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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Telles Júnior

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
1851 Brasil / Pernambuco / Recife
01.05.1914 Brasil / Pernambuco / Recife

Paisagem Pernambucana, 1895
Telles Júnior
Óleo sobre tela

Jerônimo José Telles Júnior (Recife 1851 - idem 1914). Pintor. Aos 16 anos, muda-se com a família para o Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Em 1869, em Porto Alegre, tem aulas de pintura com De Martino (1838 - 1912). Na capital gaúcha, trabalha como caixeiro de leilões. Em 1870, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde, seguindo os passos profiss...

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Biografia
Jerônimo José Telles Júnior (Recife 1851 - idem 1914). Pintor. Aos 16 anos, muda-se com a família para o Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Em 1869, em Porto Alegre, tem aulas de pintura com De Martino (1838 - 1912). Na capital gaúcha, trabalha como caixeiro de leilões. Em 1870, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde, seguindo os passos profissionais do pai, que era comandante de navios, ingressa como aprendiz no Arsenal da Marinha. Toma aulas de desenho na oficina da limagem e freqüenta o Liceu de Artes e Ofícios. Após um curto período de tempo, decide regressar a Pernambuco. No Recife, divide-se entre a pintura e o comércio, trabalhando como guarda-livros. Estuda fotografia com Joaquim José de Oliveira. Por volta de 1880, passa a se dedicar ao magistério, lecionando pintura e desenho na Sociedade dos Artistas, Mecânicos e Liberais e no Liceu de Artes e Ofícios, do qual torna-se sócio e, em 1890, diretor. Pelo liceu, organiza diversas exposições artísticas e industriais entre 1881 e 1888. Paralelamente, segue uma carreira política, com uma atuação voltada para a melhoria das condições de trabalho da classe operaria, elegendo-se membro do Conselho Municipal e, em 1891, deputado estadual. Em 1891 participa da Exposição Internacional de Chicago, nos Estados Unidos. Já artista maduro e reconhecido, começa a participar das Exposições Gerais de Belas-Artes no Rio de Janeiro a partir do final da década de 1890, tendo sido contemplado com menção honrosa e medalha de ouro.

Comentário Crítico
Pintor paisagista, dedica-se especialmente a retratar a natureza da região nordeste do Brasil. Consta que, por volta de 1868, em Porto Alegre, foi ajudante do pintor italiano De Martino (1838-1912) e, aluno de Agostinho da Motta (1824-1878) no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.

Segundo o historiador Teixeira Leite, o que Telles Junior menciona em suas memórias é que, em seu período de formação, admira o paisagista Agostinho da Motta e tenta imitar seu estilo. Outro artista que o teria influenciado é Aurélio de Figueiredo (1854 - 1916), com quem Telles Júnior trava contato em Recife, por ocasião de uma exposição de artes e indústrias realizada no Liceu.

Teixeira Leite elogia sua qualidade como paisagista e ressalta que ele não foi um pintor amador, mas um profissional.1 O crítico Walmir Ayala revela como a critica de seu tempo o considera um intérprete da paisagem nordestina, mencionando sua "matéria sólida, a técnica minuciosa, a atenção para detalhes mais rudes da paisagem interiorana".2

Em 1905, o escritor Oliveira Lima publica na imprensa um elogioso artigo sobre o artista, considerando-o pintor da mata pernambucana. A respeito de sua participação na Exposição Geral de Belas-Artes de 1906, Gonzaga-Duque faz reparos à obra apresentada: "Do paisagista pernambucano Telles Júnior, de quem se ocupou nesta revista, há um ano, o Sr. Oliveira Lima, encontramos um quadrinho que se nos afigura insuficiente para constatar o mérito que esse escritor lhe deu. O seu acabamento acusa maneirismo e, nos detalhes, vemos persistências que denotam dificuldades".3 Dois anos mais tarde, é premiado com medalha de ouro, mas, a partir de então, segue relativamente esquecido, produzindo no Recife.

Na década de 1920, é retomado por Gilberto Freyre, que quando criança teve aulas de desenho com o artista, que considera o pintor da paisagem tropical de Pernambuco. No Manifesto Regionalista, publicado em 1926, Gilberto Freyre menciona as pinturas de Telles Júnior, em que figuram altas palmeiras e coqueiros, e cita-o entre nomes como Joaquim Nabuco, Sílvio Romero, José de Alencar e Augusto dos Anjos como "grandes expressões nordestinas da cultura ou do espírito brasileiro".4

Em suas telas, como na obra Paisagem Pernambucana, de 1895, pertencente ao Museu Nacional de Belas-Artes, ressalta o aspecto rude da natureza, quase selvagem, a presença do matagal que domina a cena e em meio ao qual surgem estreitos caminhos de terra nos quais transitam pequenas figuras, quase imperceptíveis. O Museu do Estado de Pernambuco possui uma coleção de telas do artista, que também está representado no acervo do Museu de Arte Contemporânea do Ceará.

Notas
1 LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988. p.501.
2 AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Curitiba: UFPR, 1997. p. 393.
3 Publicado em 1906 na revista Kosmos e disponível no site http://www.dezenovevinte.net/artigos_imprensa/saloes_gd.htm
4 FREYRE, Gilberto. Manifesto Regionalista. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 1996, 7ª edição.

Obras 4

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Exposições 19

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Fontes de pesquisa 13

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
  • BRAGA, Theodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora, 1942.
  • CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • DUQUE, Gonzaga. Contemporâneos: pintores e esculptores. Rio de Janeiro: Tipografia Benedicto de Souza, 1929.
  • FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
  • FREYRE, Gilberto. Manifesto Regionalista. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 1996, 7ª edição.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LIMA, Oliveira. Coleção Telles Júnior. Recife: Museu do Estado de Pernambuco, 1942.
  • REIS JÚNIOR, José Maria dos. História da pintura no Brasil. Prefácio Oswaldo Teixeira. São Paulo: Leia, 1944.
  • RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198).

Como citar

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