Geraldo Carneiro
Texto
Geraldo Eduardo Carneiro (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1952). Poeta, escritor, compositor, letrista, tradutor e roteirista. Transita entre a poesia e a composição de letras para importantes intérpretes
Cursa filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e letras na Pontifícia Universidade Católica (PUC/RJ). Geraldo Carneiro estreia em poesia em 1974 com o livro Na Busca do Sete-Estrelo, momento em que a poesia marginal inicia-se. Em Verão Vagabundo (1980), que compreende a produção de 1972 a 1980 do autor, há traços da informalidade da tendência marginal, porém sem ser restritivo, já que a intertextualidade variada impõe outros diálogos e interesses formais, inclusive a paródia do cânone escolar, com autores como Álvares de Azevedo (1831-1852), Casimiro de Abreu (1839-1960) e Machado de Assis (1939-1908).
Nesse caso, o excesso de referências exerce uma função crítica e humorística, como no poema "Meus Oito Anos": “[...] quis gritar eu disse não grita/ dei uma porrada só pra assustar/ mas ela gritou e eu/ enfiei o ferro puxei o relógio/ beijei a medalhinha e/ me arranquei”1.
A poesia de Carneiro, nos anos de 1990 e 2000, torna-se cada vez mais reflexiva, e passeia entre as temáticas do amor e do desconcerto do mundo, como observa o crítico Nelson Ascher: “[...] de livro em livro, malgrado [sua poesia] preservar, nas entrelinhas, uma veia irônica, ela se tornou meditativa”2.
O poema Balada do Impostor, por sua busca pela compreensão do ser e do devir, ilustra estas perplexidades do sujeito poético: “[...] e vou passando como tudo passa/ em busca de uma graça que ultrapasse/ o círculo da minha circunstância/ e espelho que não seja senão o outro [...]”3.
Além da escrita poética, Carneiro exerce intensa atuação como letrista, com mais de 200 composições para músicos como o argentino Astor Piazzola (1921-1992), Egberto Gismonti (1947) e John Neschling (1947). Escreve para teatro, cinema e televisão peças, roteiros e séries, como Manu Çaruê (1992), ópera performática com música de Wagner Tiso (1945), e o roteiro de O Judeu, em parceria com Millôr Fernandes (1923-1912). Como tradutor, verte peças de William Shakespeare (1564-1616), com destaque para Antonio e Cleópatra (2006).
Na literatura infantil, publica Como um Cometa (2009), que reúne poesias feitas especialmente para crianças além de textos extraídos de livros anteriores.
Em 2016, tem sua obra reunida na antologia Subúrbio das Galáxias, que traz em sua curadoria os poemas mais lembrados pelo público. Segundo Geraldo Carneiro é a afeição do leitor pelo texto que pauta a escolha dos textos presentes na obra.
Notas
1. CARNEIRO, Geraldo. Poemas reunidos. Rio de Janeiro: Ed. Biblioteca Nacional: Editora Nova Fronteira, 2004, p. 413.
2. Idem, p. 38.
3. Idem, p. 82.
Obras 4
Espetáculos 16
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 5
- CARNEIRO, Geraldo. Poemas reunidos. Rio de Janeiro: Ed. Biblioteca Nacional: Editora Nova Fronteira, 2004.
- DICIONÁRIO CRAVO ALBIN DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA. Disponível em: http://www.dicionariompb.com.br/geraldo-carneiro. Acesso em: 23 jan. 2013
- EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado
- Programa do Espetáculo - Leitor Por Horas - 2006. Não catalogado
- REIS, Luiz Felipe. A desordem poética de Geraldo Carneiro em nova antologia. O Globo. 26 jan. 2016. Cultura. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/livros/a-desordem-poetica-de-geraldo-carneiro-em-nova-antologia-18540075. Acesso em: 17 fev. 2020
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GERALDO Carneiro.
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Verbete da Enciclopédia.
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