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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Zina Aita

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 26.04.2022
1900 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
1968 Itália / Campânia / Nápoles
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Homens Trabalhando, 1922
Zina Aita
Óleo sobre tela
22,00 cm x 29,00 cm

Tereza Aita (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1900 – Nápoles, Itália 1967). Pintora, ceramista e desenhista. Apesar da curta trajetória no Brasil, Zina Aita, como é conhecida, tem um peso importante na constituição da arte moderna brasileira, sendo considerada a precursora do modernismo em Minas Gerais.

Texto

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Tereza Aita (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1900 – Nápoles, Itália 1967). Pintora, ceramista e desenhista. Apesar da curta trajetória no Brasil, Zina Aita, como é conhecida, tem um peso importante na constituição da arte moderna brasileira, sendo considerada a precursora do modernismo em Minas Gerais.

Na adolescência, entre 1914 e 1918, estuda na Academia de Belas Artes de Florença com o artista italiano Galileo Chini (1873-1956). Ao retornar ao Brasil, faz contato com os modernistas Manuel Bandeira (1886-1968) e Ronald de Carvalho (1893-1935), além de se tornar amiga da pintora Anita Malfatti (1889-1964) e do escritor Mário de Andrade (1893-1945). Em 1920, realiza a primeira mostra individual em Belo Horizonte e causa polêmica. 

O principal quadro da mostra é O Retrato (1920), que representa o rosto de um garoto no canto direito da tela. A obra se destaca por suas cores fortes, utilizadas de modo inovador, como apontado pela pesquisadora Ivone Luiza Vieira. Segundo ela, a inovação de Zina Aita nesse quadro está em recusar as harmonias cromáticas tradicionais empregadas pelas artes plásticas da época. Além disso, ao articular modernidade e tradição, a pintura explora a dialética fundante do modernismo. O tom de vermelho que se destaca no quadro, por exemplo, aproxima-se daquele utilizado por Manoel da Costa Athaide (1762-1830), considerado um gênio do século XVIII, presente em diversas igrejas de Ouro Preto. De fato, uma das críticas ao quadro são o uso “bizarro” das cores para “ferir” a visão do público, ainda que se reconheça a originalidade da obra1.

Dois anos depois, a artista participa de um dos marcos da arte brasileira: a Semana de Arte Moderna. De suas oito obras que integram a exposição, Homens trabalhando [A sombra] (1922), seu trabalho mais conhecido, tem excelente recepção na exposição. Nele, a pintora apresenta, de um lado, seis homens trabalhando, cujos corpos encurvados se desdobram em suas sombras, e, de outro, apenas uma sombra maior, imponente, que pode remeter a uma figura de poder. 

Empregando a técnica divisionista, cujo principal expoente é o pintor francês Georges Seurat (1859-1891), a tela se destaca por um azul vibrante, em contraste com diferentes tons de marrom presentes nos corpos e nas roupas dos trabalhadores. A crítica de arte Aracy Amaral (1930) considera o quadro como “uma das [obras] mais avançadas da semana” e reproduz alguns depoimentos sobre a semana, entre os quais o de Yan de Almeida Prado (1898-1987), que classifica as obras de Zina Aita como “o melhor da mostra em pintura”2.

Nessa época, a partir de sua aproximação com os modernistas paulistas, realiza ilustrações para a revista Klaxon. Sua produção permanece pouco conhecida, e grande parte de suas obras não é datada. Para alguns estudiosos, sua pintura desse período se aproxima do movimento art nouveau e do pós-impressionismo. Realiza mostra individual na livraria O Livro, em São Paulo, em março de 1922, e participa, no ano seguinte, do 1º Salão da Primavera, no Rio de Janeiro. 

Em 1924, muda-se para a Itália e reside em Nápoles, onde dirige uma fábrica de cerâmica. Nos seis anos seguintes, realiza estudos em Roma, Florença, Milão e Veneza. Na Itália, torna-se conhecida como ceramista, participando de diversas exposições coletivas. Em 1990, o Museu de Arte da Pampulha (MAP) apresenta a mostra Jeanne Milde, Zina Aita: 90 Anos.

Apesar de sua importância para a fundação do modernismo brasileiro, a obra de Zina Aita permanece desconhecida pelo grande público e pouco estudada pela crítica, o que dificulta a compreensão do papel da artista na nossa história. No entanto, percebe-se a originalidade indiscutível da pintora e seu desejo de retratar o Brasil, o que a torna, ao lado de Anita Malfatti e Tarsila do Amaral (1886-1973), uma das grandes pintoras brasileiras.

Notas

1. VIEIRA, Ivone Luzia. Exposições de arte moderna no Brasil do século XX: a dialética dos ciclos. In: Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, Salvador, 2007. Anais… Disponível em: http://www.cbha.art.br/coloquios/2006/pdf/40_XXVICBHA_Ivone%20Luzia%20Vieira.pdf. Acesso em: 18 set. 2021.

2. Apud VIEIRA, Ivone Luzia. Exposições de arte moderna no Brasil do século XX: a dialética dos ciclos. In: Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, Salvador, 2007. Anais… Disponível em: http://www.cbha.art.br/coloquios/2006/pdf/40_XXVICBHA_Ivone%20Luzia%20Vieira.pdf. Acesso em: 18 set. 2021.

Obras 4

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Reprodução Fotográfica Claudio Pulhesi

Friso

Guache sobre papel
Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini

Jardineiro

Óleo sobre tela
Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini

Sem Título

Aquarela

Exposições 30

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Fontes de pesquisa 16

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  • 100 obras-primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura. Curadoria Marta Rossetti Batista. São Paulo: IEB, 1993.
  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • AMARAL, Aracy. Artes plásticas na Semana de 22. 5. ed. São Paulo, SP: Editora 34, 1998.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
  • COLEÇÃO Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel. Poços de Caldas: Instituto Moreira Salles, 1993.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • FARIA, Ângela. Brasil comemora os 90 anos da Semana de 22, que contou com a presença da pintora mineira Zina Aita. Portal Uai, 12 fev. 2012. Disponível em: https://www.uai.com.br/app/noticia/e-mais/2012/02/13/noticia-e-mais,98767/brasil-comemora-os-90-anos-da-semana-de-22-que-contou-com-a-presenca-da-pintora-mineira-zina-aita.shtml. Acesso em: 18 set. 2021.
  • JEANNE Milde, Zina Aita: 90 anos. Belo Horizonte: Museu de Arte de Belo Horizonte, 1990. 36 p., il. p&b color.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • MUSEU DE ARTE MODERNA (SÃO PAULO, SP) (org.). Do modernismo à Bienal. São Paulo: MAM, 1982.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • RIBEIRO, Marília Andrés (org.); SILVA, Fernando Pedro da (org.). Um século de história das artes plásticas em Belo Horizonte. Belo Horizonte: C/Arte, 1997. (Centenário).
  • SCHENBERG, Mario. Pensando a arte. São Paulo: Nova Stella, 1988.
  • SOFFIATI, Arthur. Zina Aita, uma pintora esquecida. Folha 1, Campos dos Goytacazes, 28 jun. 2021. Disponível em: https://www.folha1.com.br/_conteudo/2021/06/artigos/1273508-arthur-soffiati--zina-aita-uma-pintora-esquecida.html. Acesso em: 18 set. 2021.
  • VENTURA, Alexandre. História da arte e Modernismo no Brasil – caso do “desaparecimento” de Zina Aita. Palácio das Artes 50, Belo Horizonte, [s.d.]. Disponível em: https://fcs.mg.gov.br/historia-da-arte-e-modernismo-no-brasil-caso-do-desaparecimento-de-zina-aita/. Acesso em: 18 set. 2021.

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