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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Francisco Nery

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.07.2024
1828 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
1866 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro

Telêmaco Ouvindo as Aventuras de Filictone
Francisco Nery
Óleo sobre tela

Francisco Antonio Nery (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1828 - idem 1866). Pintor. Aluno da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba) desde 1840, recebe em 1848 o prêmio de viagem ao exterior, com a tela O Lavrador nos Campos de Pharsalia, 1848. Viaja para à Itália, permanecendo em Livorno durante os meses da Revolução em Roma, para onde vai em ab...

Texto

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Francisco Antonio Nery (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1828 - idem 1866). Pintor. Aluno da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba) desde 1840, recebe em 1848 o prêmio de viagem ao exterior, com a tela O Lavrador nos Campos de Pharsalia, 1848. Viaja para à Itália, permanecendo em Livorno durante os meses da Revolução em Roma, para onde vai em abril de 1849. Lá, como pensionista, possivelmente freqüenta a Accademia Nazionale di San Luca, entre 1849 e 1851, quando produz a obra Telêmaco Ouvindo as Aventuras de Filocteles. Aprofunda a influência recebida no Brasil do purismo - movimento que prega o retorno à suposta pureza e simplicidade da pintura anterior a Raphael, próximo dos nazarenos na Alemanha e dos pré-rafaelitas, na Inglaterra. Torna-se, provavelmente, aluno de Tommaso Minardi, expoente do movimento, de quem pinta uma cópia do Retrato do Cavalleiro Minardi, Professor da Accademia di San Luca, em 1850, de Gaspare Landi. De volta ao Brasil, é professor do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. É nomeado professor da Aiba em 1863. Três anos depois falece em decorrência de uma grave doença mental.

Análise
Embora Francisco Nery seja um pintor de recursos limitados, como avalia o crítico Gonzaga Duque (1863-1911), obtém destaque no cenário artístico da Aiba, recebendo o prêmio de viagem ao exterior em 1848. Pintor de temas históricos e alegóricos, como determina a estética neoclássica do Império, Nery, assim como Victor Meirelles (1832-1913), seu contemporâneo, recebe influência do purismo italiano ainda no Brasil, através de professores estrangeiros como os escultores Luigi Giudice e Ferdinand Pettrich. Obras como Telêmaco Ouvindo as Aventuras de Filoctetes, 1849/1851, pertencente ao Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), atestam essa proximidade, sendo muito similares às composições de Tommaso Minardi, representante desse movimento, considerado pintor oficial da corte papal entre os anos 1850 e 1854, possivelmente seu professor em Roma. A temática, retirada das Aventuras de Telêmaco, de Fénelon, de 1699, centra a ação sobre os personagens principais da narrativa, condensando a cena em apenas duas figuras. A composição descarta os elementos contextuais, como modo de intensificar, segundo os preceitos do neoclassicismo, o conteúdo ético-moral representado: o triunfo da virtude, "quando simples, ingênua, sutil e modesta", sobre todas as coisas, simbolizado pela afeição de Filoctetes por Telêmaco. Ao gosto do purismo, o desenho mimetiza as características morais representadas: simplicidade, delicadeza e suavidade. A cópia do retrato de Tommaso Minardi, também pertencente ao acervo do MNBA, demonstra o apreço que o artista desenvolve pelo movimento, ao tomar o eminente professor como modelo. A obra de Nery demonstra a influência da arte italiana do século XIX sobre os artistas brasileiros, além daquela já bem documentada do academicismo francês.

Obras 2

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Exposições 7

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Fontes de pesquisa 14

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ACQUARONE, Francisco; VIEIRA, Adão de Queiroz. Primores da pintura no Brasil. 2.ed. [Rio de Janeiro]: [s.n.], 1942. v. 1.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
  • COLI, Jorge. Como estudar arte brasileira do século XIX? São Paulo: Editora Senac, 2005.
  • DAZZI, Camila. Relações Brasil-Itália na Arte do Segundo Oitocentos: estudo sobre Henrique Bernardelli (1880 a 1890). Campinas, SP: [s.n.], 2006. Orientador: Luciano Migliaccio. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Disponível em: [http://libdigi.unicamp.br/document/?view=vtls000381503].
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • DUQUE, Gonzaga. A arte brasileira: pintura e esculptura. Introdução Tadeu Chiarelli. Campinas: Mercado de Letras, 1995. (Arte: ensaios e documentos).
  • FENELON, François de Salignac de La Mothe. Les aventures de Télémaque. Paris : Garnier, 1987. Disponível em: [http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1014394].
  • FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • MORALES DE LOS RIOS FILHO, Adolfo. Grandjean de Montigny e a evolução da arte brasileira. Rio de Janeiro: Noite, 1941.
  • RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198).
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

Como citar

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