Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Alberto Delpino

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 16.08.2024
10.08.1864 Brasil / Minas Gerais / Juiz de Fora
15.03.1942 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
Em 1911, participa da exposição Internacional de Turim com a pintura Perfil de Tiradentes, (1911). Desenvolve grande parte de sua produção em Minas Gerais, transferindo-se para Belo Horizonte em 1929.

Texto

Abrir módulo

Alberto André Feijó Delpino (Juiz de Fora, Minas Gerais, 18641 - Belo Horizonte, Minas Gerais, 1942). Pintor, desenhista, caricaturista, arquiteto, professor. Forma-se no curso de humanidades do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro. Em 1884, estuda desenho, pintura, escultura e arquitetura na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), com os professores Victor Meirelles (1832-1903), Pedro Américo (1843-1905), João Batista Pagani (1856-1891) e Georg Grimm (1846-1887). Em 1887, estreia na imprensa carioca publicando o retrato do pintor Antonio Parreiras (1860-1937) na revista A Semana. Viaja a estudos para a Europa e expõe no Salon de Paris em 1888. No mesmo ano, é indicado por Batista Pagani para substituí-lo na cadeira de desenho do Colégio Abílio, Barbacena, Minas Gerais. Também leciona em outros colégios mineiros por cerca de trinta anos. Filia-se ao Grupo Vermelho, de posicionamento republicano2, do qual fazem parte os artistas Artur Lucas (s.d.-1929), Bento  Barbosa (1866-?) e Isaltino Barbosa (1867-1935). Em 1900, estuda em Paris. Colabora como caricaturista em periódicos como O Diabo, O Mequetrefe, O Tagarela, O Espelho, entre outros, utilizando os pseudônimos Onipled, H. Silva, J. Faria, e Alpino Del Brito. Funda, em Barbacena, juntamente com Leon Renault, a revista literária O Mensal (1897).

Em 1911, participa da exposição Internacional de Turim com a pintura Perfil de Tiradentes, (1911). Desenvolve grande parte de sua produção em Minas Gerais, transferindo-se para Belo Horizonte em 1929.

Análise

A paisagem mineira é marcante na produção de Alberto Delpino que, para melhor apreendê-la, realiza uma excursão pelo Estado em 1890. Neste gênero, suas principais influências são as obras de Caron (1862-1892) e George Grimm, que incentiva seus alunos a observarem a natureza. Em Panorama de Mariana (1895), as gradações suaves de tons terrosos demonstram uma característica geral de suas paisagens: o registro de uma atmosfera.

As obras que o distinguem no cenário artístico são aquelas em que representa personagens regionais. O Tropeiro (1897), é recebido pela crítica como “um bom quadro de costumes nacionais”3 e conquista a medalha de ouro na Exposição Geral de 1897. Saudosa Marília(1907),  alusão ao poema Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1819), recebe a menção honrosa do 1º grau na Exposição Geral de 1907. O quadro traz a figura de uma mulher em luto, contrastando com um fundo de montanhas ensolaradas, tratadas com maior liberdade cromática.


O Perfil de Tiradentes (1911), torna-se um ícone do mártir da Inconfidência Mineira. Os limites do quadro circunscrevem a cabeça da figura, que tem o olhar fixo na paisagem. A corda ao pescoço é o atributo que permite a imediata identificação do personagem. Para o crítico Ruben Gill, com a pintura de Delpino, a figura de Tiradentes “readquiriu as suas características raciais, foi reconduzido à sua condição de natural da província estoica que se rebelou contra a Metrópole”. Por temas como estes, é chamado pelo mesmo crítico de o “pintor dos inconfidentes”4.

Notas

1. O crítico Martins de Andrade afirma que Delpino se declarava mineiro de Porto das Flores (Juiz de Fora). No entanto, levanta a hipótese de que o artista tenha nascido em Niterói, a 10 de agosto de 1868, baseando-se em artigos de jornal (O Correio de Minas, Juiz de Fora, 9 maio 1896) e em alguns catálogos de exposições da Escola Nacional de Belas Artes (1896, p. 9; e 1900). Cf. ANDRADE, Martins de. Vida e Obra de um Pintor (A. A. Delpino). Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte, v. 3, p. 202, 1948.

2. Defensor das ideias republicanas, Delpino recusa-se a receber das mãos do Imperador D. Pedro II a medalha de ouro concedida pelo júri da Exposição Geral de Belas Artes (Egba) pela pintura O Tropeiro, em 1897. O Imperador, no entanto, faz questão de entregá-la pessoalmente a Delpino durante uma aula no conservatório de Música. Na ocasião, Delpino teria saudado D. Pedro II como “grande imperador”. Cf. ANDRADE, Martins de. op.cit., p. 201-207.

3. DUQUE, Gonzaga. Contemporâneos: pintores e escultores. Rio de Janeiro: Benedicto de Souza, 1929. p. 161.

4. GILL, Ruben. O século boêmio. In: D. Casmurro, Rio de Janeiro, ano VII, n. 313,  p. 87. ago, 1943.

 

Exposições 41

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 20

Abrir módulo
  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ANDRADE, Martins de. Vida e Obra de um Pintor (A. A. Delpino). Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte, v. 3, 1948.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Rio de Janeiro: Spala, 1992. 2v.
  • BRAGA, Theodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora, 1942.
  • DELPINO. Semana Illustrada. Belo Horizonte, setembro, 1928.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • DUQUE, Gonzaga. Contemporâneos: pintores e esculptores. Rio de Janeiro: Tipografia Benedicto de Souza, 1929.
  • EXPOSIÇÃO de S. Luiz. O paiz. Rio de Janeiro, ano XX, nº 7069, 15 fev. 1904.
  • FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
  • GUIMARÃES, Argeu. História das artes plásticas no Brasil. Revista do Instituto Histórico e Geográphico Brasileiro, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, volume IX, p. 401-497, 1930. Número especial.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LIMA, Herman. História da caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1963. 4v.
  • O PAIZ. Rio de Janeiro, 14, mai 1927, p. 6. ano XLIII, N. 15.546.
  • O PAIZ. Rio de Janeiro, 26 nov 1929, p. 5, ano XLVI, n. 16.472 e 16.473.
  • RAFAEL, Gina Guedes ; SANTOS, Manuela (Orgs.). Jornais e revistas portuguesas do século XIX. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1988-2002, v. 2.
  • REIS JÚNIOR, José Maria dos. História da pintura no Brasil. Prefácio Oswaldo Teixeira. São Paulo: Leia, 1944.
  • RIBEIRO, Marília Andrés (org.); SILVA, Fernando Pedro da (org.). Um século de história das artes plásticas em Belo Horizonte. Belo Horizonte: C/Arte, 1997. (Centenário).
  • RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198).
  • SALÃO GLOBAL DE INVERNO, 6. , 1979, Belo Horizonte, MG. 6º Salão Global de Inverno. Belo Horizonte: Fundação Clóvis Salgado, 1979.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: