Daniel Bérard
Texto
François-Marie Daniel Bérard (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1846 – Maceió, Alagoas, 1910) [1]. Pintor e professor. Recebe pensão do imperador d. Pedro II (1825-1891) para estudar na Escola de Arte em Avignon, na França. Em 1873, frequenta a École de Beaux-Arts, em Marselha. Entre 1874 e 1882, vive em Paris e estuda com os pintores franceses Isidore Pils (1813-1875), Henri Lehmann (1814-1882) e Gustave Jacquet (1846-1909).
Nas décadas de 1870 e 1880, participa de diversas edições do Salon de Beaux-Arts, com o nome Léon-Daniel Bérard [2]. Em 1889, tem a tela A Abolição da Escravatura apresentada na Exposição Universal de Paris. Em 1891, assume o estúdio fotográfico de Niels Olsen (1843-1911), em Maceió, Alagoas, e prossegue como pintor de retratos. Em 1893, instala-se no Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco e, depois, transfere-se para o estúdio do fotógrafo francês Alfredo Ducasble. Torna-se retratista requisitado pela elite recifense. Na capital pernambucana, integra o grupo de artistas formado por Telles Júnior (1851-1914), Crispim do Amaral (1858-1911) e Frederico Ramos.
Em 1896, expõe no Salão Nacional de Belas Artes [3] e recebe boas críticas do Jornal do Commércio. Em 1897, é empossado na cadeira de professor de desenho figurado da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (antiga Academia Imperial) [4]. Adere ao projeto para formação da Associação de Aquarelistas e Pastelistas, em São Paulo. Em 1904, ao lado dos artistas Rodolfo Bernardelli (1852-1931), Rodolfo Amoedo (1857-1941) e Augusto Girardet (1855-1955), atua como jurado na seleção de novos selos dos Correios, em concurso vencido por Eliseu Visconti (1866-1944). Em 1910, é contratado para retratar o governador de Alagoas, Euclides Malta (1861-1944). Falece em Maceió, antes de terminar a encomenda [5].
Análise
Daniel Bérard participa do raro grupo de artistas que, durante o Segundo Reinado (1840-1889), recebe auxílio direto de d. Pedro II, contribuição vulgarmente conhecida como “bolsinho do imperador”.
À diferença de outros pintores beneficiários do subsídio, como Pedro Américo (1843-1905) e Almeida Júnior (1850-1899), Bérard prefere o retrato. O artista torna-se proeminente nessa modalidade e é aceito em quase todos salões franceses e exposições para os quais remete suas obras.
No retorno ao Brasil, após ingresso como professor da Escola Nacional de Belas Artes (antiga Academia Imperial), em 1896, sua carreira como retratista, firmada sobretudo no Rio de Janeiro, em Alagoas e em Recife, cai no esquecimento da crítica.
Notas
1. Diversos autores divergem quanto ao local de nascimento de Bérard. Alguns sugerem ser Recife; outros, Rio de Janeiro. Tomamos como base os dados impressos nos catálogos franceses do Salon de Beaux-Arts, ao qual o artista provavelmente forneceu essas informações.
2. Até o momento, não é possível ter acesso aos catálogos do salão francês dos anos de 1887, 1889 e 1890. Nos salões referentes a 1874, 1875, 1876 e 1888, não há referência ao artista.
3. Com as obras Retrato de Mme. B., Retrato do Sr. G. de O. e Busto de Menina.
4. A cadeira é ocupada anteriormente por Belmiro de Almeida (1858-1935).
5. Autores também divergem sobre a causa da morte de Bérard. Para uns, o artista é vítima de enfarte; para outros, de afogamento em um açude.
Exposições 3
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27/12/1995 - 1/5/1994
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6/4/2018 - 26/8/2017
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Como citar
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DANIEL Bérard.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa22628/daniel-berard. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7