Crispim do Amaral
![Pano de Boca do Teatro Amazonas, ca. 1894 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/000575001013.jpg)
Pano de Boca do Teatro Amazonas, 1894
Crispim do Amaral
Texto
Crispim do Amaral (Olinda, PE, 1858 - Rio de Janeiro, RJ, 1911). Desenhista, caricaturista, ilustrador, cenógrafo, decorador e pintor. Estuda em Recife com o pintor e cenógrafo francês Léon Chapelin. Aos 18 anos, parte para o Norte do país. Em Belém, Pará, trabalha como cenógrafo e decorador no Teatro Providência e, em seguida, no Teatro da Paz. Publica caricaturas na imprensa paraense, fortemente impulsionada pela litografia do desenhista alemão Karl Wiegandt (1841-1908). Edita e ilustra o jornal O Estafeta (1879), sob o pseudônimo Puck, e lança a revista A Semana Illustrada (1887). Convive com artistas italianos ativos no Pará, como Leone Righini (ca.1820-1884) e Luís Pignatelli. Entre 1894 e 1896 trabalha na decoração do Teatro Amazonas.
Em 1888, viaja a Paris com auxílio dos governos do Pará e Amazonas. Colabora como caricaturista no jornal Le Rire, onde publica a charge Dum-Dum! como crítica à guerra Anglo-Bôer. Pela publicação recebe uma reclamação do embaixador inglês e um processo na justiça francesa. Condenado a três anos de prisão, volta ao Brasil, fixa residência em Pernambuco e posteriormente no Rio de Janeiro. Executa cenários para operetas exibidas no Espaço Cinematógrafo Rio Branco.
É o primeiro diretor artístico do periódico O Malho (1902). Funda as revistas A Avenida (1903) – com a colaboração de Cardoso Jr. e Carlos Lenoir – e O Pau (1905), dedicada à crítica política local e internacional. Trabalha como caricaturista na revista O Século quando falece, em 1911.
Análise
Crispim do Amaral é autor de intensa produção que revela uma formação versátil e atenta às expectativas de seu tempo. Grande parte de seu trabalho resulta em obras efêmeras ligadas à cenografia ou à decoração, como as do Teatro da Paz, das quais resta apenas um pano de boca, com a Alegoria da República.
Em 1894, dedica-se à decoração do Teatro Amazonas, da qual resulta sua pintura mais conhecida, o pano de boca em que uma figura feminina repousa sobre as águas, rodeada por figuras semelhantes a zéfiros. Uma composição alegórica clássica que alude a aspectos da natureza local. Crispim coordena também toda a decoração interna do teatro e a estrutura do palco: pinturas, telões de cena, bastidores, construção das engrenagens para o maquinismo do palco e assentamento das cadeiras da plateia, além do frontão externo, onde figuram em baixo relevo as alegorias da ópera e da arquitetura.
Apesar da incerteza dos relatos, a charge Dum-Dum! constitui o episódio que o tornaria célebre em seu tempo. O artista representa a rainha Vitória como uma criança recebendo palmadas do general Kruger, líder bôer. O som “dum-dum” indicado na cena faz referência às balas explosivas utilizadas pelo exercito inglês durante a segunda guerra dos bôeres, em 1899.
Nos trabalhos de caricatura, poucas vezes abandona o desenho esmerado para entregar-se aos exageros próprios dessa linguagem. Morfeu I (1902) é um exemplar audacioso de sua produção, que em traços fortes representa o presidente Rodrigues Alves, recém-eleito, atravancado por uma vestimenta faustosa de imperador e apoiado sobre um tronco da escravidão.
Obras 1
Exposições 1
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25/8/1988 - 25/9/1988
Fontes de pesquisa 9
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- FONSECA, Joaquim da. Caricatura: a imagem gráfica do humor. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1999.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Pintores negros do oitocentos. São Paulo: MWM Motores Diesel Ltda. : Indústria Freios KNORR Ltda., 1988. [246 p.]. (Coleção MWM-IFK).
- LIMA, Herman. História da caricatura no Brasil III. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1963.
- SANTOS, Joel Rufino dos. A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. In: ARAÚJO, Emanoel (org.). A Mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo: Tenenge, 1988. p. 396-398
- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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CRISPIM do Amaral.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa22858/crispim-do-amaral. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7