de elenco) tem de lidar com o excesso de técnicas em detrimento da emoção: “Tirou o entusiasmo do ao vivo”, explica1.

A precisão emotiva e a habilidade para viver personagens complexos são características da atriz, exaltadas por colegas de profissão. No teatro, destaca-se pela criação “humanizada” das personagens, como aponta o crítico Sábato Magaldi (1927-2016), em texto sobre o espetáculo A Nonna (1980), dirigido por Flávio Rangel (1934-1988)2. No programa do espetáculo, Antônio Abujamra ressalta que Laura Cardoso “tem uma altura pura e abstrata para esse trabalho centrado na realidade – ou inversamente”. E acrescenta: “Ela é capaz – como todo ser humano – a uma contínua adaptação a situações sempre novas, o que a faz sobreviver num clássico como Ben Jonson ou a infinidades de textos na televisão que a obriga ter uma competência técnica”.

No livro Laura Cardoso: contadora de histórias, a atriz comenta a satisfação de ter papéis concebidos para ela, manifestação de reconhecimento do trabalho da artista. O roteiro do filme Através da Janela (2000) foi inspirado em uma cena da tragédia Vereda da Salvação, de Antunes Filho. Na peça, Laura interpreta a mãe protetora do protagonista, personagem que motiva o argumento do longa-metragem, coescrito por Jean-Claude Bernardet (1936), Fernando Bonassi (1962) e Tata Amaral (1960), diretora do filme.

Embora a carreira da atriz ligue-se ao drama, a versatilidade de Laura permite-lhe desempenhar papéis cômicos marcantes no teatro. Em 1990, participa da peça Vem Buscar-me que Ainda Sou Teu, de Gabriel Villela (1958)3. O papel de Aleluia Simões, dona de uma companhia de circo, é escrito para Laura pelo dramaturgo Carlos Alberto Soffredini (1939-2001) e rende-lhe vários prêmios, incluindo o de Melhor Atriz pela Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo (Apetesp). Instigada por desafios, em 1997, a atriz interpreta Tia Dolores em outra comédia, Todo Mundo Sabe que Todo Mundo Sabe. O espetáculo marca a parceria com Miguel Falabella (1956), "um excelente diretor de atores", segundo Laura Cardos.

Notas

1 CARDOSO, Laura. Persona em Foco – Laura Cardoso. São Paulo, 28 jul. 2015. Entrevista concedida a Mauro Gianfrancesco e Zécarlos de Andrade. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=p4D7sRR-BBQ >. Acesso em: 10 fev. 2017.

2 MAGALDI, Sábato. Amor ao teatro. São Paulo: Edições Sesc, 2014.

3 GÓES, Marta. Laura e Xuxa, heroína e vilã. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 28 jun. 1990. Caderno 2.

Obras 1

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Espetáculos 13

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Exposições 1

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Fontes de pesquisa 13

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  • CARDOSO, Laura. Persona em Foco – Laura Cardoso. São Paulo, 28 jul. 2015. Entrevista concedida a Mauro Gianfrancesco e Zécarlos de Andrade. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=p4D7sRR-BBQ.
  • LEKS, Julia. Laura Cardoso: contadora de histórias. São Paulo: Imprensa Oficial, 2010. (Série Aplauso Perfil).
  • MAGALDI, Sábato. Amor ao teatro. São Paulo: Edições Sesc, 2014. Coleção Sesc Críticas.
  • MILARÉ, Sebastião. Antunes Filho e a dimensão utópica. São Paulo: Perspectiva, 1996.
  • O ESTADO de São Paulo. O teatro escolhe seus preferidos. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 2 maio 1991. Caderno 2.
  • PORTO E SILVA, Flávio. O teleteatro paulista nas décadas de 50 e 60. São Paulo: Centro de Documentação e Informação sobre Arte Brasileira Contemporânea, 1981.
  • Programa do Espetáculo - A Herdeira - 1985. Não catalogado
  • Programa do Espetáculo - A Nonna - 1980. Não catalogado
  • Programa do Espetáculo - Divinas Palavras - 1986. Não Catalogado
  • Programa do Espetáculo - O Cobrador - 1990. Não Catalogado
  • REIS, Leila. É preciso investir em coisa boa, limpar um pouco a TV. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 22 jan. 2004. Caderno 2.
  • SOUZA, José Inácio de Melo. Relação de teleteatros apresentados pela TV Tupi – 1950-1954. São Paulo: [s.n.], 2011.
  • VOLPONE. São Paulo: Auditório Augusta, 1977. 1 programa do espetáculo. Não catalogado

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