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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Badi Assad

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 16.10.2024
23.12.1966 Brasil / São Paulo / São João da Boa Vista

Badi Assad, 1997
Chico Caruso, Badi Assad
Litografia, c.i.d.
31,50 cm x 22,50 cm

Mariângela Assad Simão (São João da Boa Vista, SP, 1966). Violonista, cantora, compositora. Aos dois anos, muda-se com a família para o Rio de Janeiro, onde vive até os 12. Filha do bandolinista Seu Jorge e da cantora Dona Ica, músicos amadores, e irmã caçula dos violonistas Sérgio e Odair, do Duo Assad, cresce num ambiente fortemente musical. C...

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Biografia

Mariângela Assad Simão (São João da Boa Vista, SP, 1966). Violonista, cantora, compositora. Aos dois anos, muda-se com a família para o Rio de Janeiro, onde vive até os 12. Filha do bandolinista Seu Jorge e da cantora Dona Ica, músicos amadores, e irmã caçula dos violonistas Sérgio e Odair, do Duo Assad, cresce num ambiente fortemente musical. Canta acompanhada dos irmãos e tem aulas de piano, mas é ao violão que dedica seus estudos, a partir dos 14 anos. Aos 17, divide com o violonista Fábio Zanon (1966) o primeiro lugar do Concurso Jovens Instrumentistas, e aos 20 é a única finalista brasileira do Concurso Internacional Villa-Lobos. Ingressa no bacharelado em violão na Unirio, mas não chega a se formar.

Em 1989, grava o LP promocional Dança dos tons, em que atua basicamente como violonista, acompanhada por Toninho Carrasqueira (1952), Paulo Bellinati (1950), Sérgio Assad e outros músicos. É o vazio provocado pela ausência desses instrumentistas no show de lançamento do disco que a leva explorar a percussão vocal e corporal, além do canto.

Introduzida pelos irmãos no circuito internacional, tem três gravados em Nova York pelo selo audiófilo Chesky Records: Solo (1994), Rythyms (1995) e Echoes of Brazil (1997). Em 1995, divide com o violinista Juarez Moreira (1954) o disco Instrumental no CCBB, produzido por André Geraissati. Muda-se em 1997 para os EUA, onde lança Chameleon (PolyGram, 1998). Após dois anos sem tocar devido a uma rara doença motora, retorna ao Brasil em 2001. Em 2003, grava nos EUA os discos Nowhere, independente, e Three Guitars (Chesky Records), com Larry Coryell e John Abercrombie, lançado em DVD em 2005, pelo selo alemão Inakustik. Seguem-se Dança das Ondas (GHA Records, Bélgica, 2004), Verde (2004), primeiro álbum lançado no Brasil, Wonderland (2006) e Família Assad: um songbook brasileiro (2007), em que interpreta canções próprias e clássicos da MPB ao lado dos pais, irmãos e sobrinhos. Em 2007, compõe a música do espetáculo infantil Convocadores de estrelas.

Para celebrar 20 anos de carreira, lança pela Biscoito Fino o CD/DVD Badi Assad (2009). Vencedora do Prêmio APCA 2012 de melhor compositora, lança no mesmo ano o álbum Amor e outras manias crônicas, pela YB Music.

Análise

Incluída pela revista britânica Classic Guitar entre os dez violonistas que revolucionariam o instrumento nos anos 1990, ao lado de nomes como Ben Harper e Tom Morello, Badi Assad conquista sólido reconhecimento internacional, mas não chega a desenvolver uma carreira análoga no Brasil. Mesmo atuando ao lado de grandes nomes da música brasileira, como Egberto Gismonti (1944), Naná Vasconcelos (1944-2016), Paulo Bellinati, Rodolfo Stroeter, Simone Soul, Lenine (1959), Marcos Suzano (1963), entre outros, é menos conhecida no país do que no exterior, onde também encontra grandes parceiros, como o cantor Bob McFerrin, o violoncelista Yo-Yo Ma e os guitarristas Jeff Young, Larry Coryell e John Abercrombie.

O fato de ser irmã de dois dos maiores violonistas do mundo não é obstáculo para Badi, que desde muito jovem desenvolve um estilo musical próprio e explora um repertório diferente daquele dos irmãos. Eclética, mescla em seus discos e shows clássicos do repertório violonístico (Villa-Lobos, Egberto Gismonti, Leo Brouwer, Ralph Towner) a novos compositores da música brasileira instrumental (Ulisses Rocha, Marco Antonio Guimarães, Carlinhos Antunes) e cancional (Lenine, Chico Cesar, José Miguel Wisnik). Também propõe a releitura de clássicos da MPB (como Joanna, a francesa, de Chico Buarque, ou O mundo é um moinho, de Cartola) e do pop internacional (a exemplo de One, do U2, ou Bachelorette, de Björk).

Uma fusão de gêneros e estilos pode ser notada em interpretações personalíssimas como a de Vacilão, samba de Zé Roberto originalmente gravado por Zeca Pagodinho (1959). Na versão de Badi, em ritmo de blues, o arranjo de Sérgio Assad revela a impensável proximidade entre o pagode brasileiro e gênero de Chicago, ambos fortemente narrativos. Do mesmo modo, sua versão para Sweet Dreams, de Annie Lennox, transforma a dance music da gravação original numa canção fluida e sensual, com arranjo de Jacques Morelembaum e Carlinhos Antunes (1954).

Começa compor aos poucos, inicialmente com o irmão Sérgio (Toada, Minha aldeia, Rhythms), depois com o ex-marido Jeff Young (Rhythms of the world, Naked, Waterfall) e com músicos brasileiros como Chico César (1954) (Zoar, À primeira vista, Feixe) e Pedro Luís (Saudade verdade sorte). Chega a escrever sozinha algumas canções (como Você não entendeu nada, O que seria e Waves, que fica entre as 10 mais tocadas na Alemanha durante semanas), mas é no trabalho mais recente, Amor e outras manias crônicas, totalmente autoral, que sua verve de compositora desabrocha, revelando um lado mais pop. Suas letras falam de amor, conquistas e desilusões, às vezes por meio de metáforas densas, como em O que seria ("Então, o que seria de mim sem você?/ Labaredas sem o fogo/ Toda a fortuna, sem as regras do teu jogo/ Talvez eu fosse somente lágrima/ Sem te ter para pescador/ Um peixinho perdido num vaso de flor"), outras vezes com leveza e bom-humor, como em Quarto da rainha ("Para chegar ao quarto da rainha/ Tem que percorrer o palácio/ E dependendo do cansaço/ Vai fazer papel de palhaço").

Instrumentista virtuosa, Badi Assad mescla a técnica do violão erudito às sonoridades mais "sujas" e agressivas da música popular, tudo isso somado aos experimentalismos percussivos feitos com a boca e o corpo - o que lhe rende, nos Estados Unidos, o apelido de one woman band. A integração entre voz, percussão corporal e violão pode ser notada em interpretações como a de Asa Branca, gravada no CD Verde.

Obras 31

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Fontes de pesquisa 4

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  • ASSAD, Badi. Site oficial da artista. Disponível em: <www.badiassad.com.br>. Acesso em: 09 maio 2013.
  • CASO, Fabiana. "Made in Brasil". O Estado de S. Paulo, 25/26 de janeiro de 2003. Suplemento Feminino, p. F4.
  • _______. Entrevista a Cristina Coghi. Programa Cesta da Música. Rádio CBN, 19/11/2010. Disponível em: <cbn.globoradio.globo.com>. Acesso em: 15 maio 2013.
  • ________. Verde (Relaese). São Paulo: Universal Music Brasil, 2005.

Como citar

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